11.09.2015

A primeira semana de trabalho.

Começou oficialmente na terça-feira porque na segunda só tive uma reunião de preparação e atribuição de tarefas. Terça já tive direito ao "pacote" todo e já vim de comboio e tudo, como sempre. 

Terça-feira (primeiro dia)

Acho que acordamos os dois tristes. Sabíamos que a coisa não ia ser fácil e não foi. Tudo tranquilo enquanto fui tomar banho, mas piorou quando me comecei a vestir. A Irene perguntou-me se iamos passear e eu disse que não "a mãe vai trabalhar, mas volta". Percebeu, chorou um bocadinho e continuou a ver os desenhos animados. Chorei baixinho também. A mãe foi para a sala, arranjada, deu pão com fiambre e maminha e, de vez em quando, quando interpelada, ia relembrado que "a mãe vai trabalhar, mas volta". Quando nos aproximamos da porta foi horrível: a Irene de joelhos, no chão, a gritar, a tossir, a engasgar-se com o choro a dizer "nãooooo, nãooooo" e "maminhaaaa" para me obrigar a pegar nela e não sair. Tinha acabado de lhe dar, não dei. Saí. Senti que ficar naquele impasse estava a piorar tudo. Recebi sms poucos minutos depois a dizer que já tinha passado, que estava a comer pão e a ver desenhos animados. 

Cheguei ao trabalho e estava tudo igual a sempre. Tive duas reuniões, tive de escrever e-mails. Revi os meus colegas, não pusemos muita conversa em dia porque estava um pouco afectada e refugiei-me no computador. Fui chateando o pai para saber como estava tudo a correr. O pai pôs a Irene a dormir. Ganhei o dia. Afinal tudo ia correr bem e eu sou desnecessária. Perfeito. 

Fui a correr para casa e ela ainda dormia. Quando acordou, chamou por mim e foi tudo como dantes. Quis aproveitar a tarde ao máximo e por isso (já não sei se foi terça ou quarta), fui ao jardim com ela (areia molhada e muito frio) e às compras. 

Chegamos a casa de rastos. Jantamos e pu-la a dormir. Senti-me uma super-mulher. Afinal o dia dá para tudo (se tivermos direito a licença de aleitamento materno e se abdicarmos da nossa hora de almoço, pelo menos). 

Quarta-feira 

A saída foi pior. Enquanto me vestia a Irene perguntou-me se íamos passear e eu disse que não, mas não disse que a mãe ia trabalhar e depois voltava. Por um lado pensei que estivesse implícito, por outro, confesso que estava super cobardolas e não quis que ela ficasse a chorar até sair de casa. Fomos até à porta e o choro foi de choque. Não estava à espera que a mãe saísse. Foi muito dramático para as duas (para o pai também mas ele controla-se melhor). Saí e passados alguns minutos recebi uma mensagem a dizer que estava tudo bem, como se nada se tivesse passado.

Os avós iam lá a casa de manhã e fiquei radiante por ela ir ter uma manhã animada e cheia de gente. 

O pai adormeceu-a. No trabalho já aderi às brincadeiras, já pus a conversa em dia, já estava mais relaxada e aproveitei para personalizar o computador e a secretária. Tal deve querer dizer alguma coisa em relação à minha "conformação"/aceitação de voltar a trabalhar. Estive muito muito ocupada o dia inteiro, o que ajudou. 

Cheguei a casa, ela ainda estava a dormir. Quando acordou, foi como sempre. Ficamos em casa para aproveitar tudo com calma. 

Quinta-feira

Acho que já estou a baralhar os dias todos. 
A saída foi dramática mas menos para mim. Eu já sabia que lhe ia passar uns minutos depois e que era ela, no seu direito, a expressar o desagrado por eu sair. Visto que não entende que "tem de ser" torna-se mais complicado. Porém, saí mais leve e já a pensar nas coisas todas que tinha de despachar quando chegasse ao trabalho porque a Peugeot não sei o quê e porque vamos ter a festa de passagem de ano em dois sítios em simultâneo e temos de avançar com isto e aquilo. 

Almocei com os meus colegas. Foi como dantes, mas sempre a pensar na Irene. Sinto que tenho um segredo maravilhoso, mas que toda a gente sabe: tenho um tesouro em casa que me completa, que me faz feliz e que tenho muita muita sorte por ela estar com o pai, em casa e ter tanto amor como tem dos dois e não lhe faltar nada. 

O pai não a conseguiu adormecer. Ela aprendeu que pode manipulá-lo. Quis sair do quarto e saiu. Pronto. A partir daqui já não se dá mais a volta. Vai gritar sempre e cada vez mais porque sabe que o pai vai ceder porque não tem confiança de que ela tenha sono e tem medo de lhe estar a impingir uma coisa que possa não ser verdade. 

Não foi fácil conversarmos os dois sobre isso nesse dia. O pai sentia-se muito pressionado para fazer tudo bem e não gostou de falhar, tinha medo que eu sentisse que ele já não estava apto, além de ser extremamente desagradável de estar numa de tentativa e erro o dia todo para ela ir dormir (bem sei, meu amor, bem sei). 

Deitou-se muito mais cedo a bebé, mas esteve sempre bem disposta. 

Sexta-feira

Estava atrasada. Foi tudo muito rápido. Nem tomei pequeno almoço. Houve o choro do costume. Intenso mas rápido, quanto mais depressa eu sair, menos lhe custa e a mim. Quando saio do prédio sou a mãe que vai para o trabalho e não a mãe que adorava ter ficado em casa o dia todo. Quase que sinto tudo a inverter-se. É um "vamos a isto", como quando pisamos a passadeira do ginásio para o início do treino e sabemos que temos de aguentar 10 minutos mais aquele final para arrefecer, sacanas. Vamos a isto. 

