Já muito foi dito sobre este assunto. Muitas serão as nuances, as convicções e as consciências morais. Acredito que seja um tema complexo: já pensei muito nele, em várias fases da minha vida, e por mais argumentos que me sejam apresentados, acabo sempre por chegar à mesma conclusão: sou a favor da despenalização da eutanásia. Acho que todos temos direito a pôr um termo à nossa vida (ou a pedir ajuda para o fazer) quando estamos indignamente e desesperadamente à espera da morte, ou até sem a morte à vista... Quando o sofrimento não dá lugar a mais nada do que a um desejo de fim.
Partilhei convosco este texto com a reportagem mais dolorosa que já li sobre o assunto: quando o caso remete para menores de 18 anos. É todo um outro mundo que se abre à nossa frente e muitas outras questões.
Mas, por mais difícil que seja colocar hipóteses, acabo por voltar sempre à mesma conclusão: deve haver uma escolha, sim, mesmo com, imaginemos, mais e melhores cuidados paliativos. Mesmo melhorando os cuidados a quem mais precisa, deve ser dada, a quem assim o decide de forma consciente, a escolha de morrer.
Revejo-me nas publicações e questões levantadas pelo Por Falar Noutra Coisa e pelo Bruno Nogueira.
Mas acho, acima de tudo, que este é um assunto que merece ser amplamente discutido (sim, mais ainda) e referendado.
Sigam-nos também no Instagram:
E nos nossos pessoais:
O meu avô este quase dois anos deitado numa cama sem se mexer. Só o cérebro funcionava, o corpo estava a apodrecer. O maior desejo dele era poder morrer...mas durante dois anos acordava e percebia que ainda cá estava. Por isso sim, sou a favor.
ResponderEliminarNessa situação faria sentido suicidio assistido. Há muito para discutir.
EliminarÉ com toda a certeza um tema sensível,mas fiquei com algumas dúvidas em relação ao texto que partilhou do Bruno Nogueira. Revê-se na opinião de uma pessoa que compara a fé de outra pessoa a um "Homem-Aranha" ou "qualquer outro super-herói", usando estas imagens para ridicularizar a crença de uma pessoa? O que é que a aprovação por maioria num parlamento eleito democraticamente (e não será com toda a certeza uma maioria crente em Deus)tem que ver com Deus?
ResponderEliminarAna Sousa
Por mais que me esforce não consigo perceber quem é contra. O corpo é meu e eu decido o que fazer com ele. Qual é a questão?
ResponderEliminarExatamente! porque tem tanta gente a mania de nao concordar com aquilo que não têm intenções de fazer? Não entendo. Do prejudicam os que de facto precisam...
EliminarExatamente! porque tem tanta gente a mania de nao concordar com aquilo que não têm intenções de fazer? Não entendo. Do prejudicam os que de facto precisam...
EliminarEstou aqui lavada em lágrimas pelo texto que recordaste, e que fui ler novamente. Faria tudo para não ver o meu filho sofrer, mesmo que isso implicasse violar a lei, que foi votada por alguém que não nós. Concordo contigo, esta lei não devia ser discutida como foi. Deveria ser as pessoas a decidir. Custa-me imenso não mandarmos nem na nossa própria vida!
ResponderEliminarO único problema real para o contra parece-me ser a dificuldade de legislar sem dar azo a erros grosseiros. A questão da religião, da ética e afins é facilmente deitada a baixo com o facto de ser uma decisão individual. A falta de cuidados paliativos adequados, a desinformação ainda existente, as diferenças sócio-económicas marcadas tornam-se relevantes apenas porque a motivação para morrer é influenciada pelas condições que se têm a vários níveis. Sem uma legislação cuidadosamente pensada, os critérios de inclusão vão acabar a depender do bom ou mau senso dos avaliadores e das interpretações passíveis da lei - o que facilmente leva ao antecipar de mortes que seriam evitadas por prestação de diferentes cuidados (paliativos, psiquiátrico, de suporte familiar, domiciliario, etc). E isto torna a "liberdade individual" não tão livre como parece à primeira vista. Quero dizer sim à Eutanásia? Quero, até de uma perspectiva egoísta de quem acredita que talvez pudesse usar muitos recursos antes disso, e tomar essa decisão quando os estivesse esgotado. O problema é que para a maioria da nossa população os recursos para adiar essa vontade acabam-se mais cedo, de uma forma desesperada, e parece-me demasiado injusto eutanasiar alguém que num contexto ligeiramente diferente e não impossível poderia ter outra vontade. Por isto, acho que o sim faz sentido, mas depois de uma educação adequada dos portugueses sobre este assunto, sobre tudo o que é possível fazer e aceder antes de tomar uma decisão destas (as pessoas nem sabem bem!). E depois, então, legislar o melgor possível, mas com as pessoas verdadeiramente aptas a saber escolher se estao num momento em que querem a eutanásia ou se querem exigir outros apoios e cuidados antes disso. É que não me faz sentido, podermos exigir que nos ajudem a morrer e isso ser-nos dado, mas não podermos experimentar antes cuidados melhores....porque esses não são dados a todos de igual forma. Um estado que dá a morte a pedido para minorar o sofrimento, não devia dar primeiro qualidade de vida a pedido para minorar o sofrimento? Há muitas situações em que este contra não se coloca, de tão tristes e graves que são . Mas, todas as outras ainda são muitas, e será inevitável que a despenalização leve a um predominio de eutanasia da classe social media baixa, do grupo dos pobres pouco conservadores . Pq não vi proposta legislativa que conseguisse limitar a eutanasia unicamente aos casos péssimos em que o bom senso universal consegue compreender a falta de saida para a dor. Eutanásia sim, mas primeiro muita educação sobre o assunto, para que as decisões sejam tomadas em consciência, para que as limitações do que for legislado sejam atenuadas pelo conhecimento de causa; e que haja a possibilidade de se oferecer igualdade nos cuidados sociais/de saúde em vida quando se oferecer igualdade nos cuidados em morte. Quero dizer que sim, mas de uma forma que não seja apenas egoísta, com a consciência tranquila de que o meu sim não vai levar à implementação de uma lei que pode agravar desigualdades de uma forma irreversível.
ResponderEliminar