12.18.2017

És feia! És feia! Nunca mais vens ao café com a mãe!

No outro dia li algures que uma celebridade da nossa praça interveio num cenário em que uma mãe batia numa criança. Tais "notícias" deixam-me sempre com vontade de saber o verdadeiro motivo da partilha, se é numa de "sou tão espectacular que não deixo que isso passe em branco" ou se é numa de "devíamos unir-nos todos e fazer o máximo possível para que estas coisas não aconteçam". 

Uma simples intervenção no meio da rua, claro que evitará o efeito imediato - ou não, até poderá irritar ainda mais o agressor e a vítima levar mais a seguir por causa "da vergonha" que a fez passar que até a Leonor não sei quê da televisão viu - mas não resolve. Tenho uma amiga, que um dia creio que virá a escrever algumas coisas aqui para o blog que intervém, mas intervém a sério. Ela sabe o que fazer. Sabe os processos, sabe a quem ligar - não estou a dizer que se retire a criança ou não, creio que será sempre a última solução a ter em conta, há passos antes desses. 

Eu não tenho "coragem" para intervir. 

O primeiro episódio mais recente foi há um mês quando a Irene e eu ouvimos o som de um choro explosivo de uma menina. O equivalente a ter-lhe caído algo muito pesado nos dedos dos pés. A Irene e eu, preocupadas e assustadas, olhámos para o sítio de onde vinha o som, o acompanhante da mãe também. A mãe respondeu "e foi na cara que comigo não faz farinha". 

A miúda teria a idade da minha (não que haja idades aceitáveis para bater), isto é, 3 anos. Impressionou-me ainda mais.

Fotografia de Pau Storch


Não sei o que fazer. Não faço a mínima ideia. 

Ainda hoje não consegui processar isto. 

O segundo episódio foi neste sábado. Fui tomar o pequeno almoço a um café aqui perto (ao mítico Califa) e ao meu lado no balcão uma mãe com uma menina (novamente com a idade da Irene, devo estar mais atenta por causa disso). Ambas sentadas ao balcão, o rabo da miúda ainda nem enchia metade do banco. A mãe, virada de lado, inclina-se para cima dela, com o dedo indicador levantado diz-lhe de olhos abertos e em voz assustadoramente calma (a sério, fez-me muita confusão por estar tão calma) "És feia! És feia! Nunca mais vens ao café com a mãe!". As lágrimas vieram-me imediatamente aos olhos, fiquei muito nervosa. Sabia que não ia intervir, que não é "de mim" fazê-lo, mas fiquei muito aflita. Pedi a tudo para que não fosse repetido para entrar calmamente no meu estado de negação, mas não. Continuou a acontecer. Sem toque. Só voz. Em cima dela. "És feia, És feia! És, és! Nunca mais vens ao café com a mãe. Não é, avó? Ela não é feia? É, sim senhora!". A miúda ia bebendo o seu sumo de fruta, ao pequeno almoço - relembro. 

Já tenho uns anos de pedra partida para saber que a mãe não diz isto gratuitamente. 

A mãe provavelmente terá ouvido muito isto dos seus pais e, por isso, apesar de carregar a dor que é ter quem devia cuidar e protegê-la de palavras e actos que a destruíssem a quebrá-la, a retirar-lhe o direito de ser, não consegue parar de vomitar dor em forma de ódio, raiva. Nem consegue ver que o faz na cara de uma menina de 3 anos ou pouco mais. 

Não odeio estas mães, mas amo mais as filhas. Estas miúdas que sobrevivem como conseguem às pessoas que vivem com elas, lhes dão banho, as adormecem, lhe preparam a comida, serem as que as fazem sentir-se pior com elas próprias e não o contrário, não serem as pessoas que lhes dizem que são capazes de tudo o que queiram, que tudo depende só da força de vontade e que têm tudo para ganhar o mundo e para o viver com a mesma ferocidade com que se atiram às redes do parque infantil para trepar até ao topo. 

Não podemos destruir os nossos filhos como nos terão destruído. Não podemos carregar toda a dor do mundo em nós e abrirmos a boca sem ter o carinho de pensar no que estamos a fazer. Cabe-nos a nós que queremos amar, quebrarmos o ciclo de anos de frieza e de épocas em que havia maiores preocupações - como garantir comida e abrigo - para se ter quente suficiente para amar. 

As crianças, as nossas e as dos outros, merecem todo o amor do mundo. Serão melhores mães por isso. Teremos crianças mais felizes assim. 

Não é fácil. Deve ser mais difícil do que esbofetear uma criança ou que a insultar uma manhã inteira.

É o nosso papel: Amar. O melhor que conseguirmos. 

Se não conseguirmos, procurar ajuda. 

Tentarei falar com uma amiga - a tal que vos falei ali em cima - no sentido de apresentar aqui algumas soluções. Se tiverem algumas, por favor, partilhem. 


Fica aqui uma reflexão sobre a maneira como usamos as nossas palavras com eles: "Não gosto, pá!".

Tudo o que já escrevemos aqui sobre disciplina positiva


O meu instagram e o d'a Mãe é que sabe :)
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127 comentários:

  1. A sério que consegue nunca perder as estribeiras? Parabéns!

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    1. Perco, sim, anónimo. Muitas vezes :) E todos os dias tento encontrar melhores maneiras de resolver as situações para que nem eu nem ela nos fiquemos a sentir mal com as "dores de crescimento".

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    2. Uma coisa é perder a paciência, outra é ser-se bárbaro com a criança. Uma chapada e chamar de feia mostra o quê? É para a criança ter medo? É isso que quer que os seus filhos sintam por si?

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    3. Mónica, para mim uma chapada e chamar "feia" significam que o adulto perdeu as estribeiras, não sabe como lidar e quer acabar a situação NAQUELE MOMENTO. É uma forma errada de direccionar a energia, mas é também humano. Em casos normais (não falo de verdadeiros maus tratos que seria o caso disso acontecer, digamos, diariamente) ninguém quer que os filhos sintam medo de si, só que obedeçam e cooperem. E essas mães, por uma variedade gigante de motivos, nesse momento não sabem, não conseguem fazer melhor. Há que ajudar e não julgar. Intervir só no sentido de dizer à pessoa que estamos a ver que ela está aflita, que também temos filhos e sabemos como é difícil, para ela ter espaço para se acalmar um bocadinho. Bater na cara de uma criança choca-me imenso e nunca o faria. Já dei 2 ou 3 palmadas no rabo (tenho um menino que é o meu maior amor e o mais doce e querido do universo, mas também super irrequieto, desobediente e desafiador), sei que errei e não foram o meu proudest parenting moment. Mas está feito e tenho a certeza absoluta que o menino não ficou traumatizado porque eu não sou só aquilo enquanto mãe. Nem de perto nem de longe. Tento não o rotular, por exemplo não lhe digo que é feio, mas se for caso disso critico a atitude, digo "o que fizeste foi muito feio". Mas já lhe disse várias vezes que ele é teimoso e desobediente como a música da aranha :) Enfim. Também sou a mãe que o sufoca de beijinhos e abraços a toda a hora, que lhe diz que ele é o amor da vida dela mil vezes por dia, que se esmera para fazer actividades giras e divertidas com ele, que tenta que ele coma de forma saudável e saborosa, que corre do trabalho logo que consegue para o apanhar e aproveitar o máximo de tempo com ele, que se preocupa, que está atenta à escola, que lhe conta histórias, que brinca no chão com ele, que o aconchega de noite e o leva para a cama dela se ele quiser. Sou essas mães todas. Nós não somos unidimensionais e vocês desconhecem a vida completa dessas mães, é impossível julgá-las por esses momentos, por infelizes que sejam. Mais empatia e mais respeito, pelas crianças e pelos adultos também.

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    4. Tudo isso S! Muito mesmo tudo isso! Mais empatia pelas crianças, pelos adultos, pelas crianças que os adultos foram, pela vida dos outros que não sabemos como é. Eu sou daquelas pessoas que intervém nem que seja para dizer à outra mãe que percebo que temos dias difíceis mas choca-me imenso vir meter estes dois casos num saco de maus tratos enquanto se tratam de situações isoladas das quais não sabemos mais nada.
      Mafalda

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    5. Ambas as situações referidas mesmo sendo isoladas (espero realmente que o sejam, para bem das crianças em questão)são exemplos de maus tratos.

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    6. Só dizer que a S das 14:04 não é a mesma da S das 11:49, que sou eu, sob pena de isto parecer uma esquizofrenia. Lol S das 14:04, leia bem o que escreveu abaixo a jurista K* em comentário à citação da Joana dos artigos do Código Penal. Ela diz tudo o que importa sobre isso. Bom senso.

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    7. Também perco a paciência mas daí a dar uma chapada vai uma graaaaaande distância. Acho que há outras maneiras de mostrar à criança que estamos tristes/zangadas. Percebo perfeitamente que se perca a paciência, mesmo! Tenho também uma filha muito irrequieta. Não digo que nunca o faria, mas até agora mesmo ficando muito irritada nunca o fiz. Acho que um estalo ultrapassa a linha do razoável. Mais depressa lhe falo alto e digo não é que estou a ficar zangada do que a trato mal chamando a de feia. Percebo que não somos todas iguais, mas acho que o amor pelos filhos é e isso tem que prevalecer sempre.

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  2. Se calhar, ganharem juízo, não?
    Quero ver-vos a intervir quando forem os pequenos monstrinhos que pessoas tão positivas como tu andam a criar baterem aos Pais. Minha menina, uma palmada na horinha certa faz milagres. Mas não, é mais bonito ver pequenos tiranos mandarem nos nos pais. Isso é que é lindo, moderno, positivo e de adultos que cresceram também sem regras.
    Juízo, menina. Muito juízo.

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    1. Para si é tudo branco ou preto, sem cinzentos pelo meio.
      Em nenhuma das situações descritas se vê uma "palmada" na hora certa.
      Uma palmada até mais pela dor infligida mas pelo ato a assinalar não é a mesma coisa que uma estalada sonora e decerto bem dolorosa.
      O discurso não adequado (ainda mais para uma criança de 3 anos), não dói físicamente para já. Faz os seus danos lenta e progressivamente (nestas idades é importante caracterizar o comportamento e não a pessoa "o que fizeste foi feio" é diferente de "és feia".)
      Enfim, lamento por si pelo historial que o/a faça identificar com o lado errado destes episódios descritos.

