Das decisões mais importantes que tomei nos últimos tempos! Ainda não voltei à psicóloga e já sinto que foi a melhor coisa que decidi neste ano e meio. O alívio já está a chegar e ainda nem lá fui, só por saber que vou conseguir, a partir dali, estar cada vez mais próxima de mim e de resolver tudo o que anda desatado nesta alma, que vou conseguir ser uma melhor mãe e uma melhor pessoa (não por esta ordem, que disparate).
Descobri a Eugénia através da Joana Gama (emoji coração, sempre). Fiz hipnoterapia uma vez só. Não sei se foi o que bastou, não me parece, mas acabei por mudar de vida uns meses depois. Despedi-me do meu emprego de anos e fomos todos viver para Santarém, para o campo. Foi uma das melhores coisas que poderia ter feito. Tive a minha segunda filha com calma, numa esfera de amor e de tranquilidade.
Mas, meses mais tarde (ou um ano mais tarde, não sei), passei a sentir-me incompleta e até só. Não compreendia por que me sentia assim. "Que disparate." Afinal, tinha cumprido mais um sonho, tinha duas filhas incríveis, era boa mãe, amava-as profundamente, tinha um marido fantástico, escrevia por aqui, tinha amigos mas... não estava feliz. Não como planeara. Andava numa montanha russa, com idas bem lá acima e depois descidas ainda maiores e a enjoar nos loopings. Percebi que precisava de voltar a fazer terapia. Primeiro por skype, depois presencialmente. Ir a Lisboa de propósito, mas voltar a casa com ferramentas para estar melhor.
"Eugénia, preciso de ti". Assumir-se isto é duro. Mas libertador. Houve uma consulta em que senti que praticamente não fiz mais do que chorar. É um processo.
E aprendi que não posso parar este processo, só porque já me sinto melhor. Ou porque acho que está tudo controlado. Ou porque estou mesmo lá em cima. Naquela altura parei porque voltei a trabalhar, em Lisboa, porque nos mudámos para cá e eu simplesmente não tinha horário. Depois, porque estava tão cheia de tudo que nem me conseguia ouvir, por isso basicamente nem tinha tempo para sentir se andava feliz ou não.
Feliz ou não, toda a gente devia fazer terapia. Toda. Há sempre algo que fica por cá, há sempre alguma relação tóxica, algum acontecimento que nos fez pior do que achámos, alguma coisa por resolver e muitas coisas por descobrir sobre nós. E alguém reconhecer isto já não é, aos dias de hoje, um tabu. Os assuntos do foro psicológico, doenças ou não, são já muito valorizados. A procura por ajuda já não é sinal de fraqueza. Ter até a Michelle Obama a reconhecer isto é de valor. Mas, por mais que haja cada vez mais pessoas a dar a cara por isto, ainda há muito pouca gente a procurar ajuda quando mais precisa - e, segundo vários estudos feitos, muitas vezes não é sequer por uma questão de orçamento.
Aliás, se a venda de antidepressivos aumentou e muito nos últimos anos e os psiquiatras têm sido mais procurados do que nunca, a questão não é só e apenas orçamento, de facto. As pessoas só procuram soluções já mesmo no fim da linha, num grau imenso de desespero e querem resultados rápidos, imediatos. A terapia é algo que leva mais tempo. Não camufla, tenta ir ao cerne dos problemas, tenta resolver. Claro que estou a ser absolutamente generalista e que haverá casos em que será precisa medicação, óbvio, ou até ambos, que isto não é nenhum concurso. Mas acho também que se nos fosse dada mais formação ao longo da vida sobre a importância de olharmos mais para dentro, de abrandarmos, de valorizarmos os nossos sentimentos, do poder da palavra, talvez não tivéssemos de chegar tão longe. Aprendermos a dar significado às coisas, a racionalizá-las, ajuda-nos a superar o sofrimento - a amígdala diminui a sua actividade e os processos nervosos no córtex pré-frontal aumentam (acho que é isto, do que li, mas tentem perceber junto de especialistas ;).
Isto tudo para vos dizer que estou orgulhosa de mim. De querer (voltar a) dar este passo. De perceber que só exercício físico e pilates e até yoga, apesar de me ajudarem muito, não me chegam. Que tenho noção de que preciso de partir pedra, até para resolver
o que vos contei que me aconteceu no recobro, entre outras coisas.
E que isto não significa que eu esteja necessariamente infeliz, mas que quero estar mais feliz e sentir-me cada vez mais completa. Ser mais livre.
E vocês? Já experimentaram?