(as que me lembro - se calhar as datas não estão certas - e conto)
10º ano - decidir entre humanidades e ciências
Foi tão difícil. Queria ir para ciências que é o "lado do pai" e que eu tanto gostava (à excepção da matérias dos vulcões, já sabemos, mãe) e que até acho que tinha algum jeito. Matemática (uma das minhas professoras lê o blog e poderá desmentir), mas tendo jeito ou não, quando encarrilhava no que era para perceber, dava-me um gozo enorme fazer tudo direitinho. E depois o lado das humanidades (o lado da mãe): inglês era fácil para mim, francês interessava-me e era boa a falar e gostava das aulas de português... Fui em frente de olhos fechados e escolhi o que me pareceu mais fácil: humanidades (acho que já repararam).
11ºano - decidir ir morar para a casa do Pai em Lisboa
Ui que foi tão difícil. Ainda por cima tinha um dos meus irmãos, o Pedro, que é como se fosse... sim, uma espécie de filho (temos 10 anos de diferença) e sabia que ia perder todos os segundos de crescimento dele. Dizer à mãe foi doloroso (para ambas, claro) e deixar de ver o irmão com a frequência do costume foi horrível. Fiz várias listas de prós e contras, mas faltava-me muito a coragem. Muito. Não queria que ninguém sofresse por minha causa.
Faculdade - decidir voltar para a casa da Mãe.
Aqui já era uma questão de "orgulho" e "vergonha". Depois de ter causado tanta dor, voltar a pedir para voltar para casa. Tive de me encurralar e de contar ao meu irmãozinho (antes de contar a mim própria até): "a mana vai voltar para casa".
Acabar com uma das relações amorosas mais marcantes da minha vida.
O meu primeiro grande amor e sua família. Aquele meu primeiro grande amor que se misturava com o meu sangue. Que sentia que tínhamos crescido juntos e aprendido juntos. Em que fui adoptada pela sua família, em que as suas irmãs eram minhas e os seus pais eram meus tios. Tive de acabar e doeu. Era infeliz. Infeliz ao ponto de ter que o fazer.
Escolher entre uma profissão que me permitia viajar pela Europa inteira e em que era bem paga e um estágio na Mega FM (agora Mega Hits)
Foi complicado para mim. Nunca tinha sonhado com fazer rádio, mas enviei o currículo para a minha rádio preferida da altura. E a outra oferta era simplesmente o que qualquer outra miúda da minha idade adoraria ter... Confesso que tinha muito medo de viajar sozinha, de sair "de cá" (e na altura nem tinha nenhuma relação que me prendesse grandemente) e a Mega parecia-me estranhamente confortável. Mesmo assim, ainda anos depois, fui recebendo e-mails a convidar-me para dar uma hipótese ao outro trabalho.
Pedir para sair da RFM e voltar para a Mega Hits
Depois de ter tido a oportunidade de apresentar o programa de rádio na rádio com maior audiência (só para perceberem a coisa haha) de Portugal, pedi para voltar para a rádio onde tinha crescido. Decidi que não era o número de pessoas a ouvir que me satisfazia mas o que sentia quando ia trabalhar e isso era na Mega.
Casar com o pai da Irene
O pai da Irene simbolizava para mim o contrário. A certeza no meio de tudo o que questiono. Uma pessoa que apontava o caminho e que me ajudava a deixar de pensar tanto. Alguém que me faria descansar e não ter que lutar contra mais nada.
Decidir ter a Irene
Era o passo natural a seguir. E parecia a altura certa. Nada me andava a saber a nada e a vida parecia estar a pedi-lo. Era o que o pai da Irene mais queria e comecei a construir a narrativa na cabeça. Agradava-me, muito. Num impulso - depois de meses a sonhar com isso - decidi.
Decidir sair das manhãs da Mega Hits
Cansada de acordar tão cedo. E de me deitar tão cedo. E de não ter vida. E de todos os dias me parecerem iguais e rápidos e lentos ao mesmo tempo. Dores de costas por causa de uma avitaminose. Colegas tão comunicativos quanto eu e tão histéricos quanto eu, não aguentei mais o ritmo.