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    2. Das duas uma, ou tem imensos filhos e é uma infeliz, ou não tem nenhum e não sabe o que é necessário para criar um filho! Seja qual a situação desejo boa sorte para os seres que privam consigo!
      Tenho uma filha de 3 anos e NUNCA lhe bati, e nem nunca lhe disse que era feia ou má! E toda a gente me diz que tenho muita sorte com o feitio dela! Acho que n se trata de sorte, acho que se trata de frutos que se colhem por se dar amor a quem nunca pediu para vir a este mundo!
      Desculpe, mas na sua vida comum resolve os problemas com chapadas na cara ou palmadas no rabo a quem se porta mal consigo?? Do género o chefe foi injusto, uma palmada no rabo! A senhora pôs-se à sua frente na fila do super mercado
      , uma chapada na cara... o senhor do banco demorou imenso, logo é feio e mau...
      O que lhe dá o direito de bater numa criança que tem menos poder físico que você? Parece-lhe justo?? É assim que depois vai ensinar que n se bate num idoso??
      Tenha juízo a senhora, por ser má e achar que ser-se mau dá bons frutos!
      E mais, bater mesmo que seja uma palmada já é crime!!

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    3. Já cá faltava a comparação de uma criança com um adulto. Adoro. Por aí se vê o poder fantástico de argumentação.
      Também me hão de explicar como é que lendo o que a Joana diz que assistiu percebem logo, imediatamente, que não é a hora certa.
      E sim, muitas crianças têm falta de uma palmada na hora certa. Mandam nos pais, não os respeitam e depois acham que podem ter o mesmo comportamento com os demais adultos.
      Mas sim, por favor continuem com essas teorias.

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    4. Vou rir-me muito.. sabe porque anónimo?? Porque a minha geração é das que diz com orgulho que os pais lhes deram palmadas e colheradas de pau, castigos vários, humilhações públicas e privadas com fartura. Foram educados, portanto, na sua maneira de ver, anónimo. Pois bem, é essa geração (e a anterior, que apanhou ainda mais) que hoje governa este mundo. Sim, este mundo onde há tanto respeito, educação, civismo, as pessoas todas ordeiras e na linha, não se pisam riscos, não se faz mal a ninguém. É um mundo maravilhoso, este em que vivemos, não acha caro anónimo? Tudo fruto das palmadas milagrosas e do acharmos que uma criança pode apanhar, pode ser humilhada, pode tudo, só porque ainda não é adulta nem tem direito a ser respeitada. Um pouco como os deficientes, ou já agora os idosos que começam a ficar senis.. tudo pode ser corrido a chapadas e milagrosas palmadas, que o que queremos é que estejam todos em sentido, caladinho, a obedecer aos adultos que merecem ter direitos e respeito. E coitados dos pais que por acaso apanhem dos filhos, mas os filhos apanharem dos pais já pode ser. Já agora, apresente-me lá uma família que nunca tenha batido no filho, onde nunca houve qualquer violência, e que agora seja espancada por ele! Se tem tanto orgulho assim no que pensa (e presumo pratica), diga bem alto o que pensa mas assine. Sim, deixe-nos saber quem é, para todos nos podermos curvar perante a sua passagem, que eu não me apetece levar palmadas se algum dia fizer algo menos correto aos seus olhos..

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    5. A alternativa é dizer não! Conhece a palavra?? E explicar porque é que não pode fazer e ser consistente!
      Vê-se que adora crianças e que percebe imenso de pedagogia, uma criança não é comparável a um adulto no seu tratamento?? Pq as crianças não merecem o mesmo respeito que um adulto?? Se bater e chamar nomes a uma criança é isso que ela vai aprender para lidar c os problemas!

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    6. Sobre essas crianças que mandam nos pais e não os respeitam: será que o farão por falta de palmadas “na hora certa” ou por falta de dedicação/tempo dos pais para os educar com o amor que elas necessitam?
      Falo por mim, quando senti que a minha filha não me respeitava foi precisamente numa altura em que andava a mil com trabalho (e levava trabalho para casa) pelo que não tinha tempo para a ouvir nem lhe dar atenção.
      Outra coisa, prefiro que a minha filha me respeite a ter medo de mim (eu, pelo menos, teria medo de quem me batesse).

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    7. Também sou apologista da palmada na hora certa. Tanto eu como os meus irmãos as levamos e não nos saímos nada mal, nem ficamos marcados... Há verdadeiramente diferença, na minha opinião, entre aquilo que configura abuso/violência para com uma criança e uma palmada. Também vos digo que o pai - outros tempos - levou “porrada da velha” e nunca, em qualquer momento - teve tais comportamentos para connosco. Falo aqui da palma, pq sempre me lembro da minha mãe ser contra o “és feia” e o “vem aí o homem do saco”.
      Quanto aos filhos mandarem nos pais conto-vos o seguinte: no Verão fui levar o meu sobrinho de 12 anos à piscina de um amigo, iam passar lá a tarde o grupito todo. Tinham na agenda fazer qq coisa, mas o meu sobrinho já sabia que não iria poder ficar até ao fim da tarde pq tinha treino de futebol e a minha irmã já lhe tinha dito que ele tinha que cumprir os seus compromissos - outra história. Não é que ouço um dos amiguinhos a dizer “Claro que o P. não pode. Se mãezinha não deixa, ele não faz. Ela é que manda!”. Talvez não deveria não ter dito nada, mas lembro-me que disse: “M. a mãe dele é que manda? E em ti quem manda? Eu lembro-me da minha mãe mandar em mim até aos 20 e poucos anos, até que saí da casa dela...”!
      Não lhe devemos bater a torto e a direito, mas está história da positividade tb tem, na minha opinião, muito que se lhe diga. Não lhe mostremos - sempre dentro dos limites - quem manda que depois vamos ver...
      Mas como tudo na vida, é certo bom ver como as opiniões variam.

      Filipa

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    8. Vê-se que percebe imenso de pedagogia e que adora crianças...
      Sim, comparo o respeito que tenho a uma criança e que tenho a um adulto!
      A alternativa é dizer não e ser consistente! Custa, porque a criança n tem um botão de desligar... ter paciência dá mesmomto trabalho! Gostaria de ver como é que a vão tratar a si, quando for velhinha!

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    9. Entao por esta ordem de ideias as crianças só sao bem educadas e se portam bem se levarem uma" palmadinha".Para mim isto è pura ignorancia, e conversar com os filhos nao? Parte se logo para o ato mais fàcil, porque se calhar nao ha tempo para explicar e conversar com os filhos, mas ha muito tempo para se estar horas ao telemovel.
      Se eu vir algum pai ou mae bater com alguma violencia, mesmo que seja no rabo, ou vou la e falo. Eu também tenho um filho que faz birras, como è normal, nao nunca lhe dei uma palmada no rabo, nem lhe irei dar.Qualquer adulto tem dias maus, que està mal disposta, que nao lhe apetece fazer nada, porque è que as crianças também nao podem ter esses dias? Nao se tenta perceber porque esta a ter uma certa atitude?Nao, deve ser mais fàcil bater logo ou dar logo um grito.

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    10. Eu sou a prova que a educação positiva e sem palmada resulta. Os meus pais sempre tiveram muita paciência para me explica tudo e das vezes que me portei mal (espantem-se as crianças fazem dessas coisas) preferiram respirar fundo em vez de bater.
      A educação é fundamental. Alguém referiu algures nos comentários "os pequenos tiranos que se estão a criar", é favor não confundir parentalidade positiva com o deixa andar. Já me deparei com muitas crianças mal-educados simplesmente, porque os pais não querem saber ou ignorar maus comportamentos na esperança que passe ou até cedem a birras.

      Beijinhos a todas e deixem a Joana desabafar. Boas festas.

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    11. Talvez seja mais simples dizer que é proibido por lei maltratar crianças em Portugal, seja fisicamente ou verbalmente. Sendo que até o lado verbal da questão está contemplado, não me parece que seja uma questão da quantidade de força com que se dê a palmada ou a que hora for, certa ou mais ou menos certa.

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    12. "Pequenos tiranos" ahahahahah! A sério que é isso que pensa dos seus filhos? Ou só dos filhos dos outros?

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    13. Anónima, discordo imenso do que disse. Está apenas a ver "extremos". Eu nunca bati na minha filha de 3 anos e meio ou lhe disse que era feia.
      Às vezes perco o controlo e lá sai um grito ou outro e também não me culpabilizo demasiado com isso.
      tento seguir a disciplina positiva dentro do que acho adequado. Há coisas com as quais também não me identifico nesta corrente de educação.
      A minha filha já passou por fases em que nos batia e nunca lhe bati por isso. Todavia, também não a abraçava ou passava a mão pela cabeça. Explicava-lhe que não se fazia e que existiam consequências.
      Sempre que a minha filha começa uma birra porque quer algo, até pode montar o circo num local público mas nunca cedo. Hoje ela sabe bem quais os limites. faz cada vez menos birras, nunca me pede aquilo que sabe que não vai ter e se quer alguma coisa, pede com educação e sem berros. Simplesmente vai aprendendo com o que lhe vamos mostrando.
      Acredito, por experiência que podemos educar e disciplinar sem bater e insultar. As únicas formas de educar, felizmente não são ou dar pancadaria ou deixar fazer tudo o que querem. Há formas mais racionais, amorosas e eficazes. Simplesmente há muitas e cada uma funciona de forma diferente para famílias diferentes. Não somos todos iguais e não temos (nem devemos) agir todos da mesma forma.

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    14. Dos filhos dos outros, obviamente.

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    15. Ana Sousa e Minhoca me representam integralmente!

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  3. Eu tenho lutado para que essa voz não saia de mim. Para que saia apenas amor porque tens toda a razão. Foram anos a “ouvir”, a rebaixar, a ignorar. Ter um filho high need ainda dificulta mais o processo. Mas tenho conseguido e a tua partilha só me dá mais força.
    Obrigada.

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    1. Força anónimo! :) Há alguns livros que, se tiver tempo (porque vontade já vi que tem) podem ajudá-la a ganhar novos hábitos e até a diminuir a intensidade de cada possível conflito :)

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    2. É pedir muito que me digas os títulos?
      ;)

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  4. Epa isto é só RIDÍCULO! Preocupe-se com a sua vida e deixe a educação dos outros em paz! Haja paciência! Tinha tanto para falar das consequências possíveis do estilo de educação que escolheu dar à sua filha! Mas não o faço! E sabe porquê? Claro que sabe! Porque não me diz respeito. Porque o facto de eu achar que a educação que eu escolhi dar é a melhor, não significa que as outras escolhas são questionáveis.
    É bom que não tenha coragem para intervir numa situação dessas. Porque se o fizesse teria de estar preparada também para intervenções alheias. Está?

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  5. Isto fará sentido no dia em que eu possa abordá-la na rua e intervir também.
    Sabe, é que escolher um método educativo e levá-lo a cabo, por mais idiota que ele seja, não faz de nós donos da razão. Ou pior, cegos e impenetráveis quanto a qualquer outro método.
    Sabe...é que arrisca-se a qualquer dia alguém “intervir” consigo quando estiver a deixar a sua filha ser um estupor...não sei. Estará disposta? Com as suas neuras e inseguranças, que passa constantemente a sua filha, duvido que fosse pacifico para si. Mas para entender isto a Joana precisava de entender que existem outras formas de educar que não a sua. E perceber que todas têm o MESMO lugar. Mesmo que não concorde. Mesmo que não aceite. Saia um bocadinho do seu umbigo.

