1.28.2018

A primeira vez que falou da morte.

Ainda há uns dias estava na minha barriga e agora já me está a perguntar se vou morrer muito velhinha.

O tema chegou mas, por enquanto, sem qualquer angústia. Pareceu-me.

Respondi-lhe que sim, vou morrer muito velhinha, quando ela também for já muito velhinha. Foi o que me saiu, nunca tinha pensado muito no assunto. Lembro-me, no entanto, de sentir essa angústia. Tinha medo de que a minha mãe e o meu pai morressem. E lembro-me precisamente de que a resposta de que iam morrer já muito velhinhos não me apaziguava grande coisa. Eles iam morrer e era difícil de lidar com isso. Lembro-me bem do dia em que morreu uma amiga dos meus pais, mãe de duas miúdas. Já era mais crescida, devia ter uns 8 anos, mas aquilo abalou-me. Como é que aquelas crianças iam viver sem a mãe? Aprenderam a rezar-lhe, a falar com ela. Eu só chorava a imaginar tamanha dor. Depois a minha avó Isabel, a primeira pessoa da família a partir e o primeiro sentir na pele a perda. Estive anos e anos com medo de telefonemas. O telefone soava e eu pensava que viriam de lá más notícias. O telemóvel tocava e eu achava que alguém iria dizer que alguém que eu amava tinha morrido. Tive medo.

Acho que nunca se está preparado para a perda de alguém, por mais religioso que se seja. Pelo menos não na nossa cultura. Mas acho que a idade me trouxe uma maior serenidade em relação a este assunto - ou prefiro pensar que sim.

Mas agora tenho de pensar neste tema a sério, mais não seja para arranjar formas de o explicar à minha filhota.
Como falam deste tema com os vossos filhos ou como pensam vir a falar? Que textos/livros aconselham?

Obrigada!




C&A




Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. Querem saber quando publicamos coisas?
👉 Aqui na página de Facebook da Mãe clicam onde diz “A Seguir” e seleccionam "Ver Primeiro"
Sigam-nos também no Instagram:

9 comentários:

  1. A minha filha foi prematura e ficou 4 meses no hospital. Aqui há uns dias sem mais nem porquê perguntou-me porque morreram todos aqueles bebés no hospital. Fiquei sem saber o que lhe dizer, o meu coração parou. Ela viveu de perto a morte e não te sei explicar como mas ela tem ainda bem presente esse sentimento de perda/angústia e eu de medo!

    ResponderEliminar
  2. Bem, o assunto é mesmo complicado, acabei de perder a minha avó materna, que me ajudou a criar, quando ela ficou doente e nós sabíamos qual ia ser o desfeixo tive de explicar á minha filha que a avó velhinha estava muito doente e que ia para o céu. A explicação foi um bocadinho romantizada, para ela não ficar aflita quando me visse em baixo. A morte quando mais nova era me mais fácil de digerir, por assim dizer, com a idade e em específico agora dei por mim a pensar que passamos a vida a trabalhar para pagar a casa e contas e não vivemos. Pus me a pensar o que viveu ainha avó? Trabalhou a vida toda na agricultura sem dias de folga e viveu somente para os filhos e netos. É ela? Isto deve querer dizer que estou a ficar velha, só pode. A minha filha diz muitas vezes que não quer ter filhos para eu não ser avó e ficar velhinha.

    ResponderEliminar
  3. Um livro fantástico que se chama "para onde vamos quando desaparecemos" do planeta tangerina :)

    ResponderEliminar
  4. Bom dia, é a primeira vez que escrevo aqui alguma coisa, mas acompanho diariamente o blog. tenho dois filhos, um de sete quase 8 e uma de 5 anos e ambos já nos falaram no assunto. Também lhes disse que ia morrer quando fosse velhinha, e eles dizem que eu nunca vou ficar velha :) (que sorte a minha) ...
    o meu pai faleceu vai fazer três anos, a minha filha ainda era pequenina, mas sabe que o avô é uma estrela, o meu filho notou a ausência dele e explicamos-lhe que estava muito doente e que neste momento é a estrela mais brilhante no céu, penso que aceitaram bem, até porque falam disso com muita naturalidade e vão comigo ao cemitério visitar a campa e ficam felizes porque o avó é um estrela para nós...

    ResponderEliminar
  5. Joana, também tenho medo de receber telefonemas. O meu avô faleceu há 8 anos, no dia do meu aniversário. Recebi o telefonema da parte da minha mãe a dar a notícia, de manhã, ainda estava a dormir. Passados quase dois anos, também de manhã faleceu a minha avó e recebo a notícia por telefone. No ano passado faleceu o meu outro avô, mais uma vez, ainda na cama recebo o telefonema.
    Sempre que alguém me telefona e ainda estou deitada, fico toda a tremer...

    Conseguiu perceber como surgiu essa questão à Isabel?
    Sei que há um livro que trata da perda de um avô, poderá, eventualmente haver para outros familiares, não me recordo o nome. Se encontrar venho cá dizer-lhe.

    Beijinhos,
    Sofia

    ResponderEliminar
  6. http://mumstheboss.blogspot.pt/2016/05/como-explicar-morte-as-criancas-praca.html?m=1

    ResponderEliminar
  7. Recomendado para o 3ano de escolaridade, embora eu tenha usado mais cedo: https://www.portoeditora.pt/produtos/ficha/a-caixa-da-avo-maria/17440089
    A minha mãe que já partiu chamava-se Maria, como a desta história, e este livro foi para o meu filho mais velho mas tb para mim. Muito bonito.

    ResponderEliminar
  8. Encontrei no outro dia o livro "a caixa da avó Maria", é sobre a perda de uma avó.
    https://www.wook.pt/livro/a-caixa-da-avo-maria-leonor-mexia/17440089
    O que desfolhei,pareceu -me interessante.

    ResponderEliminar
  9. Lá em casa esse assunto surgiu quando a minha filha aos 8 anos, perdeu uma amiga da sala dela na escola. De uma forma abrupta, repentina. Hoje ela tem 11 anos e confesso que ainda não sei como lidar com a situação. Nem eu própria. Ela ficou francamente sensível a este tema. E é certamente um episódio que a marcará para toda a vida. E também sinto que ela tem medo de perder quem ama, pela brutalidade da situação que já teve que enfrentar. Não há nada que ajude a fazer entender...

    ResponderEliminar