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6.08.2020

Quando é que se conta aos filhos e ao ex que temos namorado novo?

Apesar de já ter tido uma relação séria depois do divórcio, por ter sido bastante diferente a vários níveis, o timing de contar ou não não foi algo que se tenha feito sentir. Era com uma mulher e, por isso, por ambas estarmos a descobrir muitas coisas e porque a nossa relação facilmente parecia a de melhores amigas, não era imperativo contar. Contou-se, mas tudo muito fluído, muito natural. 
Agora que namoro (ehehehheheheheh) com um rapaz, confesso que tremi com medo de contar à Irene. Por vários motivos. Sendo que um deles foi o dela já ter morado com o pai e ter deixado de morar (e no meu caso ter sido mais ou menos o mesmo quando era mais nova) e também porque não quero que a infância e adolescência dela seja um desfile de pessoas que vá conhecendo. 

A verdade é que, quando estamos apaixonadas, não vemos o fim às coisas. Eu até vejo por causa do medo, mas não o sinto. Ela já conheceu o namorado da mãe (foi apresentado como amigo) e ontem, assim que chegou da casa do pai contei-lhe. Já me tinha dito que nós devíamos ser namorados porque nos ríamos muito um para o outro e gostávamos das mesmas coisas. Na altura, disse-lhe que com os amigos também era assim, mas que gostava de namorar com ele. 

Ela ficou contente e obviamente que, por ela (do pouco que ela sabe, claro) tinha um irmão já hoje. 

"Vou ter um irmão?"
"Não sei filha, a ter não é já que a mãe ainda se lembra de muita coisa, está bem? "

Esta foi uma das fotografias que me tirou neste fim-de-semana,
ainda não levou workshop de namorado de instagram, mas está a ir aos poucos. ;)

Talvez haja timings, estratégias... mas decidi borrifar-me para isso. Estou com os dois pés nisto. Quero e quererei sempre proteger a minha filha de instabilidade: não quero que ela se tenha de adaptar aos percalços da vida emocional da mãe, mas a vida também acontece, não é? 

Cada uma de nós é uma, mas somos as duas uma dupla e, por isso, a vida de uma está tão ligada à da outra... Não há nada que se possa fazer (e ainda bem). 

Fico feliz pela Irene vir a assistir a uma dinâmica bonita. Que venha a ter uma referência maravilhosa de alguém na sua vida que lhe quer dar muito amor e à mãe e que, tal como ela quer, nos veja a dar beijinhos na boca (não irei dar linguadões, que ela veja - e, mesmo assim, sei lá - , mas vai ser interessante porque ela não o vê em lado algum). 

É bom sentir que há quem aceite tudo isto. Ontem li que "é uma situação diferente, mas não para pior". E a verdade é essa. Tenho uma filha do meu ex-marido mas ela é espectacular e eu também. Até é um bónus ou não? 

Contei também ontem ao ex que tinha namorado. Como somos muito amigos, sempre fomos partilhando um com o outro as nossas esperanças e paixões. Ele ficou genuinamente feliz por mim. E abraçamo-nos, comovidos, sabendo que é mais um grande passo para a nossa família e que, aconteça o que acontecer sabemos que poderemos sempre contar um com o outro e que todos os erros que cometamos serão sempre por termos o coração no sítio certo. 

Sinto que a vida (re)começa agora. 






6.02.2020

Tenho novidades. Ficam contentes por mim?


Ando calmamente histérica com isto. Não quero dizer que encontrei “a” pessoa, mas é o feeling que me tem percorrido o corpo todo. 
Claro que me falta conhecê-lo melhor e no início é tudo muito lindo, mas sinto mesmo que a vida me preparou - e talvez também o tenha preparado - para este momento. 

Ao longo de décadas fui tentando diminuir-me, moldar-me ou “corrigir-me” para me encaixar nas pessoas que ia conhecendo. Tinha a tendência para pensar que se alguém não lidasse bem com as minhas características, que tinha que as mudar. 

Isso foi um erro (que fez parte da aprendizagem). 

Uma espécie de falta de fé na abundância de pessoas neste planeta e, acima de tudo, no meu valor. Aquele slogan da L’Óreal faz sentido: “porque eu mereço”. 
E mereço. 

Hoje, entre beijos, saiu-me um “eu mereço-te, caramba”. Bem, talvez não tenha sido caramba que na vida real não sou tão polida como aqui. E é verdadeiramente isso que sinto. Não segundo a segundo, mas senti e vou sentindo. 

Conheci uma pessoa que gosta de tudo o que já fez confusão a outras. E arrisco-me a dizer que gosta de tudo o que me torna especial, aquilo que me sublinha em vez de me rasurar. Que me vê como uma relíquia e não como potencial. 