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    1. Desculpe lá... mas desde quando é que chamar feia repetidamente a uma criança de 3 anos é educar??? Mas bate tudo mal ou quê??

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    2. Acho que compreendi o que quis dizer.

      Se houvesse mais polícias na rua a certificarem-se de que a lei é seguida, aceitaria bem a intervenção do polícia visto ser ilegal bater ou até maltratatar verbalmente as crianças?

      Eu levaria. Consideraria se eu não estaria errada. Visto que até legalmente - e sabemos como a nossa legislação demora a responder às nossas necessidades - a situação já está contemplada.

      Artigo 152.º-A
      Maus tratos
      1 - Quem, tendo ao seu cuidado, à sua guarda, sob a responsabilidade da sua direcção ou educação ou a trabalhar ao seu serviço, pessoa menor ou particularmente indefesa, em razão de idade, deficiência, doença ou gravidez, e:
      a) Lhe infligir, de modo reiterado ou não, maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais, ou a tratar cruelmente;
      b) A empregar em actividades perigosas, desumanas ou proibidas; ou
      c) A sobrecarregar com trabalhos excessivos;
      é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.
      2 - Se dos factos previstos no número anterior resultar:
      a) Ofensa à integridade física grave, o agente é punido com pena de prisão de dois a oito anos;
      b) A morte, o agente é punido com pena de prisão de três a dez anos.


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    3. Relativamente aos filhos não se aplica este artigo, mas sim o 152.º (violência doméstica). De nada.

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    4. Ahah tentei.

      Artigo 152.º
      Violência doméstica
      1 - Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais:
      a) Ao cônjuge ou ex-cônjuge;
      b) A pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação de namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação;
      c) A progenitor de descendente comum em 1.º grau; ou
      d) A pessoa particularmente indefesa, nomeadamente em razão da idade, deficiência, doença, gravidez ou dependência económica, que com ele coabite;
      é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.
      2 - No caso previsto no número anterior, se o agente praticar o facto contra menor, na presença de menor, no domicílio comum ou no domicílio da vítima é punido com pena de prisão de dois a cinco anos.
      3 - Se dos factos previstos no n.º 1 resultar:
      a) Ofensa à integridade física grave, o agente é punido com pena de prisão de dois a oito anos;
      b) A morte, o agente é punido com pena de prisão de três a dez anos.
      4 - Nos casos previstos nos números anteriores, podem ser aplicadas ao arguido as penas acessórias de proibição de contacto com a vítima e de proibição de uso e porte de armas, pelo período de seis meses a cinco anos, e de obrigação de frequência de programas específicos de prevenção da violência doméstica.
      5 - A pena acessória de proibição de contacto com a vítima deve incluir o afastamento da residência ou do local de trabalho desta e o seu cumprimento deve ser fiscalizado por meios técnicos de controlo à distância.
      6 - Quem for condenado por crime previsto neste artigo pode, atenta a concreta gravidade do facto e a sua conexão com a função exercida pelo agente, ser inibido do exercício do poder paternal, da tutela ou da curatela por um período de um a dez anos.

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    5. Tenho a maior das dúvidas em acreditar que os casos que descreve se enquadrem no artigo de lei referido.

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    6. Na faculdade, houve uma frase numa aula de Direito da Família que me marcou e à qual recorro ainda hoje inúmeras vezes: "o Direito deve interferir para regular uma família, quando esta for disfuncional, não se conseguir regular a si própria". Tenho muitas dúvidas que as situações que a Joana refere na sua publicação e às quais assistiu, sejam situações de famílias disfuncionais, nas quais a lei tem que intervir para que os direitos fundamentais de cada membro da família sejam garantidos. Aliás, considero ainda que, se colocarmos no mesmo saco a mãe/pai que dá uma palmada num filho para corrigir isto ou aquilo (e não estou a dizer que concordo ou discordo com isso) e a mãe/pai que diariamente bate no filho sem razão aparente, não lhe presta os cuidados básicos e necessários, que abusa sexualmente dos filhos e outras coisas que neste momento todos conseguimos imaginar, a aplicação da lei fica completamente desvirtuada e com certeza o legislador não pretendia regular estas situações da mesma forma.

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    7. K* obrigada por trazer alguma clarividência e provar que isto afinal não está povoado de gente sem o mínimo de noção (de um lado e de outro). O seu comentário, o da primeira S. mais acima e um outro comentário ajudam-me a manter a fé na humanidade, depois de ler este post e respectivos comentários...

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    8. Bem já que se fala em leis posso afirmar que se a criança é mesmo feia não será crime. Dizer a verdade não é considerado crime neste pais. Vamos lá deixar a lei penal fora desta situação que se fossem a prender todos os pais que dizem que as suas crianças são feias haveria muito "orfão". Isto é um problema cívico. Obviamente btem de ser resolvido mas, na minha humilde opinião, através de conscientização parental. Bjs e boas festas.

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  6. Isto para dizer que se acha melhor mãe que as outras.
    Daqui a 3 anos quando a sua filha começar a bater-lhe no meio do supermercado porque não lhe compra o que ela quer veremos se o amor resolve tudo.
    Você é como aquela "tarologa" da sic que a mulher liga para la a dizer indirectamente que é vítima de violência doméstica e ela responde que tem de dar mais amor, que se são violentos com ela só estão a pagar na mesma moeda.
    Se a sua filha lhe levantar a mão o que é que vai fazer? Po-la de castigo? Não pode, destroi a auto-estima. Dizer para não fazer isso? Também não pode, a criança tem de saber que pode fazer tudo, basta querer. E para além disso, não pode deixar as coisas a meio de serem resolvidas.

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    1. Na disciplina positiva diz-se para não fazer algo que está errado!! Não confundam, neste tipo de disciplina que a Joana defende os pais devem impor limites aos filhos. A diferença é na forma como se impõem esses limites: com autoridade mas sem violência (física e psicologica). Certo, Joana?

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    2. Todos os dias vou conhecendo como consigo lidar com a Irene sem recorrer a violência. Mesmo que tenha de mudar o meu tom para lhe mostrar como me sinto e que o que ela faz não me agrada opto por não a ofender ou castigar. Não é o tipo de relação que quero ter com ela e, aliás, esse tipo de resposta às situações, a meu ver, só dará mais trabalho porque ensinam medo e não como agir e com que fundamentos. Não quero passar os meus dias a gritar e a dar palmadas porque não consigo explicar uma coisa ou porque ela não entenderá como explico. Vou tentando melhorar, todos os dias. Não sou excelente, mas tentarei sempre ser melhor. Por ela e por mim que seria infeliz com esse mau ambiente também e relação com a minha filha que nenhuma mãe se há de sentir bem depois de dar uma palmada, mesmo que seja "a hora certa".

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    3. Se você estudasse e se informasse um pouco também não fazia figura de ignorante...
      Disciplina positiva não é deixar fazer tudo! Pelo contrário - estabelece-se limites e cumpre-se os mesmos com respeito para com a criança. O resultado é exactamente o contrário daquilo que diz. Agora a filha da Joana até pode fazer umas birras no supermercado, mas daqui a uns anos não - porque irá saber e compreender que não se pode comprar tudo o que gostaríamos, que se tem que comprar comida, etc... E, felizmente não irá aprender que se bater com força suficiente pode obter aquilo que quer - isso aprende quem leva.... ou aprende a bater de volta ou a ficar um escroque que só "bate" às escondidas porque sabe que é fraquinho... assim aqui como o/a anónimo/a

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  7. Joana, faz-me um pouco confusão o teu fundamentalismo e falta de empatia com outras mães. Espero que, quando falas em intervir, te estivesses a referir a passares por lá, pores a mão no ombro da pessoa e dizeres apenas "eles às vezes são difíceis, temos de ser fortes". Qualquer outra reação seria um pouco absurda (até prepotente). Mas é o meu ponto de vista. Os filhos não têm livros de instruções e a maioria das pessoas faz o melhor que sabe. Nem sempre é certo, nem sempre estaremos todas bem. Mas caem mal textos de suposta superioridade moral como este, sobretudo ao achares que por um episódio consegues saber ler todo o historial de uma mãe, de uma família. Lembra-te que tens ainda muitos anos de Irene pela frente. Mesmo que não batas, mesmo que não grites, não estás isenta de errar.

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    1. Comentário sensato e brilhante. É exatamente isto.

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    2. Obrigada pelo comentário :) Eu farto-me de errar. Quem acompanha o blog sabe que erro e que não tenho pudor em falar sobre isso. Acho importante que todas saibamos que isto da maternidade é, parece-me, muito por tentativa e erro. Compreendo que tenha lido o que escrevi dessa forma, talvez já embrulhada por outras opiniões passadas minhas tenha retirado essas conclusões. Eu fiz, precisamente, essa ressalva do contexto da mãe e que não a julgaria, que reconhecia até provavelmente alguns cenários que a possam ter conduzido aquele comportamento. Houve inclusivé, mães que o fazem que se sentiram inspiradas pelo texto a tentar melhorar por saberem que "não começou nelas" este tipo de relação. Por isso, fico feliz pelo meu texto ter surtido efeitos positivos nalgumas mães, as mães de quem falei no final do texto. Fazemos todos o melhor que sabemos, mas podemos ir além do que sabemos agora e tentar saber mais. É muito chato, deixa-me cheia de insegurança admitir que não sei nada, mas também me dá espaço para repensar muitas coisas que julgo já saber. E se erro... Escrevi a parte final do texto na primeira pessoa do plural, caso não tenha reparado.

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    3. Desculpa, Joana mas o que respondes não é o que sentes ou sentiste na altura. Se falas em polícia, na tua amiga que sabe o que fazer, as diligências a tomar e que tu não sabes como reagir, etc...é porque achas que aquela mãe é péssima mãe...és fundamentalista! Portanto, quando dizes "essa ressalva do contexto da mãe e que não a julgaria" julgas sim, julgas logo! Porque te achas TOP (como se diz agora).

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    4. Usei ambas as situações como exemplo para falar de maus tratos. Não disse que em alguma se deveria chamar a polícia ou não. Tanto que não o fiz. Ainda estou a processar qual a minha forma de reagir a isto. São exemplos que me deram food for thought.

