3.08.2015

Há mulheres


Adoro ser mulher. A sensibilidade, o instinto. Adoro ser mãe. A fonte geradora de vida, a dádiva, a entrega. Adoro ser filha. A memória, o cheiro, o eterno obrigada. Adoro ser namorada. Respeitada, amada, surpreendida. Não sinto o preconceito na pele, não me sinto discriminada, mas também sei que a realidade da grande maioria das mulheres não é a minha. Mas se calhar calço poucas vezes os sapatos dessas mulheres. Hoje aproveito a ocasião para fazê-lo. Porque...
Há mulheres que não são nem querem ser mães e são vistas como pessoas egoístas.

Há mulheres que querem ser mães e não conseguem.

Há mulheres que saem de casa às seis e meia da manhã e chegam a casa já à noite, sem terem tempo de serem mães.

Há mulheres que são obrigadas a serem-no, muito antes do tempo.

Há mulheres que vivem caladas, com medo.

Há mulheres que sorriem mas por dentro já morreram.

Há mulheres que amam mulheres e que enfrentam o peso do mundo.

Há mulheres que por serem bonitas, "não têm nada na cabeça".

Há mulheres que por serem gordas, "nunca vão ter ninguém".

Há mulheres que vivem com mulheres a quem não lhes dão o direito de serem mães, já o sendo.

Há mulheres mais velhas que namoram com homens mais novos e que são julgadas, com um simples olhar.

Há mulheres que trabalham muito e não são devidamente recompensadas. 

Há mulheres que já perderam há muito a vontade de sonhar.

Há mulheres a quem exigem tanto que se esquecem de ser mulheres.

Há mulheres que abdicam de si e se anulam, em prol de outros.

 

Para todas estas super mulheres, a minha homenagem. Que a vossa voz seja ouvida. Que todas juntas possamos mudar as vossas vidas.

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