Decidir ficar um ano em casa com a Irene
Depois de 6 meses (5 meses de licença + 1 mês de férias) de licença de maternidade, quando voltei ao trabalho senti que não havia "sítio para mim". E não consegui perceber o que queriam de mim, se é que queriam alguma coisa. Senti-me triste e esquecida. O tempo em que estava no trabalho a olhar para o relógio a saber que a Irene àquela altura era quando... ou quando... estava a deixar-me maluca. Pedi 1 ano de licença sem vencimento e, apesar de até à última querer tanto quanto não querer, tive a sorte de me aceitarem o pedido.
Divorciar-me
Não foi fácil. Já quando muitas pessoas julgam que o suicídio é uma cobardia, eu não acho. Nunca achei. Acho que é preciso uma dor e uma coragem gigante para tomar uma decisão tão definitiva relativamente a algo. Divorciar-me do pai da Irene foi, de longe, a decisão que mais me doeu. Não só por ser filha de pais separados, não só por amar a minha filha, mas também por tudo o que implicava de fracasso e de dor para todos. Todos incluídos.
Fotografia por Yellow Savages |
E, se repararem, a minha perspectiva das coisas (ainda) é muito negativa. A forma como escrevo, arrasta fumo de queimaduras anteriores, arrasta falta de energia para pintar por cima, mas isto vai aos poucos. Se há decisão que tome todos os dias é... a de estar atenta e de tentar sempre ser mais feliz e de fazer a Irene mais feliz.
Só falta acabar com esta necessidade constante de recomeços, talvez pensando melhor quando tomo as decisões, mas o que é que se sabe quando não se sabe?
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Ai mulheri! Que só me apetece dar-te uma lambada 😃! Céus! Tens o coração no sítio certo e a bênção de ver a tua filha crescer! Tens um porto seguro e um sorriso verdadeiro. Tens uma cabeça limpa que tenta muitas vezes desviar-se para o "dark side". Mas toda tu es cor-de-rosa e com muitos brilhantes! Aproveita a vida e afasta as nuvens cinzentas! No teu mundo só existe espaço para elas muito raramente 😉! O resto são gargalhadas sonoras e momentos doces! Beijinho
ResponderEliminarAmo-te Joana! Ler-te neste preciso momento valeu-me um sorriso gigante no meio de tanta tristeza.
ResponderEliminarDesculpa o exagero, mas tens um papel importante para muitas pessoas. Esquece as bater a e por favor continua!
P.S. como dizer aos nossos pais e aos nossos filhos que o nosso casamento falhou? Angústia gigante!
Por favor, aprende a vestir-te.
ResponderEliminarAhahahahah este tipo de comentarios deveria vir com uma fotografia da autora só para aprender com o exemplo ��
EliminarPessoalmente tb gosto mais do estilo da JPB mas reconheço que a JG tem pinta. Tem um estilo próprio que combina com a "personagem" querer ser diferente...bjs para todas as mulheres deste blog!
EliminarAcredita que aprenderias.
EliminarAdoro!! Já estou a imaginar a personagem sentada no sofá com calças de pijama e tshirt da liberty oferecida na volta s Portugal em bicicleta a colocar posts odiosos em tudo o que é blog enquanto enfarda um mega gelado á colher!
EliminarJoana, até gosto de ti. Juro que não sou uma hater ainda que nem sempre concordo contigo. Seria incapaz de fazer este comentário mas confirmo que foi mais ou menos isso que me passou pela cabeça quando vi a foto :) porquê Joana? A sério, manda essa saia fora ontem! És uma miúda tão gira...
EliminarA saia? as peças todas!! A sério Joana, não sintas como sendo comentários maldosos (certamente que alguns são), mas tens de arranjar alguém (eh pa, nem que seja a Irene!) para te ajudar a vestir melhor. é que a credibilidade hoje em dia passa muito pela imagem. E acabas por ter mais "haters" por causa disso, de seres facilmente repreendida por coisas que sao facilmente mudadas. E sim, tu queres mudar, porque assim não ficas mesmo nada bem!!!
EliminarCara Tisha, sabe qual a diferença entre "a personagem sentada no sofá com calças de pijama e tshirt da liberty oferecida na volta s Portugal em bicicleta" e a Joana Gama? É que a primeira não iria nesses prantos para a rua. Pronto, é isso. De nada.