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  8. Joana gostei do teu texto, e tens razão não devemos falar assim com os nossos filhos. Mas há muito mais por detrás disso. Quando a minha primeira filha era ainda bebé comecei a ler e a informar me sobre a disciplina positiva,.mas não e fácil e por aqui grande maioria das vezes não funciona. Os abraços ou o espaço Quando esta na birra então nao funciona mesmo! Se a agarro ainda me bate. Tenho que ser muito mais firme e isso involve ralhar com um tom bem mais acima! Mas faço esse pensamento diariamente "não dizer coisas que a danifiquem" e sim isso faço, nao fizemos coisas como na ou feia.. Mas admito que ja me saiu um "es tão teimosa"

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    1. Exactamente. Por aqui é igual, tento aplicar a DP, mas sem fundamentalismos, até porque o que resulta com uma criança pode não resultar com a outra, é temos que adaptar as estratégias. Mas evito ao máximo essas expressões "és feia", "és má", etc. O que já me saiu foi "tens mesmo o feitiozinho da tua mãe"

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    2. Maria, isso também é um equilibrio que estou a tentar perceber como se faz. Se mudo um pouco o tom já me sinto culpada, mas depois falei com algumas amigas que me fizeram ver que os miúdos também têm de reconhecer as emoções em nós. Isto é: se a mãe está zangada, não é por estar sempre a falar-lhe no mesmo tom, calma, como se estivesse com quarenta valdispert em cima, que ela irá perceber toda a gravidade da situação. Vamos tentando, explicar, com calma, mas temos que lhes mostrar que nos afecta. Estou nesse processo!

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    3. Oh Joana, mas claro!! Os pais são humanos, não são robots, stepford wives sempre fofinhos que aceitam ser feitos gato sapato! O que é que isso ensina de bom às crianças? Não é disciplina positiva, não é nada! A DP não é permissividade, olhar de forma benevolente e sorridente quando uma criança ultrapassa todos os limites - que vai querer ultrapassar, faz parte de crescer. Acho que está um pouco confusa. A primeira abordagem deve ser, sim, explicar, falar calmamente, abraçar. Mas muitas vezes e com muitas crianças isso não é suficiente. Zangamo-nos, falamos mais alto e com mais dureza, tem de ser, os meninos têm de perceber que existe uma linha que separa o aceitável do não aceitável e se alguns (não conheço nenhum, embora me digam que fui uma criança assim) vão lá com explicações e carinhos, outros não ou nem sempre. Bater, ainda para mais na cara, devia estar sempre fora de questão, mas se algum dia, particularmente exausta, der uma palmada no rabo da sua filha, descanse que ela não vai ter de "sobreviver como pode à sua presença" e ao seu "ódio e raiva" (como se...), nem vai ter nenhum recalcamento. Calma. Equilíbrio e bom senso, adaptação nossa e das nossas teorias aos filhos e às situações que temos, sem estar sempre a lançar mão dos livros, mas mais do nosso instinto e do nosso coração.

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  9. Soube de uma história que se passou num supermercado há uns tempos, na minha zona habitacional. Um menino chorava imenso porque queria um computador de brincar, berrava na fila da caixa... A mãe explicava que não podia ser, já tinha um! E ele continuava a esperneia ao colo da mãe, até que, depois de muito insistir... A mãe levou um valente murro na cara! E o que fez a mãe??? Passou o menino para o pai e foi buscar o computador. Moral da história: tirem as vossas conclusões ;) Soraia

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    1. "Pequenos monstrinhos" Só pela expressão se nota o seu carácter, pela forma como se refere a crianças e aos seus padrões de educação se consegue perceber a falta de inteligência emocional e provavelmente de qualquer outro tipo. Se calhar a forma frustrada com que vive a covardia e falta de coragem para resolver problemas com adultos, faz com que tenha essa postura para com as crianças. Tenho pena de si que deve ter sido muito mal criada e com pouco amor e pena das pessoas que se cruzam na sua vida, pois é um ser humano horrível.

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    2. Pois. Medo, muito medo!!! Mas pelos vistos assim é que deve ser. O menino quer, o menino tem.

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    3. Ora aí está o resultado de uma bela educação... Vai ser lindo o futuro desta sociedade...

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    4. Ora aí está um exemplo do que NÃO é disciplina positiva!

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    5. Soraia, a história revela infelizmente muita dor e cansaço e talvez esta mãe também se sinta perdida. Mas, por favor, não julgue que toda a educação que se dê sem agressão física ou verbal por um exemplo em que a mãe não soube que mais fazer. Há várias soluções a caminho que mesmo não humilhando, causando dor ou medo, poderão ajudar as famílias a viverem mais harmoniosamente.

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    6. Isso pode ser muita coisa mas não é, certamente, disciplina positiva.

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  10. Ola joana. Percebo a mensagem que quer passar com este testemunho, e em grande parte concordo com ela. Dizer coisas como "és feia ou "és má" em nada contribuem para uma criança que se está a portar mal, so vão fazer com que se sinta mal com ela mesma, no entanto, acho que não podemos ser fundamentalistas, e volta e meia la teremos que dar um berro para eles nos ouvirem e perceberem que o que estao a fazer ou como se estão a comportar não é aceitável. E obvio que nos sentimos culpadas por isso depois, mas ha dias em que a paciência está mais pequena e por muito que queiramos ser inteiramente positivas e não nos passarmos com um berro é difícil.
    Quanto a intervir, acho que depende do que estamos a presenciar, mas sim,como já vi aqui comentarios, a intervenção a meu ver, deve ser em tom de ajuda pata a mãe e nao de julgamento.

    Beijinho

    Joana

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    1. Olá Joana, é esse o equilibrio que temos de ir descobrindo. Eles têm de ir conhecendo as nossas emoções - até para irem conhecendo as deles. Eu dantes nunca falava com um tom mais grave, agora já o faço. Talvez também haja idades mais adequadas... Não conseguimos ser robots, caramba! Eles têm também de saber como lidar com as situações quando sentem frustração ou raiva e é isso que ensinamos quando nos comportamos nessas alturas de crise. Lead by example - agora que é difícil... caramba! SE EU SOUBESSE!!!! ahaha Mas já perdi o talão ;)

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  11. Joana, se calhar não vale muito a pena este tipo de posts. Porque não há muita gente que entenda, e ainda menos que tenha experiência a educar sem violência (em Portugal, porque há países onde a maioria é educada sem palmadas milagrosas e até são dos países mais civilizados!! Ena!). Não percebem que a disciplina positiva não é permissividade, não é ser pai ou mãe perfeito que nunca grita nem se passa da cabeça, nao percebem sequer a diferença entre uma mãe que perdeu o controlo e deu uma palmada e uma mãe que da palmadas todos os dias a toda a hora ou que passa 15m a dizer à filha que ela é feia, a ameaça-la, a humilhá-la, e a criança nem chora, é apenas mais uma sessão deste tipo de educação. As educações não têm todas lugar, não. As que se revestem de violência diária continua, não podem ter lugar. Se protegemos as mulheres dos maridos em violência doméstica (ou os maridos das mulheres), então não temos que proteger os filhos de serem violentados? Volto a dizer, não estou a falar de um descontrolo pontual, de uma situação limite, que eu sei que acontece (been there), mas que depois é trabalhada, junto com a criança e interiormente, para que não se repita, porque sabemos que é possível educar sem violência. E educar sem violência é ensinar respeito, ordem, autoridade, cooperação, compaixão e amor. Tudo isso tem lugar na disciplina positiva, não se trata de deixar os meninos baterem nas mães e a seguir ir comprar o computador que o menino pediu.

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    1. Olá Ana, vale, vale. Tenho recebido mensagens de mães que se sentiram inspiradas pelo texto e que perceberam porque é que o que lhes sai "automaticamente" às vezes é tão envenenado. :) Só por isso já fico muito, muito feliz! Obrigada pelo teu comentário :)

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  12. Como educadora e professora já vi e senti alguns episódios que me fizeram pensar. Tenho as teorias todas, alguma prática e ainda hoje digo que não existe um modelo mais correto ou mais certo de como educar uma criança. Sempre com amor, sim. Mas com regras, limites (ainda que invisíveis por vezes). A educação positiva na minha humilde opinião deve ter nãos à mistura e a não cedência de muitas coisas que à partida fariam as nossas crianças felizes, mas pequenos ditadores). O que me assusta mais e às vezes quase que tenho pena são os pais, que perante birras monumentais dos filhos são olhados e examinados, quando muitas vezes aquele era de facto o seu melhor. Ao retirarmos praticamente todos os nãos e todas as frustrações das crianças estamos a deixar de as preparar para o mundo real e no dia em que tiverem uma contrariedade na vida aí sim, esperneiam e não vão saber lidar com emoções. Hoje em dia protegemos demasiado as crianças, em todos os sentidos. O amor é mais simples que isso e por vezes envolve olhos bem abertos, ralhar e um não, tal como envolve abraços, mimos e respeito.

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    1. Claro que sim. Os "nãos" são muito amor. Dão trabalho, causam desconforto no momento e, por isso, muitas das vezes são a solução adequada, seguindo-se até ao fim, digo eu.

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  13. Joana, lamento, mas não consigo ver algo e ficar calada. Na sexta-feira estava a mostrar Zurique a uns amigos e levava a minha bebés nos braços numa tentativa de ela adormecer, ou seja, estava ocupada e distraída, mas mesmo assim ouvi um bebé chorar e fiquei a ver de onde vinha o som. O cenário era uma mãe a abanar o carrinho -sem olhar lá para dentro - enquanto falava com uma amiga. O filho deveria ter uns 6/7 meses com um gorro a tapar-lhe a cara até ao nariz. Quando final alcancei a mãe, arranjei maneira de lhe tocar na ombro e dizer-lhe que o filho dela não via.

    A senhora finalmente olhou para o filho e retirou-lhe o gorro da cara. Ficou ligeiramente envergonhada, porque os "suíços" não gostam de ser chamados à atenção, principalmente por uma estrangeira.

    Penso que devemos sempre intervir, porque naquele momento a criança sente que teve o apoio de alguém.

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    1. Ontem falei com uma amiga que me deu esse lado da questão que nunca tinha pensado. Um adulto ao "intervir" está também a mostrar à criança que o mundo não é um sítio repleto de adultos iguais, que poderá haver alguém que a proteja e que não está sozinha. Hmm...

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    2. "Um adulto ao "intervir" está também a mostrar à criança que o mundo não é um sítio repleto de adultos iguais, que poderá haver alguém que a proteja e que não está sozinha" - presunção e água benta cada um toma a que quer. Vá fazer voluntariado a uma associação que ajude crianças em risco (crianças mesmo em risco, não são estas tretas) e depois venha cá falar. Que chorrilho de disparates, Deus meu.

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    3. Anónimo, já fiz, obrigada pela sugestão, mesmo assim.

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    4. Anónimo, não irei discutir consigo, apenas dei a minha opinião sobre o texto da Joana.

      P.s.: Já fiz bastante voluntariado e também já trabalhei numa creche com crianças vindas de famílias de risco/problemáticas. Daí dizer que devemos sempre intervir. As crianças desde pequenas necessitam de amor, apoio e claro educação. Se houver pelo menos um adulto nas suas vidas que dê o exemplo, acredite que fará alguma diferença.

