Como vos contei ontem
aqui, hoje pudemos gozar do
nosso primeiro dia a sós - fazendo bem as contas foram só 6 horas, mas souberam tão bem quanto uma viagem daquelas caras a um sítio longe. Um dia, seis horas, foram mais do que suficientes (podiam ter sido mais, claro), para sentirmos que, longe dos "paii! e mãeeee", ainda existe um Frederico e uma Joana.
Minto. Não senti parte daquilo que disse. Isto é o que a minha cabeça me disse para escrever. Grr. Odeio quando isso acontece. Não gosto de misturar cabeça e... vá... nada. Sempre me custou a compreender a divisão de papéis que "a sociedade" nos impõe. Muitas frases se ouvem (ditas por mim até) como "para além de ser mãe, também sou mulher", "além de mãe, também sou esposa", etc. A verdade é que não me dissocio de papel nenhum. Esta Joana é mãe, esposa e sei lá mais o quê, sempre ao mesmo tempo. Não deixo de ser mãe quando vou a um spa, nem passo a ser mulher só porque não estou com a minha filha.
Ao invés de vermos a ocupação do nosso tempo livre como supostamente uma roda dos alimentos (já ouvi dizer que essa também estará desactualizada), em que o importante é ter tudo de forma "equilibrada", acho que devemos fazer o que bem nos apetecer. Acho que nós devemos ser as nossas principais bússolas nas tomadas de decisões e, se assim for, andamos mais perto do que nos faz felizes. Borrifemo-nos para timings, para aparências, para necessidades criadas por terceiros...
Não sou nem melhor mãe, nem pior mãe por fazer estas escolhas. Simplesmente as faço de acordo com o que eu sinto. Se me apetecesse mais ir passear com o meu marido do que ficar em casa porque sou eu quem a adormece para a sesta, era isso que faria. Porque seria isso que me faria mais feliz.
Estive dois anos e meio sem ter um dia a sós com o meu marido porque quis. Foi essa a minha escolha. Foi uma escolha falada, conversada, entendida, etc. Se fizesse outra escolha que não a do meu coração, não me saberia bem, iria contra mim. Não foi algo que decidi só por ter a Irene, foi vendo o que tinha sempre do lado dos prós e dos contras e ganharam sempre os contras (em ir) e os prós de ficar.
Não me imagino a ir de viagem x dias sem querer efectivamente ir para estar o fim-de-semana inteiro com o coração nas mãos por ter ido, só porque "já estava na altura de viajar sem crianças". Isso sou eu, porque não tive vontade de ir. Se tivesse tido essa vontade, iria, porque seria isso que me faria mais feliz.
Chamem-me optimista - é raro chamarem-me assim (aliás, ainda hoje a Joana Paixão Brás me disse "és mesmo do contra" - mas eu acredito que há tempo para tudo. E que o tempo só é algo que interesse se fizermos aquilo que nos deixa mais felizes. Para mim é comer 6 barras de chocolate kinder quando vou meter gasolina, para outra pessoa poderá ser avistar rúcula na secção dos frescos.
Nota-se que estou um pouco empolgada a escrever? Acabei de adormecer a Irene e foi uma noite difícil em que ela já tinha "passado do ponto" e, por isso, estava elétrica.
Porém, nada me tira o maravilhoso dia que passei a sós com o Frederico. Depois de muita pesquisa e alguns telefonemas para verificar disponibilidades e pricings, acabámos por ir matar a curiosidade do Hotel Belverde no Seixal.
É um hotel com um design e arquitectura giríssimos, maravilhosos para instagram. Nota-se que a decoradora de interiores ficou um bocadinho entusiasmada demais e facilmente passou de bom gosto para tentativa desesperada - pelo menos no lobby, mas nada que me tenha feito perder vontade de lá estar. Ficamos foi totalmente apaixonados pela massagem de relaxamento de casal. Verdade seja dita que nenhum dos dois é extremamente experiente nesta área, mas era exactamente aquilo que procurávamos: uma massagem a dois relaxante, num hotel confortável e bonito.
As duas senhoras que nos atenderam, além de muito simpáticas, foram óptimas nos objectivos propostos (parece uma avaliação dos professores na escola básica) e a que me massajou até teve em conta o facto de eu ter ido ao ginásio antes e deu uma atenção especial aos músculos mais doridos.
Saímos de lá e fomos para o jacuzzi. Perfeito.
Optámos por ir almoçar à Quinta do Tagus. Para mim que não gosto de peixe (nem de sushi, claro), não foi a melhor opção a nível de carta. No entanto, safei-me com um bife de lombo que não me fez sentir ostracizada pelo tema gastronómico. O Frederico gostou e se ele gosta de comida e de sushi, portanto...
Coisas de que gostei muito:
- Tirar selfies com ele: ele não é muito fã de fotografias, nem que sejam publicadas e até foi da iniciativa do meu rapaz.
- O carro dele ter mudanças automáticas e, por isso, termos estado o tempo inteiro nas viagens de mão dada.
- Termos ficado um pouco deitados numa cama que havia no jardim da Quinta do Tagus quase a adormecer depois do grande almoço.
- O dia ter acabado com o melhor final possível: ir buscar a Irene à escola.
Planeamos repetir o dia do casal mais vezes. Mais ou menos como o "dia do filho único". Foi maravilhoso para namorar e também para nos esquecermos das rotinas. Uma féria. ;)