9.08.2016

Qual a relação entre sucção, linguagem e fala?

A Diana Lopes, terapeuta da fala (e uma querida), está de volta para nos ajudar a perceber como é que está tudo interligado ;)

"Vamos dar uma grande volta para chegar ao veredicto da questão minhas queridas mamãs, lá terá que ser!
São diversas as conversas por aqui sobre amamentação/alimentação e o certo é que para realmente perceberem que não estão sós, a alimentação é um dos aspetos que assombra qualquer mãe, em qualquer cultura.

Ao longo de um dia de consultas (6h -20h) são várias as crianças com quem brinco no meu pequeno espaço em Luanda (ou Lisboa). Desde angolanos (óbvio - porque passo a grande maioria do meu tempo como expatriada em Angola), portugueses, ucranianos, ingleses, chineses e vietnamitas. E não é que todas as mamãs, em alguma fase do acompanhamento em terapia da fala, queixam-se que os filhos não querem comer?

Tenho desde os que começam por comer funge com calulu ao pequeno almoço (matabicho, como apelidam aqui) aos que se deitam só com um pedacinho de pão no bucho.

A verdade é que todas as crianças (tal como nós, adultos) são inconstantes na hora da refeição.  Uns dias acordamos cheios de fome, capazes de comer um boi sozinhos, outros passamos bem com meia torrada e um chá.



O mesmo acontece com os bebés, uns dias acordam cheios de fome, estando despertos para mamar, outros desinteressam-se e adormecem. E agora vocês, meus bebés, digam de vossa justiça se não é uma maravilha adormecer na mama da mamã? Por gostarem tanto é que nem sempre é fácil garantir que comem de três em três horas e que mamam a quantidade suficiente. Quando acontece o bebé adormecer, as mães falam com o bebé, despem-no, mudam-lhe a fralda, apertam-lhe a mão ou o pé, as bochechas, … fazem tudo para que ele desperte. Depois aparecem as negras questões, será que ficou satisfeito com aquilo que mamou? Será melhor dar-lhe também o biberão? Tudo faz parte de uma aprendizagem a dois. Tanto a mãe como o bebé têm de ter tempo para se conhecerem cá fora.

No caso da amamentação esta é feita de avanços e recuos, todos os bebés mamam uns dias melhores e outros dias pior. Como os adultos, uns dias comemos melhor outros dias comemos pior, só difere a idade. Temos vontades e dias e dias! Também os bebés nem sempre estão interessados, não demoram o mesmo tempo, nem mamam a mesma quantidade de leite. Não há uma regra específica!

Cada bebé é único, tem gostos e vontades próprias. Desde cedo que o bebé reage, dando-nos respostas próprias, mostrando que tem um tempo próprio e começa a definir a sua personalidade. Não há um bebé igual e por isso cada um mama da sua forma e à sua maneira. É difícil definir a hora a que aquele bebé tem fome, se mama muito ou pouco, se demora mais ou menos tempo naquela mamada.

Para perceber como mama cada bebé, é preciso conhecê-lo. Para isso é preciso dar tempo, ser corajoso e ter muita paciência, criando várias oportunidades para o bebé se alimentar.

Mas, um aspecto é regra, todos os bebés nascem com características próprias que os ajudam a sugar. A sua face é pequena, as bochechas são “almofadas” (sucking pads, termo pomposo), o nariz é arrebitado com as narinas mais largas e o queixo é para trás. Desde o primeiro minuto de vida, quando a mãe põe o bebé encostado ao peito, ele imediatamente procurará a mama sendo capaz de abocanhá-la e começar a sugar.

Todos os bebés nos dão pistas ou sinais para percebermos quando estão ou não preparados para começar a sugar, quando querem continuar ou parar. Só precisamos de estar atentos e saber identificar bem esses sinais, respeitando o ritmo do bebé. Seguir os sinais do bebé, ir atrás dele, é quase sucesso garantido!

Por vezes, algumas mães têm a difícil tarefa de tomar a decisão de amamentar ou dar biberão. É sabido que a amamentação traz muitos benefícios (já aqui referidos em alguns artigos pelas Joanas) para a mãe e para o bebé.

Então, como sabemos se o bebé suga o suficiente na mama? Cada vez que mama, se eliminar fezes e se a relação entre o comprimento e o peso estiver adequada, sabemos que está a crescer bem. Quando o bebé está a ser amamentado pela mama da mãe não é aconselhável dar o suplemento pelo biberão, pois ele pode fazer confusão entre o mamilo e a tetina, e recusar a mama porque é mais fácil sugar no biberão do que na mama. O leite pinga instantaneamente, sai mais quantidades cada vez que o bebé suga e ele faz menos esforço para obter o alimento. No entanto, há mais perigo de o bebé se engasgar, pois não controla o leite que vai para a boca, tendo de ser adaptar. Na amamentação o bebé faz mais esforço, há um trabalho muscular mais intenso e só obtém alimento quando suga com eficácia. Também controla melhor a quantidade de leite que sai, tendo menos possibilidade de se engasgar. Há uma melhor coordenação do sugar, do engolir e do respirar (coordenação sucção/deglutição/respiração, mais termos pomposos). Após experimentar o biberão, é natural que o bebé prefira o biberão e haja perda de interesse pela mama, pois é mais fácil obter mais alimento pelo biberão do que pela mama, dá menos trabalho.

A sucção é uma das primeiras funções da boca e a mais exigente de todas. Sugar é a forma que o bebé tem de se alimentar porque é mais fácil sugar do que beber pelo copo, comer à colher ou mastigar. A dificuldade está em ter de coordenar as várias funções ao mesmo tempo, o sugar, o engolir e o respirar (sucção/deglutição/respiração). E isso acontece tanto na mama como no biberão. A sucção permite o crescimento da face, do maxilar inferior, adequa o movimento, o tónus e a força da língua, dos lábios, das bochechas e do palato (céu da boca). Também prepara os músculos da face para quando chegar à altura do bebé começar a comer as primeiras papas e sopas com a colher, beber líquidos pelo copo e mastigar alimentos mais duros.

Sabemos que na amamentação o esforço de sucção do bebé é maior, tendo de ter mais força muscular, usando mais músculos para extrair o alimento. É uma sucção mais completa quando comparada com a sucção no biberão. A amamentação permite ainda ao bebé respirar bem pelo nariz e futuramente há uma probabilidade menor de a criança usar a chucha, pôr o dedo na boca e roer as unhas. É como se mamar na mama já satisfizesse essas necessidades.

Nas crianças que sugam no biberão é fundamental que o furo da tetina seja pequeno, tentando que o bebé puxe e exerça mais força nos músculos, como quando faz na amamentação.

Os músculos orais que o bebé usa quando suga, serão os mesmos que irá usar para falar. A sucção tem também a função de preparar os músculos do bebé para falar. Um bebé que mama bem, tem mais possibilidades de respirar melhor, de desenvolver a sua fala e linguagem de forma mais harmoniosa, bem como de aprender a ler e a escrever com maior facilidade.


Nunca se esqueçam que cada bebé é um bebé. Quando se tem de recorrer ao biberão é importante que a tetina tenha um corte pequeno para o bebé exercer a mesma força muscular no biberão que exerce na mama. Já me estou a repetir, eu sei :)"

9.07.2016

Como é que vocês fazem com os avós?

Quais são os vossos ritmos familiares?

Dantes, quando a Irene estava em casa com o Frederico, os avós paternos iam lá sempre que lhes apetecesse e depois eu assegurava a ida à casa da minha mãe. Agora, durante a semana, parece que não há tempo para fazer nada de jeito e também não queria ocupar os fins-de-semana todos com avós e todos os fins-de-semana.

Como é que vocês se organizam?

Fui no outro dia dar um saltinho à casa da minha mãe, convidei os meus sogros para irmos ali ao jardim... Isto no Inverno vai ser mais complicadote, digo eu!

Contem, contem!

Esta é a verdade sobre mim. Verdadinha.

Estou mesmo MUUUUUUUUUUUUUITO contente que a Irene tenha ido para a escola. Agora sim, o dia dela está repleto de coisas à medida dela e onde ela pode brincar com os amigos. Apercebo-me do peso que carregava diariamente de chegar a casa e de sentir que tinha de a ir entreter, passear, estimular, etc. Que maravilha. 

Também por outro motivo: fico sozinha de manhã!

O Frederico vai pô-la de manhã e, por isso, fico em casa a arranjar-me sozinha. Não me lembro da última vez que tive assim um tempo para mim sozinha em casa - não sentia necessidade disso, também não procurei - mas está a saber-me tão, mas tão bem. Por acaso, quando a Irene estava em casa e eu estava a arranjar-me, não me "chateava muito" porque ficava na sala, mas é outra coisa sentir a casa vazia. Só eu, os gatos e o robot aspirador a dar-me um jeito à cozinha (ahah). 

A verdade sobre mim? Sou uma pita insuportável. O que fiz logo assim que eles sairam de casa? Pus uma playlist para me sentir toda pumped up e gangsta (que, afinal, é aquilo que eu ainda gosto). E qual é aqui a playlist da menina? Acho que se nota aqui um pequeno fanatismo, eu sei. É que para me sentir sensualona e perigosa (hahahaha não paro de me rir) acho que é mesmo isto que bate certo: 







Esta última é um guilty pleasure só que sem ser nada guilty. Pronto e lá estou eu quase com 30 anos a fazer videoclips, de cuecas, com estas mamas amamentadeiras quase a darem-me chapadinhas na cara, as nádegas pouco tonificadas a continuarem a abanar 30 segundos depois de eu ter parado de o fazer, a lingerie um pouco abaixo do tamanho que seria desejável, um soutien meio russo (não é por ser da Rússia, espero que conheçam a expressão) e duas bolhas enormes nos pés porque ontem decidi ser optimista (ou estúpida, neste caso) e andar com umas sandálias de plástico (acho que se chamam aranhas) do Jumbo o dia inteiro. 

Pareceu que estava numa daquelas igrejas baptistas gospel, mas sozinha e despid.... bem, acho que afinal não tem nada que ver. 

Aconselho vivamente. 

Assinado, a pita sensualona e perigosa.