Super ocupada. A organizar tudo. Pedi almoço um prego maravilhoso dos Armazéns. Rimo-nos. Trabalhei. O Frederico não estava a conseguir adormecer a Irene e pensei: "mais um dia sem dormir, não, também já despachei tudo!". Fui, cheguei a casa e "mamã!!!", "sim é mamã, maminha e ó-ó!". Tungas, dez minutos depois já dormia. 

Eram três da tarde. Sendo assim já não ia adormecer tão cedo como costume e, portanto "vamos aproveitar para jantar fora" (a última vez que jantamos ela devia ter uns 4 meses ou assim). Fomos e soube tãoooo bem. Fomos a um restaurante novo no Restelo - a Loja do Sushi. Ainda tinha alguma esperança que houvesse comida para mim (só havia guyosas). E foi um passeio em família... fabuloso. 









Aproveitamos o fim-de-semana. No sábado, fomos à aula de música de manhã e, à tarde, fomos passear e fomos lanchar à Padaria Portuguesa em Benfica e a uns baloiços ali perto. No Domingo ficamos de manhã em casa e à tarde fomos a casa dos avós em Oeiras depois de um passeio pelo Oeiras Parque para comprar umas camisas para a mãe.


Pude matar saudades do meu irmão Pedro.


Esta semana começou agora. Hoje parece que voltamos ao zero. Parece que foi o primeiro dia outra vez. Doeu, mas sei que amanhã entra em velocidade cruzeiro outra vez.

Escrevi muito? :)


Fui publicando estas fotografias no meu instagram à medida que foram acontecendo. Sigam-me.

Já chegou o vestido da menina das alianças!

A Isabel vai ser menina das alianças, juntamente com a Vitória, uma menina mais velha. Já as estou a imaginar, de mãos dadas, quais princesas sorridentes e eu a chorar baba e ranho com tudo aquilo. Choro em todos os casamentos. Todos. Então este... este vai ser especial. 

O que vai muito provavelmente acontecer: a Isabel sair disparada a correr na nossa direcção e ser a Vitória a tratar do resto. E aí vou rir-me, vai ter piada.

O vestidinho chegou ontem, já fizemos a prova e ficou um amor, com o laço para o cabelo a condizer!






Vestido - C and F newborns

Tenho de ver se até lá aprendo a fazer um laço de jeito (e tem de ser passado a ferro, eu sei hehe)

Os avós dos nossos filhos que nos desculpem!

Desculpem-nos!

Desculpem
estas mães galinhas, que querem fazer tudo certinho, que querem que nada falte aos filhos, nem limites, nem mimo e carinho e que, às vezes, exageram.

Desculpem quando vos parecemos intransigentes e de nariz empinado, mas nisto de se ter a vida dos filhos nas nossas mãos e todos nos apontarem o dedo e mandarem bitaites, não é fácil. Temos de nos impor, quando temos de nos impor. 

Desculpem quando desconfiamos, quando duvidamos, quando pomos aquele ar de detective. Às vezes temos o faro mais apurado que o Rex. 

Desculpem quando vos desautorizamos, por sermos nós as mães e por termos nós a responsabilidade e o dever de definir o que queremos para a educação dos nossos filhos. E se as palmadas não entram na nossa equação, não vão ser os avós a trazê-las para cima da mesa. Se o leite de vaca não entra sequer na alimentação deles, não vão ser os avós a dizer-lhes que podem e devem beber leite achocolatado.

Desculpem quando vos chamamos à atenção com um tom paternalista, dando o ar de que vos estamos a tratar como crianças. Não é nada disso, às vezes estamos só a tentar procurar o registo mais meigo que temos, para não ferir muito a vossa sensibilidade e porque queremos evitar conflitos, mas não sabemos bem como.

Desculpem quando vos contrariamos à mesa e não queremos que dêem açúcar ou chocolates aos nossos filhos. Estamos demasiado informadas e conscientes de que há outras opções melhores para eles (e não, quando têm 8 meses não precisam de um bocadinho de açúcar na maçã. Não conhecendo, não têm necessidades dessas). Desculpem se às vezes parecemos demasiado obcecadas com este assunto, mas se calhar temos mesmo de empolar a "proibição" para que alguma parte da mensagem fique desse lado. Se admitíssemos à vossa frente que "dias não são dias" talvez estivéssemos a abrir margem para "todos os dias serem dias que não são dias".

Desculpem quando não confiamos desde logo que eles fiquem a dormir em vossa casa. Este corte do cordão umbilical não ocorre quando os outros desejam, mas sim, quando nós, mães e filhos, nos sentimos preparados.

Desculpem quando os queremos engolir e não vos damos espaço e tempo de qualidade para desfrutar dos netos sozinhos. Não é por mal, é a nossa ânsia de estar por perto. Mas muitas vezes esquecemo-nos de que os laços que vocês criam com eles, a cumplicidade e os vossos segredos são das coisas mais marcantes na vida de uma criança.


Obrigada, avós, pela compreensão do nosso mau-feitio. Desculpem-nos, mas estamos a dar o nosso melhor e queremos que os vossos netos sejam as pessoas mais felizes e equilibradas à face da Terra. 

Continuem a fazer-lhes os pratos preferidos, a dar-lhes um quadradinho (eu disse um quadradinho!) de chocolate às escondidas, a deixar que eles façam de vocês cavalos de corrida, a piscar o olho em tom de segredinho, a "estragá-los" com mimos. Não os vão estragar, não. As excepções fazem-lhes bem. Vocês fazem-lhes bem.