Desde pequenina que sonho em ter um filho adoptado. Na altura ainda a Angelina Jolie não tinha adoptado nenhum filho, por isso acho que a minha vontade deve ter nascido com a novela brasileira Sonho Meu.
Alguém se lembra deste genérico? Meu Deus, que saudades!
Alguém se lembra deste genérico? Meu Deus, que saudades!
Depois vi o filme Annie e chorei copiosamente. A seguir, na série Chiquititas, fiquei cheia de vontade de trazê-las todas para minha casa (até porque aquilo era uma animação).
Quando brincava com o meu nenuco e os bonecos de louça, a Alice e o Tomás, às vezes contava-lhes que eram adoptados mas que os amava tanto como se fossem meus filhos "de verdade".
Lembro-me de fechar os olhos, já na cama, à noite, e chorar, chorar, chorar a pensar nos meninos que não tinham uma casa e uma família. Até aquela cena do Sozinho em Casa, quando ele caminhava sozinho na rua na noite da consoada, e via, do outro lado da janela, famílias felizes, me deixava um nó na garganta. E dizia para mim mesma: um dia vou fazer um menino feliz.
Lembro-me bem quando uma pessoa próxima da família adoptou dois irmãos. E depois, passados uns anos, outra menina bebé. Aquilo sempre me fascinou, sempre olhei para ela como uma heroína e vê-los a crescerem tão felizes fazia sentido para mim.
Um dia, já com uns 15 anos, visitei uma casa de raparigas com os meus pais e nunca esquecerei aqueles olhos brilhantes e os sorrisos nervosos, como que a tentarem seduzir-nos, para as "levarmos" connosco. Aqueles olhinhos partiram-me o coração e deixaram-me um nó na garganta durante muito tempo.
Mais recentemente, a história da adopção do filho do Diogo Infante mexeu muito comigo. O facto dele ter adoptado um miúdo já mais crescido (não impôs nenhuma condição, nem ser bebé, nem ser caucasiano, nem escolheu o sexo) e de ter sentido, no dia em que lhe ligaram a dizer que tinham "achado" um filho para ele, que lhe estava a nascer um filho, é de uma grandeza insuperável. Quando se conheceram, o filho estava a jogar computador e a primeira coisa que lhe disse foi: "não gosto de polvo". Quão delicioso é isto?
Por agora, ainda não passa de um sonho. Mas quero acreditar que um dia terei coragem de passar pelo processo moroso que é a adopção, que terei força para enfrentar todas as dificuldades e que terei um coração suficientemente grande para amar incondicionalmente assim alguém. Um dia, o dia chegará.