4.20.2015

a Mãe desbronca-se (#03) - Irene? Porquê?


Olha! E não é que a rubrica "a Mãe desbronca-se" está de volta. É! Ai que bom! Ai que bom! Estou tão excitada como quando tinha um cheque-disco da Valentim de Carvalho para gastar nos meus cds dos Ace of Base. 

Obrigada por todas as vossas perguntas aqui, vamos tentar ir aviando isso tudo tão rápido quanto se avia programas palermas do TLC cá por casa. 

Eles conseguem ser docemente sarcásticos, escondidos por trás de uma tentativa de documentário. Mesmo quando se trata de um programa de encontros amorosos entre anões e pica-paus.

Bom. Filipa C. obrigada pelas tuas perguntas :) É sempre bom sentir que alguém tem interesse por nós. Já nem do meu marido sinto isso (brincadeira, pá!). 



Irene era o nome da minha avó paterna. Quando era mais nova, dizia que, quando tivesse uma filha, lhe daria o nome dela para chocar o pessoal (sabendo que não era um nome comum) mas, também, porque a minha avó paterna brincava comigo, ensinou-me a pintar, tinha muita paciência, fazia bolachas, etc. Acho que a perdi quando tinha menos de 6 anos, por isso ficou uma imagem algo angelical dela. A verdade é que foi apenas por sugestão que demos o nome à Irene. Não sinto que tenha sido em homenagem à avó mas mais porque queríamos dar um nome de beta, mas sem ser. Sabemos que já há por aí betas chamadas Sanchas e achámos bem tentar inovar no sentido oposto: o do bom gosto. Vá, mães das Sanchas, venham daí e caiam em cima de mim. Ahah 

Não é Irene Maria nem Irene Miguel. Irene pareceu-nos o suficiente (mais uns quantos apelidos, claro, que a miúda não é a Madonna - e ainda bem que não tenho dinheiro para lhe por um aparelho). 

Se fosse um rapaz, seria Lourenço. Sim, nome beto puro. Acima disto, só Salvador. Nós sabemos. Já escolhemos que o próximo, fica com o nome do pai, pronto. Frederico. 

Apesar de termos "arrojado" no nome da Irene, estamos todos os dias muito satisfeitos. Parece que gostamos ainda mais do nome sempre que o dizemos, apesar dela já ter muitas alcunhas (Né, Necas, Neco, Nequita, Inês - às vezes sai-nos, que parvoíce...).

Achamos mesmo que IRENE POMBARES é nome de uma tipa com quem ninguém se irá meter. E se se meterem, enfio-vos um penso de pós-parto pelo nariz acima (ou abaixo, nunca sei).





Afinal Havia Outra (#20) - Birras: sabem como lidar com elas?

Quatro anos e duas filhas depois, eu continuo sem saber lidar com as birras. Pensavam que iam encontrar respostas neste texto, não é verdade? Mas não - daí o ponto de interrogação no título…

Sempre que uma delas dá início a uma birra, a primeira coisa que eu faço – depois de respirar fundo, muito fundo – é pensar na injustiça da situação. “A sério?! Estás a começar uma birra e ainda agora estávamos aqui tão bem a brincar?” Ou então vou ainda mais ao detalhe: “Acabei de te comprar mais uma camisola da Elsa do Frozen e ontem deixei-te comer um ovo kinder e tu fazes-me isto?!” No fundo, a uma birra delas eu respondo com uma minha, ainda que a minha se desenvolva ao estilo Ally McBeal, no interior da minha cabeça e quase sempre com muitos resmungos, gestos e alguns palavrões à mistura.

E depois penso em todos os conselhos que já me deram até hoje: “Sem público não há espetáculo… conta até dez e respira fundo… já disseste que não, por isso é não até ao fim… coerência é segurança… pensa em coisas boas… bahhhh!” Um verdadeiro desatino!

Eu sei que as birras fazem parte do crescimento das crianças e são fundamentais para o desenvolvimento da personalidade delas. Mais do que isso, são uma forma de expressarem a frustração que sentem perante alguma situação. Mas conseguem partir de coisas muito estúpidas mesmo. “Mãe, não queria o pão partido em três, era em dois” ou então fazerem um espetáculo de todo o tamanho porque queriam carregar no botão do elevador e eu já tinha carregado…

As birras conseguem ser momentos terríveis para nós, pais, aos quais é preciso sobreviver – e por “sobreviver” quero dizer não nos passarmos (muito) da marmita, tentar que a coisa dure o mínimo de tempo possível e passarmos alguma mensagem de jeito às miúdas. Confesso que já tive de pedir um “desconto de tempo” à minha filha para subir a escada, entrar no meu quarto, fechar a porta, mandar um berro valente, respirar fundo e voltar a descer a escada para terminar a conversa. 

Tenho para mim que, no final de uma birra, a coisa até não correu mal se eu mantive a minha posição desde o início, se ela percebeu porque é que não podia fazer ou ter aquela coisa naquele momento, se não dei por mim aos berros e se acabámos por dar um abracinho. Mas nem sempre é assim. E a única certeza que temos é que, tal como as ondas do mar, depois desta há-de vir outra. Mais cedo ou mais tarde, dependendo da maré…

Catarina Raminhos, mãe da Maria Rita e da Maria Inês

4.19.2015

O que a minha filha dirá de mim.

Ela ainda não fala comigo. Já diz algumas coisas, claro. Já mostra que gosta de nós, mas ainda não fala.

Amo-a todos os dias e de graça. Sem pedir nada em troca. Porém, quando crescer, isto é o que eu quero que ela diga de mim.

A ela própria.

Não precisa de ser a alguém.





1) a minha mãe faz-me rir.

2) a minha mãe explica-me por que é que não devo fazer as coisas.

3) a minha mãe não grita comigo ou, pelo menos, não me lembro.

4) a minha mãe tem um rabo fenomenal.

5) a minha mãe gosta muito de mim.

6) a minha mãe estuda comigo.

7) a minha mãe anda nos baloiços comigo.

8) a minha mãe dança comigo.

9) a minha mãe ensinou-me as minhas primeiras palavras em inglês.

10) a minha mãe gosta muito do meu pai.

11) a minha mãe nunca esteve doente. Pelo menos, que eu notasse.

12) a minha mãe ficou em casa comigo até eu ter 18 meses.

13) a minha mãe tirou-me milhares de fotografias.

14) a minha mãe nunca me fez sentir mal comigo mesma.

15) a minha mãe não me julga, orienta-me.

16) não tenho vergonha da minha mãe.

17) conheço a minha mãe, como mulher também.

18) gostava de ser tão feliz quanto a minha mãe

19) a minha mãe nunca me deu uma palmada, que me lembre.

20) a minha mãe chora quando está muito contente.

21) a minha mãe diz que eu sou mais esperta que bonita, mas que sou muito bonita, sou é ainda mais esperta.

22) adoro os abraços da minha mãe.

23) adoro as festinhas da minha mãe.

24) a minha mãe ri-se das minhas piadas.

25) a minha mãe quer conhecer os meus namorados.

26) a minha mãe é a mais porreira dos pais da turma.

27) a minha mãe fazia palhaçadas enquanto me lia as histórias para dormir.

28) a minha mãe nunca tinha pressa.

29) a minha mãe gostava de me ver a nadar, não ficava no carro à espera.

30) a minha mãe deixava-me escolher a roupa que eu queria usar.

31) a minha mãe sempre notou que eu estava triste e tentou ajudar.

...


Não necessariamente por esta ordem, claro.

 O que é que vocês querem que os vossos filhos digam de vocês?