Claro que o amor não existe só por gostarem de nós. Como vos disse, estou apaixonada. E tinha deixado de “tentar”, de procurar. Senti que estava cansada e que a minha vida já é preenchida o suficiente e que já me dá cabo dos nervos o suficiente para estar a adicionar mais problemas mas, ao que parece, o amor não é isso. 

Correndo o risco de parecer muito “Os Maias”, descubro que sim, o amor é uma espécie de irmandade, de dupla, de equipa em que existe respeito, admiração, carinho, fé e vontade de crescer. 

Ao longo dos anos fui fazendo uma lista (ainda que, por vezes, inconsciente) do que é importante que alguém que faça parte da minha vida tenha e tive a sorte de ter encontrado quem não só preencha tudo o que quis, como ainda mais. Mesmo que isto não resulte, mesmo que o rapaz fuja (que está no seu direito), sentir o que estou a sentir, estas emoções todas e esta vontade de viver (parece o nome de uma telenovela merdosa), já valeu a pena. A Irene fica grata por ter uma mãe mais feliz, mais saudável e sabem que mais? Estou cada vez mais bonita. 

Escrevo-vos este post porque me apetece falar sobre isto, porque me apetece ostentar, mas também porque gostava muito de não me ter agarrado tanto a relações/pessoas que não me faziam bem. Não por serem más pessoas ou más namorados(as), mas sim por causa da dinâmica, timing, o que for. 

Há realmente quem nos queira e que talvez esteja pronto para nós tal como somos e estamos. Não tem mal que não resulte. Não tem mal que a vida mude. 

Desde que escrevo aqui no blog, algumas de vocês terão testemunhado as minhas mudanças de humor, a minha história e... reparem agora nisto! 

A minha ex-namorada ensinou-me e, também por isso agora consigo vivê-lo (obrigada): A VIDA É BOA. 

Talvez tenhamos é de ter fé e de fazer o que eu faço antes de entrar em palco: “que se fo*a”. E isto, principalmente, quando não sabemos o que vem por aí. 

Estou cheia de sorte. 
E mereço. 
Quis partilhar. 

Ficam contentes por mim?


7.15.2019

Acabou o namoro da mãe.

Pois, nem sei o que vos diga. Sei que preciso de escrever sobre isto, porque preciso de fazer algo. Sei que namorar quando se tem uma filha está longe de ser namorar quando não se tem uma filha. Primeiro por causa da filha, claro, mas depois também porque quer se queira quer não ou quer se tenha consciência disso ou não, há um lugar que parece ter que ser ocupado. E provavelmente pela pessoa com quem estamos a namorar. 

Tudo dependerá das expectativas que ponhamos na relação, mas acho muito difícil (pelo menos para mim) namorar com alguém sem a expectativa de que venha a ocupar um lugar minimamente definitivo e absolutamente marcante. Ainda para mais tendo uma filha. 

Tendo uma filha, só lhe apresento pessoas de relações sérias como tal. Honestamente depois de ter casado e divorciado, não tive tempo pelo meio para nada mais (e/ou vontade). Também talvez por causa disso. O outro lado das relações, aquele que associo a que seja o lado mais descontraído, sem “casting” talvez não exista para já. Ou talvez nunca mais venha a existir enquanto a Irene não for adolescente ou assim. 



Sinto que estou numa espécie de limbo (além de estar muito triste com o final do relacionamento) entre “precisar” de uma relação desse género e de não ter capacidade emocional, física e temporal para ter uma relação assim. Sinto ou sei que a relação que tenho com a Irene me consome muita da minha energia e vontade de trabalhar e de estar consciente numa relação. 

Não consigo estar naquela do “logo se vê”. This is serious. Nem sei em que mindset se conseguirá estar sendo “mãe solteira”. 

E lidar com as perguntas dela? Como se faz? Tento mostrar-lhe que nada acabou, que tudo se transforma, mas como falar sem dor de algo que ainda se vive com dor ou, noutra perspectiva, qual o motivo para sentir que devo esconder a dor? 

De alguma maneira, por ser quem passa com ela mais tempo, sinto-me responsável por lhe passar também uma imagem de força e de estabilidade, mas o conceito de força pode não ser o da “força bruta” ou “indiferença”. Quanto mais cresço, mais me vou apercebendo que a consciência das nossas vulnerabilidades nos tornam mais fortes e que está certo sentir coisas tristes e que a tristeza tem um papel fundamental na alegria e vice-versa. 

Mas agora ficam três corações partidos em vez de dois. E sei que é uma fase, mas caramba. Quase que sugiro à Jorja Smith para escrever sobre a single-motherhood fantasy. 

Querem dar-me alguma força e/ou piparotes para deixar de me lamentar e arrumar as trouxas e seguir em frente, mesmo que vá limpando o ranho ao braço? (Eww)



10.28.2018

Como se namora sem a miúda saber?