      Bom Natal :D

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    5. Já o fez, ainda bem, eu também já o fiz e faço. E sei, por isso mesmo, que há casos e casos. Há crianças e pais que, realmente precisam de ajuda. Mas precisam de um olhar empático e de um coração aberto e não de uma mão cheia de pedras nem de ameaças de lhes retirarem os filhos. Com isso é que ninguém beneficia nada. Nem os filhos.

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    6. Débora, sou a anónima das 11:14 e 11:57 - o meu comentário não era dirigido a si, era uma resposta à resposta da Joana ao seu post. Não vejo nada de errado com a sua abordagem e claro que devemos dar o melhor de nós às crianças. Agora, não podemos, sob pena de sermos totalmente fora da realidade, querer ser uma solução colocando-nos à frente dos pais, ou por cima deles para mostrar à criança que não está sozinha, do género: "olha minha menina, a tua mãe é uma besta, mas eu estou aqui para te ajudar". Isto é uma observação de quem não tem a mínima ideia do que são maus tratos, do que é abuso e do que são só formas diferentes de educar. Pegando num exemplo da cultura popular, vejam o caso retratado na série this is us (aliás, série que retrata a humanidade com excelência), relativamente ao "foster parenting" da parte do Randall e da Beth à menina Deja. Foi uma lição difícil de aprender, mas a solução humana não podia ser outra.

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    7. Já fiz voluntariado, e ainda o faço e até já fiz em África, isso sim é triste.
      Mas se vir algo intervenho e não me calo.Ninguém está a dizer que se vai pôr contra os pais, claro que não.

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  14. Juro que não entendo!! Então só existe uma forma de disciplinar?? Não bato à minha filha, nem a chamo de feia ou má, e educo-a à base do amor, carinho e paciência. Isso não significa que pode ter tudo o que quer ou fazer tudo o que quiser. Mas uma voz firme e uma atitude consistente e constante é o suficiente. Naturalmente há pessoas que não o fazem e descrevem exemplos aleatórios. Mas é possível sim. Dá trabalho. Exige muito controlo dos pais. Mas é possível e é o melhor para todos. Como queremos que as crianças nos respeitem e controlem as suas emoções se nós adultos não o fazemos??

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    1. Dá muito trabalho... a sério que dá, mas acho mesmo que as outras soluções nos cansam muito muito mais e nos deixam a todos muito mais infelizes...

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    2. Precisamente Joana. Continue o excelente trabalho, é uma inspiração.

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  15. Joana, concordo que, em teoria, não é o discurso apropriado, mas às vezes o "és feia" já é um último recurso. Tenho uma filha de 20 meses, que foi muito desejada. Sempre sonhei ter uma menina doce, meiguinha, daquelas que aparecem nos posts dos blogs. Mas a minha amada filha é uma reguila, desafiadora, que se porta mal, mesmo tenho uma mãe que a educa, que lê sobre o assunto, que é interessada. A minha filha levanta-me a mão e, se eu me distrair, dá-me um estalo em público. A mim e a outras crianças! E eu faço o quê, depois de tentar, em vão, usar todas as técnicas que vêm descritas nos livros? Educar uma criança dócil deve ser uma maravilha, mas não passamos todos por isso!
    Hoje fiquei triste com este texto e com o julgamento tão precipitado e tão injusto que acaba por também me fazer. Ódio, raiva, a minha filha sobrevive como pode à minha presença?!! Joana...

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    1. Olá, Anónimo. Trata-se de um texto generalista que usou as duas situações descritas como exemplo. Ajudou-me muito perceber porque é que as crianças batem mesmo quando nunca ninguém lhes bateu. Li um dos livros da Magda Dias (bastante simples) que me deu outra perspectiva e isso ajudou-me a deixar de ver a Irene como reguila e, portanto, de a deixar tratar como tal. Muita coisa mudou desde aí. Usar já em "último recurso" é melhor do que usar com mais frequência. Qualquer passinho já é melhor :)

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    2. Um beijinho para si, que é uma mãe real e com bom senso. E com uma criança normal, também, há, sim, meninos mais difíceis que outros e no seu caso sei que tem de se armas com doses extra de amor e paciência, mas como é humana, também tem o seu limite. A Joana passou-se neste texto, claramente tem traumas e coisinhas não resolvidas da sua própria infância. Ódio, raiva, sobrevivência relativamente às situações que relatou...claramente expressões de quem não sabe o que são verdadeiros maus tratos.

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    3. Atenção que as crianças até aos 4 anos "batem" porque não sabem lidar com a frustração/ansiedade e negação! Anónimo das 9h23, a sua filha vai parar com esse comportamento, não se preocupe!

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    4. Repare, anónimo, tudo é menos mau que outra coisa qualquer. Mas, nem por isso, deixa de ser um problema. Uma guerra pequena é menor que uma guerra maior. Um surto é menor que uma epidemia...

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    5. Anonima, não concordando com tudo o que a Joana escreveu, não posso deixar de notar em como disse "Sempre sonhei ter uma menina doce, meiguinha, daquelas que aparecem nos posts dos blogs". E - parece-me - que isso pode ter muito que ver com a sua 'desilusão' de filha (não me interprete mal, por favor, não é uma critica). Possivelmente a sua filha sente o seu desejo de uma filha ideal (meiga,doce) em detrimento da filha que tem... será isso que a leva a querer chamar a sua atenção sendo mais reguila? Muito importante que as nossas expectativas não nos toldem de ver o que temos na realidade à frente (e o mesmo é válido para os maridos: queremos o marido que temos, ou o que idealizamos? Secalhar não é o mesmo...)
      Isto não é mais do que food for thought - pais que sonham com filhos com certas caracteristicas (seja sexo, comportamento, aspecto fisico) têm mais resistencia em aceitá-los como são, o que só dificulta a relação entre os dois.
      Bjs e tudo a correr bem com a sa familia.

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    6. C, obrigada mas de facto a narrativa que criou a partir da palavra sonho não corresponde de forma alguma ao meu sentimento nem àquilo que expressei.

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    7. Peço desculpa mas tenho 3 filhos e deixe-me dizer-lhe que 20 meses é muito cedo para definir a personalidade da sua filha. Eles passam por tantas fases... Muitas dessas fases moldadas essencialmente pelo nosso estado emocional. Não rotule a sua menina tão cedo. Isso é meio caminho andado para ela se tornar no que acha que ela é. E neste momento ela é só uma bebé a experimentar muitas emoções novas. Olhe para ela só assim e vai ver que o comportamento dela melhorará só por isso. Só pela forma como a encara. Claro que lhe deve mostrar sempre que um comportamento não é aceitável com um firme não e cara séria. Mas depois ponha o "contador" a zero e esqueça a situação anterior. Beijinhos e felicidades.

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  16. Desculpe Joana. Também gostava de ter mais coragem para intervir, saber o que fazer, onde me dirigir, como ajudar. Parte-me o coração estas situações. E tal como eu já precisei de ajuda, sinto que devo fazer alguma coisa. Mas tal como antes, o medo está sempre presente.

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    1. Pedi a esta minha amiga para nos dar umas luzes de soluções, a ver se ela consegue escrever hoje :)

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  17. Eu acho que nao podemos julgar apenas por uma situacao. ainda q nao seja desculpa todos nos temos os nossos dias. Na minha profissao e depois como mae aprendi a nao julgar ninguem nem os seus atos. Posso nao concordar mas ficamos por ai. Tento todos os dias olhar para o meu filho e para os seus comportamentos e nao considerar que o meu filho e o comportamento que tem A expressao “es feia/o” e daquelas que mais me faz comichao, nunca disse e espero nao dizer. Dizer ”o q fizeste foi feio ou nao foi bonito” parece me mais adequado e nao considerar o meu filho feio pq fez algo q nao devia.Nao sou adepta de chapadas e nomes ate pq nao e isso que pretendo q ele aprenda mas aqui os abracos e outras coisas tb nao funcionam nas birras pq tal como alguem referiu o feitio deles nao sao apenas frutos daquilo que plantamos. Esta mais q provado que somos fruto da genetica e do meio em que crescemos, e a parte genetica conta cada vez mais ou seja muito ja nasce connosco e por isso o q funciona comigo nao funcionara com o proximo. Ja me passei e dei chapadas, poucas, mt poucas apesar de saber que nao queria faze lo, todos nos passamos de vez em qd. Essa mae e a filha serao no futuro aquilo q farao delas e isso cabe a cada um. Nao podemos intervir em tudo ate pq alguem pode nao gostar daquilo q fazemos aos nossos e fazer o mesmo. e uma situacao que nao e tao linear assim...de certa forma e violencia, psicologica mas violencia e as x tem mais efeitos q a fisica mas...que fazer...

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  18. O segredo e o meio termo e o bom senso...fala-se do fundamentalismo da joana mas tb vejo por aqui outro tipo de extremos. Nem tanto ao mar nem tanto a terra. Joana, se conseguir fazer disciplina positiva com a Irene apenas e resultar, parabens e continue...esta no bom caminho. Quanto ao resto ha tanta coisa que vemos outros pais fazerem e q nao concordamos q dariamos em loucos se fossemos intervir em tudo.

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  19. Generalizar é sempre muito mau. Nada justifica bater a seria....uma palmada ou beliscadela as vezes é preciso não q magoe. Isso não,mas a minha filha com birra não lida com abraços....se abraças bate na pessoa....se falas com ela frustrada bate em ti e nela. Em casa deixo acalmar e converso....na rua onde se pode por em perigo por tentar fugir ou se magoar...agarro nela sim a força e já a magoei de tanto a agarrar....mas a alternativa era ela fugir para a estrada pq fez a birra a atravessar a passadeira....quem me viu 5 min após a passadeira pensou mal de mim....de certo eu a agarrar ao colo com uma força tremenda um furacão de quase 4 anos bater os pés e aos gritos larga me....quem viu 5 minutos depois n sabe que agarrei assim pq fez birra na passadeira e ia fingindo de mim....entre ela ser atropelada e eu a magoar a agarrar....só parou no carro.. ao fim de muito tempo....nem o truque de fazer barulho ou gritar....ela parou....Depois falei com ela e no banho vi as marcas dos meus dedos e pedi desculpa e expliquei de novo....felizmente com a idade ela já raramente tem estes acessos....mas quem me tivesse visto diria o que? Se já disse que era feia talvez me tenha saído uma vez mas corrijo sempre o teu comportamento é feio não se faz....O pai quando o diz e esta irritado corrijo....mas desculpem nem sempre dá para manter a calma e a Joana nunca comenta o que as crianças fizeram para levar as mães aquele extremo

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  20. Deus....tanto fundamentalismo...tanta teoria rebuscada...Uma mãe que está frustrada..exausta pode dizer uma asneira não sentida sem ter recalcamentos de infância. A criança pode ser/estar muito difícil...e às vezes uma mãe diz aquilo que não devia. Bater na cara? nunca..jamais faria isso à minha filha (que tem a mesma idade da Irene), nem agora nem mais velha, mas já dei palmada no rabo ou na mão. E não, não é com o objetivo de magoar. E já disse estás a portar-te como uma menina feia e tu és uma menina linda, por isso não se faz mais isso. Não me parece traumatizada..é uma criança com birras e muitas qualidades igual a todas as outras da sua idade. Enfim..a psicologia/educação positiva é muita engraçada, mas não com criancinhas cheias de birras aos 3 anos. Beijinhos duma mãe que ama a sua filha mas é realista :)

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    1. Muito bem. Há uma frase que diz (tradução livre): sê gentil com os outros, nunca sabes as batalhas que estão a travar. A Joana é rápida demais a julgar, pouco empática com as outras mães, curiosamente, uma vez que prega a empatia até ao ponto de ser forçada. De duas situações pontuais não pode retirar um estilo de parentalidade, sabe lá o que sentem essas mães nesse momento, sabe lá o que passaram nesse dia, se estão exaustas, sabe lá se as crianças estão particularmente difíceis. E não, não é por ouvir uma coisa dessas que a criança vai ter eternos recalcamentos, calminha. Não se bate numa criança, muito menos na cara, não há desculpa para isso. Não se chama nomes a uma criança. Mas isto é a teoria, na prática a vida real corre de forma diferente e ninguém está livre de errar. Achar, como a Joana e a sua amiga que casos desses merecem intervenção de entidades competentes é que dá verdadeiro medo. Que horror.

