12.08.2019

Mais um livro para a vossa biblioteca!

Houve umas férias de verão, no início da minha adolescência, em que li mais de 40 livros. Ler sempre foi importante para mim. Leio bem menos agora, mas sempre que leio - e me entusiasmo - penso na parvoíce que foi ter perdido tanto tempo nas redes sociais (dava para ler um livro por semana, à vontade). 

Os jovens, que são nativos digitais, têm ainda mais dificuldade em estar em silêncio, em se concentrarem, em viver de forma lenta. E a leitura exige isso. Havendo séries, televisão, jogos e tablets à disposição, é normal que deixem os livros, silenciosos, para o fim da lista. E é isso que eu quero tentar contrariar, dando o exemplo. Está mais que provado que o exemplo é crucial para que eles reproduzam esse modelo. Isso e continuar a criar um ambiente afectivo relacionado com os livros e a leitura - mais do que o de imposição e obrigatoriedade. Por que razão eles gostam tanto que lhes contemos histórias? Exacto: é um momento de partilha, de cumplicidade, de união. 



O mais recente livro a entrar cá em casa foi "O Protesto do Lobo Mau", que venceu o Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce, que já vai na 6ª edição. Acho que não nos escapou um. Primeiro porque são bons e baratos (3,99€). Depois, porque acho mesmo de louvar esta iniciativa de premiar novos autores e ilustradores (com 50 mil euros, metade metade), para que eles possam continuar a deliciar-nos com este trabalho: neste caso, a Maria Leitão e o Pedro Velho.

É uma prenda excelente para este Natal.



O Protesto do Lobo Mau
Há um dia, na história do Lobo Mau, em que nada parece fazer sentido.
Quem é aquele urso a fazer-se passar por Capuchinho Vermelho?
E o que está uma rã a fazer na sua história?
Porque será que já não se lembra do caminho para a casa da Avozinha?
E pior: porque estará ele a ser tão manso, se antes era feroz?
Nestas páginas, cheias de imprevistos, nada acontece como se imagina.
São muitos os desafios que o Lobo vai ter de ultrapassar, mas nesta caminhada irá
fazer uma grande descoberta...

Adorei esta desconstrução da história a que já estamos habituados (e que eu, por vezes, tento mudar um bocadinho - "o Lobo não é mau, está com fome!"). Neste caso, o Lobo, depois de se confrontar com a ausência da Capuchinho e de outras personagens, vê-se capaz de sair da história e de ir construir a própria história. O giro disto tudo é que, acabando o livro, temos de reservar ali uns bons minutos para conversar e para "escrever", em conjunto, a nova história do Lobo. 

Gostámos muito (a Isabel mais do que a Luísa e compreende-se, já que está quase a fazer 6 anos (como?!) e este livro é precisamente aconselhado para essa idade (até aos 12). As ilustrações estão muito giras e adorei a paleta de cores: amarelo, vermelho, preto e branco - é bem bonito.




Todos os livros das edições passadas do Prémio de Literatura Infantil <3
Mais um para a vossa lista, disponível em qualquer loja Pingo Doce. Já o viram por aí? :)




O que esta blogger quer para o Natal.

Não era isto que estavam à espera num blogue de maternidade, não é? Bem sei. Eu própria ia escrever sobre os melhores presentes para os miúdos (e ainda vou), mas ganhei aqui balanço a pensar também no que gostaria de receber. Pode ser que também tenham ideias para vocês ou, então, que as agências de comunicação, em vez de enviarem pensos para as perdas de urina (não quero lidar já com isso), enviem coisas que até quero receber, eheh.

Aqui vai a minha lista para o Pai Natal:


Blusão de ganga carneirinho.

Está mesmo com o ar de quem sabe que vai ser paga a 90 dias pela sessão fotográfica.

O blusão de ganga é daqueles casacos que combina com tudo (menos com ganga, na minha opinião) e, se for quentinho, escuso de ficar frustrada quando tento vestir camisolas por cima daquele que já tenho e ficar a sentir-me como se estivesse a passar por 10 TPMs.


Um sítio que tenha aulas de dança porreiras durante o dia. 




Quando fui a Cabo-Verde em Março e fui desafiada para dançar, fiz questão de não me esquecer da sensação que tive. Adoro dançar, adorei. Quero mesmo dançar (mas durante o dia, enquanto a miúda está na escola). Mais do que fitness, acho que me iria fazer bem a vários níveis. Infelizmente só encontro sítios com horários em pós-laboral. Conhecem algum com horários “diurnos”?

Aulas de Piano.



Sou apaixonada por violino. Calma, sei que é Piano que está escrito ali em cima. No entanto, falando com alguma malta da área, disseram-me que o violino é extremamente difícil para quem não tenhas formação musical. Acho que vou começar pelo piano e até já tenho contacto de um professor. Também terá de ser durante o dia e sempre ponho outras áreas do meu cérebro a funcionar. E, quem sabe até, incorporar mais tarde num espectáculo de comédia meu.


Atelier de Pintura (ou um cantinho na sala, pronto). 



Tenho de investigar. Por acaso, apesar de estar sempre muito disponível para aprender, para fazer cursos e tal, não me apetece ter formação em pintura. Apetece-me estar à vontade e pintar o que me apetecer, fazer o que me apetecer. Se calhar, dava era jeito saber que materiais a ter para que, por exemplo, quando pintar na tela, as cores não desapareçam.

