Sendo que "possível" aqui é a palavra chave. Todas nós temos desafios que poderão ser invisíveis aos olhos dos outros e que nos impedem de atingir aquele grau de perfeição/satisfação, o que for. Eu abrigo-me dentro da ideia de querer que a Irene conheça a "imperfeição" para ter espaço para ela mesma não se pressionar assim: a mãe às vezes suja tudo, a mãe esquece-se de coisas...
E ultimamente vim a reparar que a minha vida estava a voltar a ser um drama enorme. O pouco tempo que tinhamos de manhã estava repleto de discussões constantes, o deitar era um stress enorme, ir buscá-la à escola, deixá-la... Não havia nada que não fosse difícil e que não me consumisse. Consumia-me e quando me passava a "neura", sentia-me culpada por não ter agido melhor mas no dia seguinte era a mesma coisa.
Sem paciência nenhuma para a adormecer, sem paciência para os 38 pedidos de manhã antes de sair para a escola, sem paciência para dar o jantar com imensa conversa pelo meio e a adormecer na cama dela, sem ter tempo para mim. Acabando o meu dia por volta das 21h30 e acordando novamente stressada.
Estive assim tempo demais. Até, na semana passada, ter tido um ataque de choro depois de ter deixado a Irene na escola. Estava exausta, farta e infeliz. E fiz um zoom out. "O que é que se passa, Joana?".
O que se passava? É simples.
Mesmo acordando antes da Irene, não tinha tempo para fazer "tudo" com calma. Com ela a acordar e eu ainda meia por despachar punha-a a ver televisão o que faz com que coma o pequeno-almoço mais devagar. Nem nos dá "tempo para estarmos juntas". Cada segundo que passa é mais um segundo para chegarmos atrasadas e, pelo meio, uma miúda que foi apressada a manhã toda começa a deixar de ser tão cooperante. A mãe, irritada, stressada e exausta, faz birras.
Deixar a miúda na esccola também não era pacífico. Estamos as duas stressadíssimas e nenhuma sente que está a ter o que quer e precisa. Não há tempo para a "largar com calma" como ambas preferimos.
Passava o dia sem me conseguir concentrar e organizar. Parecendo que "não havia trabalho" mas por estar no meu registo de mínimo. Tinha só o modo "executar pedidos" e pronto.
Ia buscar a Irene à escola e começava o stress: querer cozinhar e ter a miúda a tocar mil instrumentos musicais, dar jantar no meio da loucura dela, adormecer no meio dos tais pedidos...
Os dias estavam a ser... horríveis. Estava cansada, mas não passava por dormir mais porque até me deitava às 21h30.
- Reparei que não jantava por não ter fome quando lhe estava a dar a comida e depois adormecer.
- Almoçava no bar da empresa e, por não gostar da comida, fazia sempre refeições fracas ou com pouca variedade.
- Não bebia água, 0.
Como espero que o meu corpo (cérebro incluído) funcione se não lhe dou o combustível que ele precisa? É normal que comece a ficar mais depressiva, cansada, impaciente...
Tive oportunidade de - neste timing - ir a uma clínica onde trabalha uma amiga em Lisboa e fiz umas análises (sem picar, apenas por as mãos e os pés numa espécie de painéis) que deram resultados que me deixaram ainda mais motivada: tenho falta de vitaminas do complexo B, desidratadíssima, o fígado podia estar melhor, etc...
Ainda não tive o plano para seguir para ficar toda saudável com estas análises mas já comecei o que posso por mim (sem indicação de ninguém) e - talvez seja placebo - senti os efeitos logo.
Comecei a tomar umas vitaminas que tinha lá em casa da última vez que me senti assim, beber muita mais água e comer sopa a todas as refeições. Sinto-me melhor. E até pus o despertador para mais cedo e deixei-me de "merdas" e comecei a acordar a Irene mais cedo também.
Depois dou-vos updates em relação ao plano, sempre que tiver algo giro para dizer, mas queria só deixar-vos este "alerta".
Andam a comer bem?
Todas conseguimos chegar à conclusão que o tipo de comida que comemos muda muuuito a nossa disposição e energia, não é? Porque é que não estamos mais atentas a isto?
Fotografia - Yellow Savages
Roupa - Little Jack
♡
Joana, deixou o ginásio e o melhor PT do mundo? Acho que estava numa fase tão positiva (ou, pelo menos, era o que transparecia aqui no blog) e, parecendo que não, pode estar a fazer-lhe falta.
ResponderEliminarTalvez pareça um contrassenso quando acaba de dizer que não tem tempo mas nem que seja nos dias em que a Irene vai para o pai (muitos ou poucos são acima de 0!), faça esse esforço. Eu acredito que a ajudará.
Força, não é a melhor fase da sua vida mas vai deixar alguns ensinamentos. Bj
Ola Joana! Que teste foi esse? Como se chama? Obrigada!
ResponderEliminarA alimentação influência o nosso bem-estar, o nosso corpo, a nossa mente, a nossa resistência. Mas não acredito que a falta de paciência que contas seja devido a falta de vitaminas... A repetição de tarefas, o segurar o barco sozinha, o lidar com birras, cansa. Tudo cansa. A paciência fica consumida. A frustração de as coisas não quererem como queremos. O adormecer crianças que lutam contra o sono é chato. Deixem-se de romantismos. Ouvir um filho nosso a chorar a lutar é mau. Todos os dias é mau.