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    2. Boa, é mesmo isto!! O melhor comentário de todos!

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    3. Eu não disse que eram "estes" casos. Usei-os como exemplos um de agressão física e outro de agressão verbal.

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  21. "Cada caso é um caso" uma frase que se ouve muito mas que eu acho correcta. Tenho 2 rapazes o mais velho levou duas ou três palmadas (calma... uma em cada situação) depois de muita argumentação que não dava resultado, o mais novo bastava elevar e endurecer o tom de voz, isso nunca resultou com o mais velho, bem pelo contrário parecia que ainda fazia pior. É a educação correcta? Não sei mas comigo deu resultado. Hoje um tem 17 anos e o outro 13 e são elogiados em todo o lado como uns bons meninos. "Cada Caso é um caso"!!

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  22. Quando fui mãe, li algures uma frase que me marcou, passo a citar: "Quando somos pais seguimos um de duas vertentes, ou perpetuamos o estilo de parentalidade que praticaram connosco ou quebramos o paradigma e tentamos aplicar o nosso próprio estilo de parentalidade"

    E ainda hoje esta frase me faz tanto sentido...

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  23. Nem tanto para um lado, nem para o outro. Se concordo que os nossos actos e palavras moldam para sempre as crianças, nem sempre a DP da a resposta na situação aguda... E o que fazer? Pais em crise, criança em crise. No seu caminho da sua independência e testando limites (3A), Muitos são os desafios e acredito que elas têm que ser balizadas..são bebés. Não acredito que , como refere, a sua amiga que intervém "a sério" seja a solução... Ter uns pais que se sentem ameaçados, com medo de perder os filhos por um erro (que as vezes vem ou por falta de conhecimento, cansaço, experiência vivida... N motivos), não me parece justo. Tiram-me os filhos por coisas assim... E na maioria das vezes essas consequências nessa criança são bem piores.muito piores. E o problema perpetua-se.

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  24. Essa senhora que faça um favor: fique mas é em casa e não incomode as outras pessoas. Devia ter vergonha.
    Nunca vi como agora que os paizinhos têm de levar os miúdos para todo o lado. É irritante! E o pessoal que os ature: é cafés, restaurantes, supermercados. Levem mas é as crianças a brincar para locais onde podem estar à vontade.

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  25. A história de "uma palmada na hora certa só faz é bem" tem muito que se lhe diga. É preciso entender bem qual é a hora certa em vez de ser sempre que os pais perdem a paciência.
    Também acho horrível que se fale assim com os nossos filhos. Nunca falei assim com a minha filha. Já perdi a paciência muitas vezes mas nunca fui capaz de lhe dizer tamanha barbaridade. Não há desculpa para se dizer isso. São os nossos filhos! Que amamos mais que tudo! Temos que dar amor! Mesmo quando lhe dizemos que não podem mexer em tudo e o fazemos num tom mais sério temos que ter cuidado com as palavras. Choca-me haver pessoas que achem a situação que descreveste normal. Percebo que haja mães que precisem de ajuda, mas ainda assim... Caramba! São os nossos filhos! O nosso tesouro! Que nos lembremos sempre do quanto os amamos.

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    1. Tamanha barbaridade? Opá a sério pessoas, menos... muito menos. Vocês sabem lá o que é uma barbaridade.

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    2. Eu acho que a minha filha é linda enquanto criança/pessoa. Destruir lhe a autoestima dizendo lhe várias vezes que é feia parece me uma barbaridade. Ou para si barbaridade é só de outro tipo de ofensas para cima?

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    3. Eu acho que o meu filho é lindo enquanto criança/pessoa. Destruir-lhe* a auto-estima dizendo-lhe várias vezes que é feio parece-me que seria parvo/momento de descontrolo profundamente desnecessário mas shit happens. Se algum acidente grave acontecesse ao meu filho isso sim seria uma barbaridade. Se algum dia lhe chamar feio num momento dessed vou retratar-me e pedir-lhe desculpa e ensinar-lhe que às vezes erramos e devemos pedir desculpa. For the record nunca chamei feio ao meu filho, mas como não sou a melhor do mundo "amanhã logo se vê". Agradeço por ter mundo suficiente para saber distinguir uma barbaridade de um momento infeliz e sinto pelas crianças que são educadas como se fossem adultos sem o serem (e imagino quão perdidas de devem sentir às vezes), tendo que tomar decisões sem que o seu o pequeno cérebro tenha maturidade para isso, mas também não acho que isso seja uma barbaridade.
      *obviamente nunca usaria esta palavra, mas tinha que fazer a piada.

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  26. Olá Joana, Como já deu para entender é um assunto que tem muito que se lhe diga. Mas obrigada por publicar estes temas de Disciplina positiva, porque fazem-me reflectir nas minhas acçoes como Mae.
    Nunca fui criada com violencia, a palmada ocasional mas nada grave.
    Ultimamente, com uma criança com problemas de ansiedade que entra diariamente em espirais de descontrolo emocional e às vezes agressividade (nao sao birras, é muito mais que isso), juntando a isso uns Pais que nao dormem há muitos anos, com um ultimo ano especialmente complicado em termos de privaçao de sono, já dei por mim a perder a cabeça e a ser borderline abusiva com a minha filha: palmadas, gritar com ela, agarra-la bruscamente...nao funciona claro e nao sei de onde é que isto vem. Estou a fazer psicoterapia com a minha filha para tentarmos ultrapassar isto mas mesmo assim, sei que se visse alguém a fazer isso a uma criança iria achar extraordinariamente inaceitável.
    Isto tudo para dizer que sim, os exemplos que vai dando ajudam, muitas vezes tento desarmar as crises com abraços, com macacadas, com conversa e às vezes funcionam.

    Queria só deixar este pequeno testemunho...

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  27. Parece-me óptima a dica do anónimo das 10:11... Só se esquece é que é importante que as crianças convivam em diferentes ambientes e aprendam a comportar-se... é fácil? não, nem para os pais, que acabam por ser postos à prova quer pelas crianças, quer pelos restantes adultos que "ui que horror! crianças! não tenho que aturar isto...", ou pelos outros que julgam os pais porque trouxeram as crianças, porque ralharam à criança, porque não ralharam à criança... e podiamos ficar assim o dia todo nisto...
    Sou mãe de 3, adoro todas as ideias de parentalidade positiva, mas saem-me berros às vezes, e sacode pós também...
    Joana, concordo muito com muita coisa que diz, mas se me visse a ir buscar o meu filho à creche, em que ele vinha a berrar para casa desde que saia da creche até casa, sentiria certamente vontade de intervir, assim como muitas das pessoas por quem eu passava na rua... o que viam era apenas uma mãe com 4 crianças... a que ia pela mão ia a berrar como desalmada, e a mãe com ar tresloucado a apertar aquela mãozinha de 3 anos com força. Isto é o que viam. O que se passava na realidade é que as 2 crianças mais velhas já têm algum juízo e já sabem, comprovadamente, comportar-se na rua, atravessar estradas e afins, o que ia a berrar é distraído, facilmente começa a correr para onde lhe dá na gana, já lhe expliquei a importância da atenção na rua, de dar a mão para segurança dele, já falei tudo com calma, já expliquei, e imagine-se, também experimentei deixa-lo ir de mão dada com as mais velhas... não resultou... depois de alguns dias a berrar percebeu que tinha que dar a mão, ou então tinha que ouvir o que se dizia... Agora dá a mão para atravessar a estrada, e vai a brincar com as mais velhas... Foi fácil? não! não foi para mim, não foi para ele, nem para quem estava nas esplanadas quando passamos... e sei que corri o risco de uma "Joana" me vir falar, ou de me aparecer a proteção de menores a casa... mas são assim as nossas vidas...
    Há uma série de situações que vejo e também me apetece intervir... Quer para o lado do "isso foi de mais", quer para o lado do "devia ser feito mais"... mas não me mexo, pois sei que simplesmente nada sei do que estou a ver, não sei o que se passou antes, nem o que se vai passar depois...

    Tal como em tudo, é preciso bom senso e empatia...

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    1. ora nem mais...tem dias...em que vamos as duas buscar o pai já passa das 21h...tem que ser..não há dois carros..não há outro transporte...ela já está cansada...é birra pra sair do apartamento..é birra pa entrar no carro...o que se vê? uma mãe a carregar uma miuda aos berros ao colo...a espernear..que deita-se no chão à porta do carro..uma mãe exausta que depois de se baixar para falar...tentar levantar-lhe...dá uma palmada e põe-lhe no carro a dizer em tom mais autoritário: acabou! vão chamar as autoridades porque tenho que acabar com a birra de sono e tenho um marido à minha espera? temos que ser menos intransigentes com os outros...Volto a repetir o que disse mais acima...seria incapaz de bater na cara..ou de dizer que ela é feia...mas há dias em que me apetece sentar no chão ao lado dela e chorar de cansaço.
      PS: antes que pensem que tenho um monstrinho em casa, a minha filha é muito doce e porta-se bem na grande maioria das vezes..é igual a todas as crianças de 3 anos...mas há dias e dias...o meu anjo tem dias que não é anjo :)

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    2. Nat, é isso tudo. E penso que é mais fácil educar um só filho, e muito fácil mandar postas de pescada nestes casos.