Querem dar-me conselhos? Quero um cavalete, uma paleta e uma bóina.


Fatos-de-treino bons. 





Estou a transformar-me numa soccer-mom, bem sei. Estou cada vez mais fã de fatos-de-treino. Com uns bons ténis e cara, safa-se bem o look, além de ser super confortável. Arrisco-me sempre aos comentários da minha mãe que fica extremamente desiludida, mas deixo-os para dias em que saiba que não me vou cruzar com ela (ou levo-os de propósito, eheh).


Claro que não digo que não a viagens, fins-de-semana em hóteis e coisas do género. Contudo, acho que estas coisas me deixariam mais satisfeitas a longo prazo e até me fariam bem. :)

E vocês? O que almejam? Não se armem em Miss Universo e digam sem merdunfas.

12.07.2019

Mudar de vida outra vez? Sim!

Não foi preciso chegar aos 33 para perceber que não há problema nenhum em voltar a baralhar e a dar jogo. Percebi isso logo quando me despedi do meu trabalho de vários anos em televisão. Estava grávida da Luísa (a minha segunda filha para quem chegou aqui só agora), quando fomos para Santarém e eu fui trabalhar apenas no blogue. Por lá ficámos até ela ter ano e meio. Foi tudo o que precisámos, naquela altura. Acalmar, desfrutar do campo, cheirá-la todinha e dormir até sestas com ela, ir buscar a Isabel cedo à escola. Depois, quisemos estar mais perto do trabalho do pai e eu quis voltar a meter as mãos na massa. Voltámos a Lisboa. Comecei a trabalhar numa agência de comunicação, aonde nunca antes tinha trabalhado. Despedi-me passado um ano e vim trabalhar apenas como freelancer, para casa. Saía de casa para reuniões, para trabalhar com a Joana Gama (quando tínhamos de gravar vídeos ou podcasts) e para fazer locuções. Uma ou outra vez para eventos (mas, se não for workhshops ou comida (lol) "não é bem bem a minha cena"). Passava muito tempo sozinha. Entre paredes. Eco. Máquinas de roupa para fazer e pó à espreita. Episódios da netflix ali mesmo à mão de semear (e o tal do "ah é só um à hora de almoço") e, quando dava por mim, tinha visto 3. Para se trabalhar em casa, tem de haver muita disciplina. E eu, para me sentir inspirada, preciso de estar bem. Preciso de não me sentir só. Preciso de estar a sentir-me viva. 

Acho que andei meio adormecida nos últimos tempos. Pouco produtiva. E isto é uma bola de neve. Quanto menos se faz, menos vontade se tem de fazer. Quando dava por mim, era hora de as ir buscar. Claro que estes tempos (um ano, para ser mais exacta) me trouxeram coisas óptimas: conseguir ir com elas à natação às 16h30, conseguir fazer mais desporto (Chama a Sofia, ainda não sei bem como me vou conseguir organizar para continuar no ritmo snif), conseguir ir à dentista com a Isabel cedo, aproveitá-las mais. Há uma liberdade boa nisto tudo. 

Por outro lado, não saber bem como vai ser o mês em termos financeiros, fazia com que essa liberdade nem sempre compensasse. Meses bons, meses razoáveis, meses péssimos. Clientes que, se em vez de pagarem a 30 dias pagarem a 60, já desestabilizavam as nossas vidas por completo. Acredito que para se viver desta forma se tem de ser muito poupado, prever tudo muito bem, não dar grandes passos em falso. 

Neste momento, continuo a ser freelancer, mas voltei a trabalhar com pessoas e em televisão. Já não pegava num programa de edição (sem ser para os nossos vídeos) há quatro anos. Adrenalina de novo. Sensação de recomeço. Acordar bem cedo, largar o pijama ou o fato de treino, maquilhar-me, beber um café na rua. Conhecer gente nova, rever colegas. Construir histórias. Curiosamente, sinto-me em casa. 

Volto a ter de fazer malabarismo com as horas, com o trânsito, com os prazos. Mas digo-vos já que me saiu um peso de cima. Que sinto borboletas na barriga. 

No outro dia, ouvi dizer - sobre o facto de se mudar com "facilidade", diziam, de trabalhos - que hoje em dia os jovens já não sabem o que é o compromisso. Eu tendo sempre em chatear-me quando se olha com paternalismo para a geração seguinte (tende-se sempre a achar que a anterior foi bastante superior e que a seguinte é ignóbil - quem não se lembra do termo "geração rasca"?). Mas, a ser verdade essa generalização do compromisso, se calhar, ainda bem. Acho que o maior compromisso que podemos ter é com o nosso bem-estar e realização e, claro, tentar ao máximo que a equação não subtraia aos nossos filhos, quando os há. A mudança não é um papão. Se for tudo feito com respeito, com ponderação, pode ser a melhor coisa que nos acontece. 

Ainda bem que não fiquei até hoje na primeira produtora aonde trabalhei, até porque muito provavelmente estaria doente, a trabalhar 16 horas por dia, a ganhar 500€ a recibos verdes e não haveria Isabel e Luísa. 



Mudei de vida outra vez. Voltei a trabalhar, também, em televisão. Não sei se "para a vida", se "para já". E é bom não saber. É mais divertido assim.