EliminarParece-me uma boa ideia as bloggers de moda ou as suas seguidoras começarem a perceber que nem todos os blogs são sobre isso. Felizmente.
EliminarDaqui fala uma designer de moda.
Acho o comentário desagradável mas Joana és uma miúda nova, gira e com pinta. Não vale a pena enfiar-te em coisas tipo saco de batatas.
EliminarTenho um tipo de corpo parecido e acho que alguns comprimentos de saias simplesmente não resultam (com muita pena minha).
Se a Joana aprenderia, mande aí a foto para o pessoal ver.
EliminarQueremos todas ver!!
Ficamos à espera da foto, já que se acha muito entendida na matéria
Joaninha olho para ti e vejo que a tua forma de vestir tem tudo a ver contigo... Diferente. Com personalidade. Com alma. Não es uma "maria vais com as outras". Gosto disso em ti. Gosto mesmo.
EliminarBom dia
ResponderEliminarVenho aqui, quase todos os dia,mas acho que nunca comentei.
Identifico-me bastante com este post, embora não tenha um trabalho tão fixe quanto o teu ( se é que a posso tratar por tu)
Passagens e decisões difíceis é o que mais tenho, quase 40 anos e uma vida repleta de histórias que as vezes mais parecem saídas de uma novela mexicana dobrada em brasileiro.
Uma infância +/- normal, com algumas crises depressivas da mãe, que me fizeram ter que muita vez assumir esse papel.
Um amor enorme que me ia levando á loucura, quando contra a minha vontade foi rompido (ainda hoje secretamente choro um cadinho por isso).
Um casamento apressado por uma gravidez, casamento esse que durou 10 anos ( com a pessoa errada)
Um divorcio +/- amigavel, em que sai com a roupa do corpo e uma filha para criar, deixei tudo quanto tinha lutado para ter.
Uns anos mais tarde tive ( e tenho) problemas gravissimos á conta do mesmo ex marido ter sido preso no estrangeiro. ( problemas a nivel de dividas e coisas do genero), uma insolvencia pelo meio( que ainda hoje me custa a pronunciar alto).
Um relacionamento com um homem bem mais novo (13 anos) que é o meu pilar, o meu porto seguro, 2 fihas uma com 15 anos e outra com 19 meses...
Ufff acho que nunca tinha "verbalizado" isto tudo assim, mas hoje vá-se lá saber porque saiu...
Desculpe o "testamento", mas foi um pouco "curativo"
bem haja
Beijinhos
Ao ler este post só me passou o meu poema preferido pela cabeça...
ResponderEliminar"Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga TORGA, M., Diário XIII."
5 em Crescendo
"De nenhum fruto queiras só metade." O nosso brilhante Torga, obrigada!
EliminarLembrei-me do mesmo!
Oh joana! (Não, não vou cantar Marco Paulo)
ResponderEliminarVivi e vivo toda a minha vida entre a angústia de decidir qualquer coisa porque já não quero ou porque estou infeliz. Nunca consegui tomar decisão nenhuma que eu sinta que tenha sido a melhor ahaha que tristeza! (A não ser ter o Tiago)
Ao menos tu estás por aqui e isso já é tanto!
Um beijinho.
P.s. eu cá gosto da tua maneira de vestir😁
Um divórcio sendo filha de pais divorciados é mesmo o pior. Já sabemos que há coisas que os nossos filhos nunca vão ter
ResponderEliminarPois eu cá acho que os meus se deviam ter separado! Juntos estragam-se um ao outro.
EliminarCada caso é um caso.
Tantas decisões que exigem tanta coragem e confiança. Sinto-me um rato 😉
ResponderEliminarBem, tanto fel! Em relação à roupa nada a dizer, cada um veste o que quer! Não sendo o meu estilo acho que é o Teu! Mas possas ter que levar com estes comentários é dose! Gosto muito do blog, gosto muito de ambas as Joanas! E gosto muito de ler e ver tudo o que escrevem aqui e postam no instagrama acerca das vossas meninas lindas!
ResponderEliminarNessi
https://parttimemumandscientist.blogspot.co.uk/