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    3. Nat, mas há uma diferença grande entre ir pelo passeio de mão dada com uma criança que grita desalmadamente e dar-se um estalo na cara, não? É que para o primeiro caso, imagino facilmente uma série de razões para isso (a mais simples é a criança não querer ir de mão dada mas ter de ser), nem sequer me parece maus-tratos (uma criança que faça uma birra não está a ser vítima de maus-tratos, está a ser criança!). No segundo caso, há um gesto de violência (seja qual for a razão, dar uma estalada é violento, não há grande volta a dar a isto).

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  28. Epá, ninguém no seu perfeito juízo (a não ser que seja naturalmente perturbado), bate aos filhos só porque sim. As pessoas lidam com a educação dos filhos o melhor que conseguem. Tal como já se foi dizendo aqui, não podemos descontextualizar. Um pai/mãe pode estar exausto, pode perder a cabeça e a seguir pode chorar baba e ranho por não conseguir fazer melhor. Nada disto que ali está no post são maus tratos, é simplesmente a forma de lidar com uma situação adversa. Muitas vezes uma palmada não deriva de uma educação rígida ou autoritária dos próprios progenitores, nem significa que se ama menos. A Joana tem razão em muitas coisas que diz, mas por vezes as crianças não querem dialogar e a vida não para porque as crianças não querem dialogar. Nem sempre se consegue respeitar o espaço/tempo das crianças. Bater é errado? Claro que é. Às vezes faz milagres? Faz sim senhora. Os miúdos ficam traumatizados para a vida? Provavelmente não. Educar é uma aprendizagem, por muito que se leia ou ponham em prática teorias, estas não funcionam. Retirar filhos aos pais ou fazer queixa por situações como as descritas no post? Meu Deus, é não conhecer o mundo da institucionalização de menores...de qualquer modo, a Joana faz bem em difundir este tipo de parentalidade positiva, não pode é arrogar-se como dona da verdade.

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  29. Lindo lindo é ver uma criança de 3 anos a bater à mãe, que se mantinha impávida e serena e lhe dizia que ia telefonar ao pai. Se calhar também deveria ter intervido ou então ter chamado a polícia.

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    1. Intervindo.

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    2. Obrigada. Também reparei, mas já tinha carregado no publicar. 😊

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  30. Já vamos em 86 comentários já muito se disse, mas realmente não consigo ficar indiferente e não dizer nada.
    Nunca bati no meu filho na cara, bom nem em lado nenhum, só umas 2 ou 3 vezes umas palmaditas de sacudir pó das calças, não acho de forma alguma que se deva fazê-lo. Nem dizer "és feio" - completamente diferente de dizer "fizeste uma coisa feia".
    E consigo perceber que a Joana relatou estes dois casos como "exemplos". Mas exemplos, exactamente do quê? Do que não se deve fazer? Certo.
    Mas quando falamos em intervir "a serio" estamos a falar do quê? Fazer queixa à protecção de menores porque uma mãe chamou feia à filha? Ou deu-lhe uma chapada? Uma vez? Não sabemos se foi uma vez ou se é a toda a hora... Certo, precisamente por isso é que intervir " a sério" parece-me um pensamento perigoso e completamente desproporcionado quando acompanha o relato destas duas histórias.
    Joana, e se algum dia der um berro à sua filha porque estão ambas a ter um dia péssimo (sim, acontece a todas) e em vez de dizer "ah fizeste uma coisa feia", disser "ah que feia" e alguém decidir do alto da sua sapiência de quem a observa à 5 minutos decidir intervir "a sério"?
    Anónima Catarina

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  31. Eu sou totalmente apologista de não se julgar “o livro pela capa”, de não se julgar à primeira ou por um caso isolado sem contexto. De qualquer forma, há julgamentos e julgamentos. Não consigo, por muito que quisesse, não julgar alguém que dá um estalo na cara de uma criança ou que fica por vários minutos, repetidamente, a chamá-la de feia. A violência deve ser sempre, sempre condenável, seja qual for a circunstância. Até porque, aos nossos filhos - espera-se, pelo menos é o mais comum - ensinamos que não se bate, etc e tal. Vamos ensiná-lo com violência? É, quanto mais não seja, um contrasenso.
    Eu, adulta, faço milhares de birras, zango-me, chateio-me, fico frustrada. A única diferença é que adquiri ferramentas para saber lidar com isso, coisa que, naturalmente, não é igual com as crianças. E eu também não vou desatar a bater nas pessoas para fazer ver o meu ponto de vista: seria imediatamente condenada.
    Outra coisa: a questão dos julgamentos deve ser válida para os dois lados. Ora, não entendo o porquê de tanto de julgar a Joana por mostrar o seu ponto de vista, aquilo que sente e o que quer construir com a Irene (de forma tão honesta e verdadeira). A empatia é válida para aqui também.
    Eu sofri muito, muito mesmo, toda a vida. A minha relação com a minha mãe sempre foi tremendamente complicada. Sofri muita violência - fisica e verbal. Hoje, aos 26 anos, sou feliz, quase casada, com projetos de futuro, estável financeiramente, com o melhor namorado do mundo e um grupo de amigos tão forte e sólido que não podia pedir mais. Mas... o que passei deixou marcas. Grandes. Enormes. Muitas feridas que se manifestam naquilo que sou hoje.
    Por isso, consigo tanto por-me no lugar da Joana, ainda que não concorde exatamente com tudo. E sei bem aquilo que quero para os meus filhos, como a Joana, de forma tão verdadeira, também o sabe.

    Teresa

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  32. Mas desde quando é que dar uma palmada num filho/a é maus tratos?? Algo de muito errado se passa na cabeça das pessoas! Na infância levei algumas palmadas na hora certa, obviamente sem magoar, mas no sentido de repreender e não tenho nenhum trauma, acho que só me fizeram bem e agradeço toda a educação que me foi dada! Não é por isso que desato à chapada às pessoas na vida adulta!
    Os pais não se caraterizam só pelos "nãos" e pelas palmadas, mas sim por tudo o resto que dão aos filhos! É preciso que as crianças percebam os limites, que percebam que os pais são a figura de autoridade, isso é o princípio básico do respeito e da boa educação! Quem não respeita isso dentro de casa, nunca respeitará fora de casa...
    De qualquer forma, o tempo encarregar-se-á de mostrar a cada um os resultados das suas opções educacionais!

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    1. Há de me explicar como se dá uma palmada sem magoar. Curiosidade minha. Sim, porque se a intenção não é magoar, tenho uma opção mais fácil para si: não dê palmadas. Não se lembrou dessa, pois não???
      Sandra Oliveira

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    2. Eu explico embora não esteja certa que me vá compreender. :)

      Os meus pais são uns pais bestiais, daqueles cheios de paciência, que explicavam porque diziam "não", que nunca me deram uma estalada nem humilharam. Mas a minha mãe chegou a dar-nos dessas palmadas de "sacudir o pó". :) E não tinham efectivamente a intenção de nos magoar (nunca o faria), mas sim naqueles raros momentos fazer-nos perceber que tínhamos ultrapassado um limite. Se o poderia ter feito de outra forma? Provavelmente, mas verdade seja dita, fazia-o 99.9% dos dias. :D Hoje em adultos até nos rimos dessas raras vezes em que ela "nos sacudia o pó". Nunca nos doeu, nunca foi essa a intenção. e não digo isto como defesa da palmada (nem desta forma leve) até porque não o faço com a minha filha de 2 anos nem acho essencial à educação de uma criança. Mas há de facto uma diferença na estalada,na palmada no rabo e nas palmadas "sacode o pó". :)

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  33. Como eu fico triste por constatar que ainda há tanta gente a achar normal e necessário bater-se nos miúdos. Os meus pais nunca nos levantaram a mão (somos 3) e somos todos seres humanos decentes e nunca fizemos birras em supermercados e não fomos pequenos tiranos. Não é preto e branco, não é bater-se ou ser-se permissivo. Dá pra impor regras sem violencia. Quem não percebe isso e defende o castigo físico está em negação, pq prefere continuar a der preguiçoso e optar pela via mais fácil. Ser melhor é difícil, e dá trabalho.

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  34. Que exagero. Tendo a gostar de si, mas a marcada falta de flexibilidade que demonstra em assuntos tão importantes preocupa-me - pq acho que representa uma fracção de pessoas boas que se perdem no caminho do idealismo e cujos esforços seriam tão úteis para "mudar o mundo" se bem aplicados. Tratar com amor, sim! Disciplina positiva, sim! Mas os preconceitos e os julgamentos precipitados podem levar a tomadas de atitude igualmente precipitadas, com consequências nefastas para quem está à volta. Devemos educar? Claro. Devemos intervir na vida de famílias que desconhecemos em situações sem perigo eminente? Claro que não, pq 1) se não conhecemos não podemos julgar e avaliar o real perigo neste tipo de situações. 2) a nossa intervenção pode ter várias consequências não merecidas por ninguém daquela familia e resultar em mais mal do que bem. 3) mostrar à criança que ha um adulto de confiança é, neste contexto, idiota - o adulto de confiança com a maior probabilidade é a mesma mãe que lhe chamou feia sem noção sequer destas discussões e teorias, e que a embala à noite e lhe dá beijos e abraços repenicados. Ao intervir e mostrar a criança que "nem todos os adultos são assim" vai destruir a imagem de super heroi q os miudos têm dos pais nestas idades, vai deixa-la confusa, quiçá minar o relacionamento com uma mãe q disse uma frase "errada" num café. Há que separar as águas: bom senso é necessário. Abraçar e defender causas de valor, mas perdendo a flexibilidade, empatia e respeito pela diferença é preocupante, torna-nos piores pessoas e acaba por colocar em xeque as próprias causas. Não faz de nós heroínas. Não faz com que melhoremos o mundo. Faz de nós pessoas injustas e egocêntricas mascaradas de homem aranha. Por favor, cuidado com este limbo. Se queremos ser melhores, se queremos partilhar aquilo que de bom sabemos e construir um mundo melhor, temos que nos amar a nós, aos nossos filhos e às outras pessoas. E amar os outros implica tentarmos respeita los nas suas diferencas, eventualmente motiva-los para caminhos de ainda mais amor..mas sem tanta crítica subjacente, sem fundamentalismos que toldem o bom senso. Que a vontade de fazer o bem não nos tolde o coração e bloqueie a mente.

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  35. É realmente triste perceber que (ainda) existem pais que batem, humilham, falam de forma agressiva com os filhos, considerando isto como algo necessário para uma "boa educação". E falam da palmada que não doí, ou que custa mais ao adulto dar do que à criança apanhar, do sacudir a fralda. Seja o que for, trata-se de um ato que não expressa amor e respeito. Expressa falta de controlo e de auto-gestão emocional do adulto, falta de saber/querer/conseguir fazer diferente. As crianças não são adultos, não. Mas são pessoas, pessoas tais como são os adultos. E, como tal, merecem respeito. Eu tenho uma filha de 2 anos. Tenho intenção de nunca bater, nunca a humilhar, nunca a rotular, nunca falar com ela de uma forma que soa e expresse menos do que respeito. Até hoje tenho conseguido ser fiel às minhas intenções. E reconheço que é um desafio gigante. Eu não fui criada desta forma. Cresci a ouvir as tais expressões "és feia", "assim não gosto de ti", levei as tais palmadinhas que "não fazem mal a ninguém". E todos os dias esforço-me para ser uma mãe distante deste modelo. Isto significa muito trabalho de casa para mim. Significa muito auto-conhecimento, trabalho interior para que eu consiga todos os dias ter o discernimento, a empatia necessárias para educar a minha filha com limites firmes e respeituosos. E sim, é necessário ter empatia com os outros, nunca sabemos o que está do outro lado. Mas educar com recurso à violência, seja física ou verbal, não é um estilo aceitável de educação. E uma criança é um ser indefeso perante um adulto. Devemos saber e conseguir cuidar delas, mesmo que não sejam as nossas.

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    1. Isto. Sem acrescentar ou retirar uma vírgula que seja.. obrigada :)

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    2. Exactamente, sem tirar nem por.

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  36. Alguns comentários são assustadores. Se não batermos num filho, tornar-se-á delinquente? Ou irá ele bater nos pais? Não terá respeito por ninguém? Considero-me uma mãe rígida com algumas regras, não admito certas coisas e olhem que nunca foi preciso bater nos meus filhos, nem chamá-los nomes, nem rebaixá-los. São crianças felizes que respeitam os adultos e que não têm medo dos pais. Respeito e medo são coisas bem diferentes. Pensem no que estão a fazer aos vossos filhos.

    COMUNICAÇÃO, PACIÊNCIA, EXEMPLO E MUITO AMOR. São as chaves.

    Feliz Natal
    Sandra Oliveira

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    1. É mesmo isso! Pessoas que acham que uma "palmada na hora certa não faz mal a ninguém", que "às vezes é só o que funciona" (o grito, a palmada) pensem bem no que estão a fazer aos vossos filhos. Não é fácil educar um filho, não. Não é fácil chegar ao final de um dia de trabalho, cansados e ainda com tantas tarefas por fazer, querer algum descanso e ter que lidar com as birras, não. Mas nós somos os adultos. Nós somos os responsáveis por ser e fazer melhor. Somos os responsáveis por ensinar aos nossos filhos como lidar com as suas emoções, com as frustrações e adversidades da vida de uma forma que os respeite e que respeite os outros. Um dia eles conseguirão lidar sozinhos com estes desafios. Até lá temos que ser nós a ajudá-los. E bater, gritar, rotular, falar agressivamente, não cria crianças (e futuros adultos) confiantes, seguras e felizes. E como é que poderão esperar dos vossos filhos que eles não batam, não gritem, não humilhem os outros quando os pais o fazem com eles? Há aqui muito contra-senso e falta de fazer melhor. É possível educar com limites firmes e respeituosos. Procurem informação, leiam, resolvam os vossos próprios problemas que possam estar a interferir na vossa relação com a criança. Nada disto é fácil mas, quando o que está em causa, é o bem-estar dos nossos filhos, valerá a pena, sempre.

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  37. A minha filha tem 7 anos e durante bastante tempo fui considerada a "mãe zen", sempre paciente para ela. Por circunstâncias da vida, houve uma altura muito exigente que me fez andar um pouco perdida. A minha filha cresceu e foi fazendo braços de ferro próprios da idades e eu comecei a levantar a voz e a dar-lhe palmadas no rabo de quando em vez, quando a situação me levava a isso. Digo já que não é solução, porque, para além de esse gesto se começar a aparentar inócuo aos nossos olhos, a minha filha parecia zangada comigo. Um dia gritei-lhe que não gritasse (que lindo, não é?) e ela respondeu, com maus modos, que eu também gritava. E tinha razão. Fez-me descer à terra. Resumindo: palmadas e gritos apenas resolvem a questão na hora. Não alteram comportamentos e ainda fazem com que os nossos filhos assumam atitudes mais violentas (gritar, por exemplo) e até algum ressentimento. Estamos sempre a tempo de voltar atrás. Para o bem deles e pelo nosso. Ninguém disse que ser mãe/pai é fácil, mas se há algo neste vida pelo qual vale a pena lutar é pela relação saudável com os nossos filhos.

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  38. Viva :) Concordo contigo Joana mas nunca me atreveria a abordar alguém, tal como não gosto que intervenham quando o meu filho faz uma birra. Eu comecei com a Disciplina Positiva mas acho que a abordagem da Parentalidade Consciente faz-me muito mais sentido e toca nos mesmos pontos. Ah e qq pessoa que estude o mínimo do desenvolvimento do cérebro de uma criança percebe que dar uma palmada é completamente inútil. E mesmo as pessoas que levaram e "saíram-se bem" façam uma auto-análise: Quando falham, qual é a voz interior que ouvem na vossa cabeça? Ah pois é...

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  39. Não compreendo como é que para algumas pessoas o "não bater" e "não humilhar" corresponde automaticamente a "deixar fazer tudo". Ou porque é que acham que "não batendo e não humilhando" se criam automaticamente pequenos monstros. Os meus pais nunca me deram uma estalada (sou a única a fazer a diferença entre estalada e palmada no rabo? E que mesmo dentro destas palmadas, há as que magoam e as que "sacodem o pó"?) nem nunca me humilharam. Sempre me explicaram o porquê do "não" e foram coerentes (não era não e pronto). E tanto eu como o meu irmão não fomos pequenos monstros, não lhes batíamos, sabíamos que tínhamos de nos portar bem. Mais do que estaladas/palmadas/humilhações, havia limites bem definidos.
    É assim que tento educar a minha filha que já tem 2 anos.
    Qual é a finalidade de dar uma estalada a uma criança? Pretende-se que ela compreenda o quê?

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  40. É importante compreender que, contextualizando os factos num como noutro tipo legal, os conceitos não importam o enquadramento que a Joana Gama lhes está a querer emprestar: designadamente, dar uma palmada a uma criança não configura "maus-tratos físicos, (como) castigos corporais", da mesma maneira que não configura chamar "feia" a uma criança "maus-tratos psíquicos". É assim, e não importa de que maneira queiramos ler as coisas ou para que lado queiramos torcer esses mesmos conceitos, e pelo seguinte motivo: repare a Joana que a tutela Penal é, por definição, uma tutela ultima ratio, de ofensa de relevância a bens jurídicos também eles de especial relevo, por comissão ou acção, dolo ou negligência - aquilo a que os juristas chamam relevo Penal. Sucede que para isto pesam muito pouco convenções sociais, pareceres morais e éticos e "achismos" demais. O Direito Penal é, por uma questão de segurança jurídica e de confiança do cidadão no Direito e na Lei, como deve ser, tanto quanto possível fechado, tanto quanto possível rigoroso, tanto quanto possível intransigente. O que lhe cabe dentro deve ser o mais possível claro e deixar o menos de casos possível entregue à dúvida. Porque, como deve compreender, mandar ou não mandar uma pessoa para a cadeia jamais poderá ser uma circunstância largamente deixada à opinião. Se o será, sempre, deverá designadamente aqui sê-lo o menos possível.
    Isto para dizer que o que me parece, por mais que um motivo e cuja dissecação aqui não importa sobremaneira, é que o que se tende a fazer, nestes casos como noutros, é extrapolar, alargar o conceito para que lhe caiba tudo (o que nos interessa para defender o nosso ponto de vista) dentro, aumentar. No fundo, "absolutizar". E todos nós conhecemos as consequências deste "absolutizar".
    Repare que com isto não quero dizer que o que a Joana presenciou nos casos que retrata acima não tenha relevo Penal, não tenha o enquadramento que a Joana aqui lhe quer dar - muito embora se me afigure a mim, sobretudo no segundo caso, muito duvidoso. Terá (ou não terá), e por isso mesmo é que a análise e julgamento dos casos em Tribunal segue um critério casuístico: cada caso é um caso, e vamos lá a ver se, neste caso concreto, se aplica o que se pretende aplicar, ou não. E relevam coisas como o dolo, a intenção e a culpa. Está a ver onde é que se começa a perder o fundamento disto, não está, Joana?

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  41. E o que nada disto continuará a querer dizer, seja como for, repare, é que uma palmada ou uma repreensão verbal bem construída tenham o enquadramento que lhes quer dar. Não têm, jamais terão. E compreenda porquê: porque o Estado não pode, e nem deve, deixar de confiar à generalidade dos pais a tarefa de cuidar dos seus filhos com cuidado e amor. Porque compreenda, Joana, não ama mais a sua filha que a generalidade dos pais ama os seus filhos. E aceite que, além de haver mais métodos de educação que o seu, tão bem ou melhor sucedidos quanto, as consequências de aproveitar a tutela Penal para este espectro de situações serão medonhas e pai nenhum, retirado do critério geral, dá ao seu filho uma palmada ou uma repreensão com a intenção ou com a consequência de facto de lhe causar dano físico de relevo ou de o traumatizar. Claramente que sobre toda a regra há excepção, e para esses, para os que de facto maltratam os filhos, para os que lhes batem desenfreadamente, para os que os humilham e sobre eles exercem actos de natureza cruel, existe a Lei Penal. Mas é para esses, Joana, e só para esses. Para ganhar terreno sobre o excesso. Para os restantes, continua a mais valer-lhes o amor de uma palmada que a tutela Penal que, em última instância, os retirará à casa que conhecem e à família que os ama para os entregar a uma instituição onde, por melhor que se faça e se queira, continua a haver o intransponível limite do exigível e do possível.
    Quanto ao mais, o que cada vez parece mais é que todos nós estamos, e mal, a querer vestir a pele de justiceiros, de donos da razão e do bem, de pós e prós e positivos, e estamos, no fim das contas, só a subverter valores e a criar uma sociedade em que por um lado, tudo é proibido e, por outro, vale a todo o comprimento o absolutismo do achar. E está-se mesmo a ver onde isto irá dar, não esta? Pois. Apetece-me pegar na expressão que usam miúdos da idade do meu primo de 17 anos e dizer, com ar de enfado, frustração e impaciência: menos, muito menos.

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  42. Portanto está tudo em cima da Joana porque ela diz que bater e chamar feia a uma criança é mau. Então é o quê? Bom? Violência gera violência.
    Pode ser que os vossos filhos vos dêem umas belas chapadas qd forem velhas/os. "Ah a minha mãe é teimosa. Queria mimo e sopas de café. Levou umas chapadas boas mas foi na hora certa". Pumba.
    Joana M.

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    1. A falácia de argumentação ad absurdum aquece-me o coração! ❤️

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