Para quem acompanha o blog, foi sabendo (nunca escondo nada) que o meu regresso ao trabalho estava a deixar-me muito ansiosa e triste. "Separar-me" da Irene, deixar de estar 100% presente em tudo o que ela faz, saber que o tempo não volta para trás, etc.
Amanhã conto-vos mais ao pormenor (está tudo louco para saber, não está?) como aconteceu tudo na prática e na minha cabeça. Hoje, porém, queria deixar-vos - ao contrário do que tem acontecido (sorry) - coisas positivas sobre o regresso ao trabalho. Não estou a abrilhantar nada, é mesmo o que sinto.
Voltar a ter vontade de me arranjar.
Sejamos vaidosas ou não, o facto de passarmos muito tempo em casa e só com o nosso filho faz com que nos tornemos um pouco mais preguiçosas ou, vá, práticas. Para ir "ali ao jardim" não me apetecia propriamente maquilhar ou, às vezes, até tomar banho. Agora voltei a ter a minha rotina até está estabeleci o domingo para dia de esfoliante e máscara hidratante. São mariquices que fazem toda a diferença e vocês sabem disto. Tenho-me maquilhado todos os dias (menos na sexta que era maquilhar-me ou tomar o pequeno almoço em família) e tenho adorado escolher a roupa no dia anterior e trocar malas para condizer.
Voltar a comunicar com pessoas.
Claro que comunicava antes, mas é diferente de chegar ao trabalho e ter 17 pessoas (não me apetece contar) que façam de público para as minhas palhaçadas e vice-versa. É giro voltar a almoçar em grupo, voltar a saber da vida das outras pessoas e não ter que ter um "olho no burro e outro no cigano" por termos sempre a bebé possivelmente a atirar-se à ração dos gatos.
Voltar a ter glúteos.
O meu corpo está mais mole que um arroz demasiado cozido. Praticamente parecia uma anémona ou uma ameba. Com uma semana a subir ruas e escadas (vou de transportes) desde o Rossio até ao Chiado e vice-versa, acho que voltei a ter um músculo na perna. Glúteos vão demorar muito mais tempo, eu sei, mas gémeos já começam a aparecer.
Estar silenciosamente muito ocupada.
De repente tenho um milhão de mails para responder e escrever. Telefonemas, pessoas com quem falar, eventos para distribuir, planear, etc. A melhor diferença é que não tenho de fazê-lo enquanto respondo que "sim é um hipopótamo". Sinto que a minha cabeça agora está de férias e que posso potenciar justamente os 2% do meu cérebro que ainda uso.
Estar 100% presente quando estou em casa.
A Irene agora está menos tempo com a mãe. E, apesar da mãe estar cansada, estamos as duas juntas a 100%. A mãe agora larga o telemóvel mais vezes. A mãe deita-se mais vezes na cama para lhe dar beijinhos no corpo e dizer que cheira a bebé cozido, tem mais paciência para lhe dar o jantar, para a por a dormir, para lhe dar banho e brincar com ela...
Sinto-me apaixonada e grata o dia inteiro.
Ser mãe a tempo inteiro é um máximo, é mágico mas ficamos facilmente adormecidas pelo cansaço, pela rotina, pela "solidão". Temos momentos muito muito intensos todos os dias, é verdade, mas a saudade é especial. A saudade faz-nos ter corações nos olhos o dia inteiro e que eles dupliquem quando chegamos a casa.
Há coisas boas nisto de voltar ao trabalho. Seja como for, concordo muito com esta imagem: