Sou um desapontamento para algumas de vocês. Contei-vos aquela história linda de deixar o trabalho, Lisboa, a nossa casa e de termos ido para o campo, por amor às minhas filhas e por mim. Ouviram o chilrear dos passarinhos, viram as lambidelas dos cães todos os dias, cheiraram as flores e as árvores através de mim. Viram-me respirar fundo. E, acima de tudo, viram-me aproveitar bem as minhas miúdas. Estive um ano e três meses a cheirar o cabelo da Luísa, vi-a fazer tudo pela primeira vez, estive atenta a todos os pormenores, amamentei-a sempre que quis, dormi sestas com ela. Fui levar e buscar a Isabel à escola em horário mais reduzido, durante um ano e meio. Aproveitámos bem as manhãs, tomámos o pequeno-almoço juntas, fomos ao parque depois da escola. Pude ficar com elas em casa dias e dias quando estiveram doentes e mais precisaram de mim: não tiveram de ir ainda meias combalidas para a creche, das poucas vezes que aconteceu, felizmente, ficaram em casa até estarem a 100%. Pude fazer Baby Led Weaning com a Luísa, vê-la explorar e provar cada alimento novo com calma e paciência. Pude ir a todas as consultas sem ter de pensar a que dia calhavam e se me iria prejudicar no trabalho. Pude... tanta coisa. Tudo isto não me teria sido possível se tivesse cá ficado, se tivesse continuado a trabalhar. Foi, volto a dizer, a melhor opção para mim, para elas, para todos, enquanto família. Houve esforços de parte a parte. O David, que fazia centenas de kms para o trabalho e que chegava roto a casa. Eu, que tinha dias em que me apetecia ter uma pausa na vida de casa e de mãe. A família, toda, que ajudava sempre que era necessário: avó, tia, mãe. Foi também por isso que procurei aquele lar e aquela família, para ter a rede que me faltava em Lisboa. Tudo isto foi importante para aquele primeiro ano e meio da Luísa.
Até que... chegou uma altura em que precisei de ter novos desafios na minha vida. E em que, pesando tudo na balança, percebemos que me/nos estava a fazer falta ter um trabalho fixo e estável, seja lá isso o que for. Ainda ponderámos ficar a viver em Santarém, mas com dois adultos a trabalhar em Lisboa e ficando dependentes da minha mãe para tudo (vai levar, vai buscar), não seria viável, por inúmeras razões. Fez-se luz: voltamos todos a Lisboa. O que mais importa é estarmos os 4 juntos, a pouca distância uns dos outros, a partilhar a cama de manhã, o pequeno-almoço e o jantar, os banhos, as histórias e os mimos. Era isto que, nesta fase, nos parecia fazer mais sentido.
E faz. Faltava-me isto para ser feliz nesta fase. Estar a trabalhar, estar com adultos, aprender coisas novas, desafiar-me, dizer uns disparates a meio do dia, sair para almoçar e conversar com pessoas, ter vontade de me arranjar. Estar perto dos meus amigos, poder ir a uma jantarada sem ter quilómetros por fazer depois. Estar perto do David, jantarmos os quatro juntos quase todos os dias.
Claro que se perde algumas coisas. Claro que sim. Claro que me enervo se apanho trânsito. Claro que nem sempre estou fresquinha no trabalho depois de ter acordado 5 vezes numa noite. Claro que as miúdas passam menos tempo comigo. Mas em compensação passam mais com o pai, que foi pela primeira vez na vida da Luísa, sozinho com ela a uma vacina, por exemplo. Isto também é bom. Isto também é importante. Há um contrabalanço para tudo.
E, a ajudar a isto, encontrei uma escola para elas que me enche completamente as medidas. Este projecto educativo (MEM) faz-me muito sentido, o facto de encararem cada miúdo em toda a sua individualidade, o ambiente, a filosofia, adoro o facto de saberem o meu nome e de entenderem a família como parte integrante do projecto, o facto de poder entrar na cozinha e tirar um copo de água, o facto de terem ioga, o facto de numa semana terem ido ao CCB, ao Pavilhão do Conhecimento..., bem... não saía daqui. No início do ano, quando fizer um mês, falar-vos-ei melhor da forma como foi feita a adaptação delas à escola.
E é isto. Faltava-me isto, nesta altura, para ser feliz. Não sei se isto me fará sempre feliz (haverá isso por aí?), mas para já há que aproveitar bem a mudança e os bons ares que nos trouxe. E a calma que me trouxe, mesmo com a agitação do vai pôr e do vai buscar, as novidades constantes no trabalho. Estou mais calma, já mo disseram. Pois estou. E mais feliz.
{e as miúdas estão bem}
Até que... chegou uma altura em que precisei de ter novos desafios na minha vida. E em que, pesando tudo na balança, percebemos que me/nos estava a fazer falta ter um trabalho fixo e estável, seja lá isso o que for. Ainda ponderámos ficar a viver em Santarém, mas com dois adultos a trabalhar em Lisboa e ficando dependentes da minha mãe para tudo (vai levar, vai buscar), não seria viável, por inúmeras razões. Fez-se luz: voltamos todos a Lisboa. O que mais importa é estarmos os 4 juntos, a pouca distância uns dos outros, a partilhar a cama de manhã, o pequeno-almoço e o jantar, os banhos, as histórias e os mimos. Era isto que, nesta fase, nos parecia fazer mais sentido.
E faz. Faltava-me isto para ser feliz nesta fase. Estar a trabalhar, estar com adultos, aprender coisas novas, desafiar-me, dizer uns disparates a meio do dia, sair para almoçar e conversar com pessoas, ter vontade de me arranjar. Estar perto dos meus amigos, poder ir a uma jantarada sem ter quilómetros por fazer depois. Estar perto do David, jantarmos os quatro juntos quase todos os dias.
Claro que se perde algumas coisas. Claro que sim. Claro que me enervo se apanho trânsito. Claro que nem sempre estou fresquinha no trabalho depois de ter acordado 5 vezes numa noite. Claro que as miúdas passam menos tempo comigo. Mas em compensação passam mais com o pai, que foi pela primeira vez na vida da Luísa, sozinho com ela a uma vacina, por exemplo. Isto também é bom. Isto também é importante. Há um contrabalanço para tudo.
E, a ajudar a isto, encontrei uma escola para elas que me enche completamente as medidas. Este projecto educativo (MEM) faz-me muito sentido, o facto de encararem cada miúdo em toda a sua individualidade, o ambiente, a filosofia, adoro o facto de saberem o meu nome e de entenderem a família como parte integrante do projecto, o facto de poder entrar na cozinha e tirar um copo de água, o facto de terem ioga, o facto de numa semana terem ido ao CCB, ao Pavilhão do Conhecimento..., bem... não saía daqui. No início do ano, quando fizer um mês, falar-vos-ei melhor da forma como foi feita a adaptação delas à escola.
E é isto. Faltava-me isto, nesta altura, para ser feliz. Não sei se isto me fará sempre feliz (haverá isso por aí?), mas para já há que aproveitar bem a mudança e os bons ares que nos trouxe. E a calma que me trouxe, mesmo com a agitação do vai pôr e do vai buscar, as novidades constantes no trabalho. Estou mais calma, já mo disseram. Pois estou. E mais feliz.
{e as miúdas estão bem}
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Viver é agora.
ResponderEliminarFelicidades,que a vida lhe sorria sempre.💛💛💛💛
Olá Joana! Há dia entrei na escola para levar o meu filho e lá estava a sua mais velha. Sim, a escola é fantástica e assim se tem revelado para mim, com o meu menino a entrar para a escola aos dois anos, sempre comigo até então. A liberdade que tive para fazer eu a adaptação foi impagável!
ResponderEliminarSobre a nossa adaptação:
https://translocacaodoamor.blogspot.pt/2017/09/a-caminho-da-escola.html?m=0#more
Beijinho
A vida é dinâmica. Sermos estáticos, mantermos agarrados a soluções do passado, é perder a magia de vê-la reinventar-se a cada instante e a trazer-nos ainda mais o sentimento de que a vivemos. Que sejam muito felizes, neste modelo, enquanto o forem. Quando deixarem de ser... há que mudar.
ResponderEliminarJoana, ser feliz é o mais importante da nossa vida e dos nossos, seja em Santarém ou em Lisboa. Estar a família junta todos os dias é muito importante para o crescimento dos nossos filhos. As opções tomam-se na hora certa, e acho que esta era a hora certa para continuar a ser ainda mais feliz.
ResponderEliminarDesejo-lhe as maiores felicidades para esta nova fase da sua vida.