Ahhh! Muitas de vocês perguntaram como é que conseguia levar este namoro de um ano em segredo, sem que a miúda soubesse...  (contei-vos que estou muito feliz há um ano a namorar :) aqui: "E namorar depois do divórcio? Eu tenho gostado! ;)" ) como é que quem está comigo tem lidado com isso. Vou responder para inspirar outras mães, mas adianto já que é com muita paciência e aceitação. 

Claro que há muito menos tempo em casal do que um dia haverá quando a relação estiver assumida, mas tudo devagarinho, com calma. E, acima de tudo, há sempre vantagens: ninguém se está a precipitar e avança-se com certezas. Especialmente de que a Irene esteja preparada - claro que tudo sob a minha perspectiva, nunca saberei mesmo,  ahah. 

Nos fins-de-semana em que a Irene está com o pai, claro que não se perde um segundo, eheh. 

Nas noites de dormida a meio da semana, a mesma coisa. :)

Nos dias em que tenho a Irene, combinamos planos a três e jantamos algures ou se janta cá em casa e, quando a vou adormecer, despedem-se como se ninguém mais dormisse por cá, mas dorme... estão a perceber, hã? Hã? De génia! Ou, então, chega depois da Irene e eu irmos para o quarto ler histórias, que é aí por volta das 21h ou das 20h (em dias que não faça sesta).



De manhã, a saída ocorre antes da Irene acordar ou, então, falseia-se um "veio cá buscar qualquer coisa", algo do género. 

Não é porreiro acordar "tão cedo" e sair "à pressa", mas encontra-se sempre uma vantagem: dá para ir ao ginásio, chegar mais cedo ao trabalho e não apanhar trânsito... compensa :) Não para mim, que eu tenho de dormir cá em casa na mesma por causa da Irene, pelo que só tenho a ganhar ;)

Pelo meio há um banho que a Irene não me pede a mim, há brincadeiras em que não estou envolvida por estar a aproveitar para fazer as minhas coisas ou o que for e vão se criando laços... que, aliás, já estão tão criados que a Irene chega a pedir para que "seja assim para sempre". Óbvio que me farto de chorar quando isso acontece. 

Ansiosa pelo que aí vem. Todas as fases vão ser boas à sua maneira e todas terão o seu motivo. Esta é boa para dar espaço a toda a gente e também para não se passar muito do "namoro" para "morar junto", etc. 


É bom sentir que está tudo apaixonado.

Obrigada, Irene, por me/nos fazeres andar com calma :)



10.24.2018

E namorar depois do divórcio? Eu tenho gostado ;)

Garooooootas, a vida é boooooooooooooooooooooooooooooooooooa! Não quero ser a representante do divórcio em Portugal, até porque cada caso é um caso, somos todos muito diferentes e as nossas relações também, por isso não há aqui conselhos a dar de "vai, filha!!!" ou "não te metas nisso, amoreeee!". Não. O que vos posso dizer é que no meu caso, a vida é boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooa! Ainda bem que consegui ter a coragem de acreditar que a vida podia ser bem melhor do que aquilo que estava a viver, mesmo que isso implicasse grandes mudanças na nossa vida (minha e da Irene) e ainda por cima algo que facilmente pode ficar tão negativo com as frases que ecoavam na minha cabeça "acabar com o casamento", "tirar-lhe o pai", etc. 

Cada timing tem os seus desafios e depois de ultrapassada parte da "culpa" que me inibia de seguir em frente com a vontade, passou-se à execução. E claro que o sonho da vida a três foi um sonho, é "pena" que o sonho tenha acabado, mas passar a vida toda a sonhar com o que não existe acaba por não nos fazer viver a realidade.

Assim abri espaço para me acontecer a realidade que quero e que mereço. Estou apaixonada (já há bastante tempo), podia dizer que conheci uma pessoa, mas não "conheci", já nos conhecemos há muitos anos e tem sido o melhor ano da minha vida. 

É o meu wallpaper :) 

Claro que tenho gerido tudo com o máximo de cuidado. Não quero que a Irene sinta que o pai está a ser substituído. Ou que foi por causa desta pessoa que aconteceu o divórcio (eles não têm noção de timings nesta idade). 

Isto, na prática, tem implicado que a Irene conviva com a pessoa, que se façam planos, férias, mas não tem havido dormidas assumidas lá em casa. Não fiz um comunicado de início de relação, nem lhe dei nome (para a Irene). 

Quero que se conheçam, com tempo, que se tornem indispensáveis mutuamente e que tudo aconteça com calma. Até agora tem corrido bem e até tem sido a Irene muitas das vezes a requisitar a presença e acho que isso é muito bom sinal. 

Não existem timings para tornar as coisas mais "intensas", tal como não há para o desfralde, para o desmame e tudo isso, mas vou ter o máximo de calma possível. Já que tenho quem perceba, respeite e motive também que se vá devagar tendo a Irene como prioridade. Deve haver outras estratégias e até podem correr muito bem, mas eu cá morro de medo e isto é como consigo e quero fazer, eheh.