Para mim, a vida não é um ensaio. Gosto de viver a valer, de sentir a valer. Sou mais de fazer do que de pensar. E talvez por isso goste de aproveitar todos os segundos e gosto que eles sejam um bocadinho imprevisíveis, mesmo sendo mãe. Gosto de dizer que sou um bocadinho hippie, no sentido em que me aventuro bastante e que não sou sempre fiel às rotinas. Gosto de decidir coisas naquele minuto, quase por impulso. Até agora tenho-me saído bem. Nunca me arrependi de ter ido, de ter feito, de ter experimentado coisas com a minha filha. Não gosto de exageros, não lido bem com eles. Gosto de aventura, q.b. e gosto de tranquilidade, q.b. Acho que a minha filha se tem habituado a esse modo de viver e está feliz assim. Sinto-a segura, alegre, inteligente, bem-disposta, meiga. Se estou ou não a fazer um bom trabalho, nunca se sabe, o tempo o dirá. Se este é o caminho correcto, não faço ideia, mas é o que estou a arriscar seguir.
A minha filha está em primeiro lugar, mas eu também estou. Por isso, tento encontrar um equilíbrio entre o que é bom para ela e lhe faz bem e aquilo que é bom para mim e me faz bem.
Ela não vai todos os dias para a cama à hora exacta. E há, de vez em quando, dias de festa.
Ela não toma banho todos os dias. Às vezes escapa.
Ela não dorme todos os dias na mesma cama. Já dormiu em pelo menos 7 camas diferentes, de norte a sul de Portugal.
Ela não dorme a sesta sempre à mesma hora. E houve um dia em que nem dormiu.
Ela não come todos os dias comida fresca e saudável. Já comeu douradinhos, croquetes e já provou arroz doce e croissant.
Ela não adormece todos os dias na cama dela. Há dias em que me pede colinho e eu dou – sempre - e há dias em que quem quer colinho sou eu.
Ela não come à mesa todos os dias. Nem nós.
Cá em casa há regras e não há. Há, porque isso lhe transmite segurança, conforto e a ajuda a crescer com autonomia. Não há, porque nos vamos moldando ao dia, à hora, à situação, às necessidades. Minhas e dela. Nossas. Sempre com uns rasgos de improviso, com “uma vez não são vezes”, sem dramas, sem sentimentos de culpa.
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