9.10.2019

Vocês lembram-se do bullying na escola?

No outro dia, a passear pelo instagram - faço-o mais do que gostaria, ainda que tenha um lembrete de quando passaram 15 minutos no total - dei com uma publicação de uma comediante sobre o bullying e o regresso às aulas. 

Reparo que os "crescidos" estão sempre a dizer para "aproveitarem agora porque depois só vais ter saudades porque vai haver muitas responsabilidades", etc, mas que isso não nos faça esquecer do quão difícil foi para nós ou para outros miúdos que andaram na escola connosco. 

Já falei sobre bullying num post anterior em que um pai, por a rapariga ter sido bully na escola, a obrigou a ir a pé até à mesma (não era só assim a história), filmando-a. Aí podem saber melhor a minha opinião que empatizo com todos os lugares da dinâmica, achando que se pode resolver a médio longo prazo com atenção, amor, disponibilidade e não com castigos e afins. Mas obviamente que não vi e não vivi tudo. Talvez se fosse professora de determinados alunos mudasse de opinião, não sei. Duvido, mas não sei. 

Aproveito para vos falar desta série que ou já viram ou já evitaram ver mas que além de talvez nos relembrar determinadas coisas do liceu, que nos relembra a olhar mais para o outro para o perceber e fugirmos da dicotomia fácil da etiquetação primária de "bom ou mau" - 13 Reasons Why. 

A Irene está numa turma mista e no ano passado era das mais novas. Este ano é das mais velhas e está muito feliz com isso. Quando lhe relembrei disso pela primeira vez, os olhos dela iluminaram-se e o peito encheu-se de orgulho. Foi tão bonito de ver. "Já sei como vou motivá-la para ir para as aulas, que bom", pensei.

Depois, quando li esta publicação que a Sarah Silverman fez repost...



E pus-me a pensar: é bom que ela esteja orgulhosa, mas o ano passado dela foi complicado. Havia algumas raparigas que, como é expectável, algumas vezes sacavam dos galões (penso sempre em galos grandes) para impôr respeito ou território com essa cartada. Tentei relembrar-lhe do que sentiu e em vez de apenas lhe puxar a vaidade de ser das mais velhas, fazê-la lembrar-se da responsabilidade que isso traz e do quanto ela pode mudar a sensação dos meninos novos da sala, para que nenhum sinta o que ela sentiu no ano anterior.  

Isto porquê? Eu sei que a minha filha é um amor. Obviamente que é a miúda mais amorosa do mundo, mas este tipo de comportamentos são expectáveis e, até algum ponto, necessários. Às vezes é necessário que imponham respeito, ganhem espaço ou metam medo, tem que ser. Mas que o seja de forma aceitável e pertinente. Neste caso, quando ela o fizer, vai pensar duas vezes, espero. Vai perceber o que está a fazer e talvez ver na cara de quem o está a ouvir, o que lhe está a provocar. 

A Irene pode ser bully. Todos somos às vezes ou fomos ou vamos ser, mas nada como tentar passar-lhe o que seria mais acertado. 

Começar de pequenos. Estão comigo? 



Aproveito para vos relembrar que agora também temos um podcast (em que falamos de tudo menos de maternidade) e que já está disponível nos Podcasts Apple, Anchor FM, SoundCloud e aqui, no Spotify:


Para além disso, temos também um vídeo novo sobre as 5 piores coisas da gravidez, já viram?


Subscrevam o nosso canal e, já agora, último lembrete de hoje:

continuam abertas as inscrições de marcas para a segunda vaga do projecto “a Mãe é que sabe ajudar”, um projecto que visa ajudar mães nos primeiros momentos mais desafiantes da maternidade, oferecendo tempo e prendas úteis. Enviem-nós um e-mail para amaeequeasabeblog@gmail.com que responderemos com os detalhes de participação. Para já fechamos um parceiro repetente, a AEG com mais 1500€ em electrodomésticos e mais uma marca de automóveis que vai emprestar um carro familiar óptimo durante uma semana com o depósito cheio. Passem a palavra a amigas e amigos vossos que trabalhem em sítios interessantes e bora lá 💪🏻.

4 comentários:

  1. Esta semana a minha filha regressou à escolinha. Ela está contente por já estar mais crescida e eu ontem tive a mesma reflexão acerca das crianças mais pequenas que entraram. Que queria falar com ela sobre a importância de acolher os mais pequenos (na idade) e que são novos na escola. Acredito que a empatia seja realmente uma competência muito valiosa a lhes ser ensinada ;)

    ResponderEliminar
  2. Sobre este tema mas não diretamente, gostaria de perguntar como tem sido a vossa experiência em turmas mistas. O meu filho anda na turma dos 4 anos e é o mais novo (aluno condicional) e eventualmente gostaríamos de o colocar na escola da nossa zona (ensino público) mas faz-me "confusão" as turmas mistas. Sendo ele aluno condicional (faz anos após 15 de Setembro) muito provavelmente só entrará no primeiro ano com os 6 anos feitos quase sete anos. Como é que se concilia/trabalha com uma turma onde existem crianças com 3 anos e crianças com quase 7 anos? Vejo muitas vantagens para as crianças mais novas que usam os mais velhos como bons exemplos mas e relativamente às crianças mais velhas da turma? Não ficam "infantilizadas" por estarem com os "bébés"? Ou o sentimento de responsabilidade, de darem os bons exemplos aos mais pequenos prevalece? Obrigada, Joana Silva

    ResponderEliminar
  3. Não é de todo positivo,nem benéfico para os alunos estarem em turmas com idades, ritmos e maturidade diferentes.Se pensarem nisso, só acontece porque é no público,para poupar recursos humanos e principalmente porque não existe número mínimo de alunos para constituir turmas.Mesmo no 1ciclo é horrível juntarem 2 anos de escolaridade, só acontece pelas mesmas razões alencadas.Por muitos argumentos...nada é realista...por isso existem anos de escolaridade... planificações específicas,etapas e metas que vão ao encontro das idades...Não está contemplado turmas mistas em lado nenhum... só segundo os argumentos previstos...falta de recursos...

    ResponderEliminar
  4. Pode não concordar mas a sua opinião é infundada. Há pedagogias muito famosas e com óptimo resultados que defendem as turmas mistas (montessori, mem, et.). Aceito que a razão no público é, na maioria das vezes, económico (sendo que a escola da ponte é um exemplo de turmas mistas por razões pedagógicas), mas há imensas razões para que seja feito. E de forma a potenciar o desenvolvimento de todas as faixas etárias.
    Exige um trabalho e um investimento diferente dos professores mas pode ser excelente para as crianças envolvidas.

    ResponderEliminar