ResponderEliminarAs birras vão mudando com o tempo, mas não desaparecem com o crescimento.
Busca algo para ti,que te faça bem. Porque as vitaminas não dão ombro quando precisas...
Beijinho de força
Uau, um post a dizer que se deve beber água. Obrigada, estava a precisar de ir beber um bocadinho sim.
ResponderEliminarÉ nós estávamos a precisar do teu comentário idiota!
EliminarQuerida Joana, acho que nunca comentei. Faço-o hoje porque o “ataque de choro” que relatas quase me deu hoje (é só me contive - sei lá com que forças - porque estava sob enorme pressão no trabalho e tinha que “andar”). Em boa hora te li e me ajudaste, também, a fazer zoom out: não tenho estado disponível para as minhas miúdas, nem para mim mesma. Um grande beijinho, força no teu plano!
ResponderEliminarIsabel
So true. Identifico me em cada frase. Como somos um piloto automático para chegar a todas as tarefas, não falhar nenhuma ou melhor deixamos nos programar assim.
ResponderEliminarSão danos penosos que ficam dia a dia
Somos seres humanos porra!
Terei que agradar alguém.? Sim a mim mesma e neste momento não me agrada nada está agitação em que vivo.
Sem qualidade para mim e para os meus 2 crias, que levam "com o embrulho" todos os dias, embora há dias que não facilitam... Não há calma/tolerância e sim uma explosão por tudo.
Obrigada Joana pela partilha...
Olá Joana! Também sou mãe ´sozinha´ e a minha filha tem 2 anos. Vim aqui só para te agradecer estes desabafos. Ajudam muito quem está a passar por o mesmo e saber que não sou louca. Também fiz algumas alterações na minha saúde e até adotei um hobby novo. Apesar de ainda ter manhãs loucas e horas de jantar de filme, ao fim do dia consigo-me rir das figuras que faço e sentir gratidão. É dificil! Obrigada pela partilha!
ResponderEliminarAss: Mãe que foi a correr deixar a filha na creche e deixou o porta bagagens completamente aberto cheio de pacotes de fraldas (estavam em promoçao) pois faço stock e só consigo levar a filha ao colo e um pacote de cada vez para casa :)
Olá,
ResponderEliminarconsidero a gestão do tempo, algo fantástico e as rotinas matinais ajudam. Apesar de ser casada e ter uma filha com quase 12 anos, estabeleci uma rotina matinal só para mim. Aqui fica: levanto-me por volta das 6.45 (manhã). Tiro o pão do congelador para fazer os lanches do pai e da filha. Vou tomar banho. Às 07.10 da manhã estou despachada e preparo os lanches, arrumo nas mochilas...ups! já são 07.20. Chamo cada um deles (pai vai para o banho e filha vai tomar o pequeno almoço, que ainda preparo entretanto). Tomo o meu pequeno almoço com a filha e por fim, faço as camas, ajudo na escolha da roupa dos dois...pergunto se lavou os dentes, pôs créme, enquanto me visto ou seco o cabelo...Reclamo: bora lá que são 07.50. Às 07.52 saímos de casa porque há quem tenha aulas às 08.15 e como não é ao pé de casa (temos de ir de carro) há que despachar, descer 8 andares...e por fim diretos à escola. E pronto...esta é a minha rotina. Se funciona? Sim funciona muito bem :). Força.
Honesta e construtivamente, e espero não estar a intrometer indevidamente numa dinâmica familiar, mas a minha veia igualitária está a pulsar, calculo (espero!) que haja um motivo racional ponderoso para que seja a mãe sozinha a levantar-se mais cedo e a ter de também preparar o lanche e a roupa do pai.
EliminarRotina matinal só para si??? Chama-se escravidão!
EliminarPorque é que escolhe a roupa do seu marido?
EliminarTem portanto dois filhos para despachar de manhã e é mãe solteira?... fica parva com estas realidades.
EliminarEspetacular. Ainda bem que já estamos no século xxi, ou ainda não tinha reparado?
EliminarEu acho que a anónima escolhe a roupa do marido porque quer. E isso é com ela, aliás até diz e bem que funciona, não se queixou pois não? Mas pronto isso é escravidão... o marido até pode ser daltónico e precisar de ajuda (por acaso acontecia com o meu pai), ou ter mau gosto, ou a senhora pode querer escolher só porque sim.
ResponderEliminarMenos agressividade com as escolhas dos outros :)
Outra anónima
Não se trata de agressividade. Trata-se de estranheza. Mas eu imagino por exemplo o marido trabalha à noite ou tem vários trabalhos e por isso não tem tanta disponibilidade e a mulher apoia-o.
EliminarAh mas este comentário não era para si, a sua resposta não foi nada agressiva :) Foi para os que se seguiram em tom de horror !!!
EliminarPor exemplo, a senhora em questão pode ser extremamente controladora e nem sequer deixar o marido escolher a roupa, e agora? Quem é o escravo?
Agora foi só uma piada ;) não precisam de me achincalhar
A mim também me causa estranheza, achei a sua pergunta pertinente, e sem insultar ninguém gratuitamente :)
Anónima Catarina ( que comentou a pouco como Outra Anomina)