Se há coisa que nos deixa a respirar fundo e a sentir que fizemos a escolha certa é encontrar A Escola para os nossos filhos. Quando digo escola, digo infantário, digo creche. As minhas filhas têm 4 e 2 anos e há um ano e dois meses que estão na escola com que mais me identifico até ao momento. Haverá melhores, muito possivelmente, e isso será sempre muito subjectivo. Neste momento, é a melhor para elas, dentro dos factores possíveis.
A escolha da escola terá, quanto a mim, mais tópicos a considerar do que o local onde nos dá mais jeito, o orçamento ou a facilidade com que terá vaga. Claro que se faz o que se pode e o que se sabe. Eu nem sempre tive esta abertura, preocupação e nunca ninguém me ajudou a encontrar algo que me enchesse as medidas. Nem eu sabia quais seriam as minhas medidas. Na mudança de Santarém para Lisboa, procurei alternativas. E, graças a uma psicóloga amiga de amiga (obrigada Joana), cheguei a esta escola. Tenho mesmo pena de não vos poder dizer qual é, mas é das coisas que eu prezo por aqui: nem dou morada de casa nem nome da escola. Mas posso falar-vos do modelo. E dizer-vos que é uma IPSS.
A escola das minhas filhas inspira-se na filosofia Movimento Escola Moderna. Já ouviram falar? Se calhar se vos falar da famosa Escola da Ponte, em Vila das Aves, já identificam. A ideia foi substituir a hierarquia no conhecimento (professor; alunos), adquirido de forma passiva, por um ambiente fortemente comunitário, onde a cooperação e a livre expressão fossem os principais valores, respeitando a individualidade das crianças e incentivando o espírito crítico. A Isabel já tem conselhos de turma, onde decidem TODOS as actividades e planos. A aprendizagem baseia-se em Projectos que partem da curiosidade deles. Isto pode parecer complexo para crianças de 4 anos, mas acreditem que não é nada. Vou dar um exemplo: vão ao Oceanário no próximo mês; então o projecto actual é sobre o Peixe Lua. Um grupo tem de investigar para descobrir as questões às perguntas que os próprios se colocaram. Um dia chegou a casa a explicar-me que o peixe lua tem esse nome por ter a forma circular e vinha toda entusiasmada porque era enorme e chega a pesar 900kgs. Esta procura pela informação dá-lhes autonomia e torna-os desenvoltos, curiosos, aposta na comunicação entre todos (e com os pais, em casa), além de todos colaborarem, da sua forma. Gosto muito! Muito mesmo! Fazem muitos trabalhos manuais, muitas histórias, muita brincadeira e também muitos passeios. CCB (vão já amanhã e já foram imensas vezes), teatro S.Luiz, pavilhão do conhecimento, circo, teatros (a Luísa foi na 2a ao S.Jorge), Gulbenkian... passeiam imenso!
E muitas outras coisas: os pais podem entrar quando quiserem, assistir, ir à cozinha. Há período de adaptação (já passámos por uma escola que não tinha e exigia horários 9h-16h muito extensos, do meu ponto de vista, para quem ali está pela primeira vez e não conhece ninguém...), o que foi fundamental para a adaptação da Luísa (para a Isabel, é um bocado indiferente porque ela NUNCA estranha a entrada em escolas diferentes e quer logo ficar a almoçar e lanchar e tudo). Mas todas as crianças são diferentes e é bom que nos adaptemos a isso.
É um alívio enorme! Se eu visitasse as instalações, que são velhotas, e não soubesse de todo o trabalho e filosofia, não diria que era A Escola das minhas filhas.
E, à partida, se possível, já decidimos que queremos continuar com o MEM até ao 4. ano, noutra escola (só porque ainda não sei se haverá outras para o segundo ciclo). Uma vez perguntaram-me: “então mas e depois a adaptação a um ensino mais tradicional não vai ser mais difícil?” Sinceramente, penso que não. Mas também não as privaria de algo que sinto completamente benéfico em função do que pode vir a ser o futuro. Acho mesmo que esta base é maravilhosa e que trará frutos, independentemente das escolas por onde venham a ter.
Já escrevi mais sobre a escola das miúdas aqui. 😍