9.26.2018

Aos 4 anos deixam de fazer sesta na escola? Como assim?

A Irene começou por andar numa escola que incentivava o desfralde de todos os pequeninos (2,5 anos) ao mesmo tempo. Tirava-lhes as fraldas, levava-os à casa de banho ao mesmo tempo e ficavam lá "tempo suficiente" até ou terem feito xixi e cocó ou então para a educadora ter achado que já seria suficiente. Quando tinham cocó e não avisavam, eram repreendidos dizendo "cheiras mal e não disseste nada?" - o que não acho porreiro, mesmo que seja com um pseudo-sorriso. 

Se as crianças têm ritmos diferentes para aprender a comer, gatinhar, andar... a uniformização destes timings nas escolas é por mais algum motivo do que por logística? 

Pergunto se não será uma grande violência (educadoras incluídas por terem de cumprir normas com as quais poderão não se identificar) obrigar crianças a seguirem um determinado ritmo que não o seu e verem que determinados colegas já estão aptos e que elas nem por isso. Verem os amigos que fazem  xixi na sanita (porque até beberam mais líquidos de manhã) a receber um aplauso e elas (que ou não se sentem seguras para o fazer ou que não beberem líquidos de manhã) a não serem aplaudidas, mas com um tom menos eufórico a dizer "não faz mal, fica para a próxima"

Mesmo que fisicamente já estejam preparadas - o que também é relativo de criança para criança, o controlo "dos esfíncteres" - por que não ter em consideração todos os factores psicológicos que levarão uma criança a não querer ou não conseguir fazer o desfralde? E de fazer xixi em frente aos colegas e cocó, virados uns para os outros nas casas de banho, por exemplo, nesses momentos?

Calculo que não seja assim em todo o lado, claro.  Para se fazer xixi e cocó, tal como em nós, adultos (para algumas pessoas, só em "adultos" é que temos direito a ser pessoas), é preciso sentirmos segurança, calma e... pasmem-se... vontade! Há adultos que odeiam ou não conseguem evacuar no local de trabalho, estamos a "obrigar" as crianças a fazerem-no para quê? E quando dá mais jeito nas rotinas de "trabalho" nas escolas?

Do que temos medo? Temos medo que usem fraldas para sempre? Se não for por uma questão de logísticam qual é o motivo?  Se o problema também for os custos das fraldas, creio que há mais pais a terem vontade de levar as fraldas para as escolas do que a que os filhos sejam pressionados a deixarem de as usar para que o custo não se alargue por mais anos.



A Irene ainda precisa de fazer sesta. E, ao que parece, na maioria das escolas - espero ouvir muitos relatos do contrário aqui em baixo nos comentários - aos 4 anos já não há grande abertura (ou nenhuma) para pôr os miúdos a dormir. Há muitos que já não precisam (e é verdade, bem sei) e, por isso, os que precisam têm de ser separados do grupo e ir dormir com os mais pequeninos (e haver esta hipótese já é fantástico porque já não é muito comum). Claro que os filhos cujos que os pais dizem que têm que ir, na hipótese em cima, vão "chorar muito" porque são separados do grupo mas, acima de tudo, porque têm sono e têm que ir dormir. A birra de sono só se aplica quando estão em casa com os pais? 

Fala-se de um "período de transição" e daí as crianças, nesta fase em que a sesta já não é incentivada - antes até pelo contrário - andarem a cair de sono ao final da tarde e de chorarem por tudo e por nada e adormecerem em 3 segundos quando se deitam na cama. Será? Será um período de transição? Ou será um período de privação de sono que é tão crucial ao desenvolvimento da criança (e que até lhe chamaria um direito) até ela estar efectivamente preparada para deixar de fazer a sesta como, talvez, a maioria das crianças da sua idade? 

Obrigar as crianças todas a não fazerem sesta aos 4 anos ou não haver soluções adequadas e uma atenção e carinho redobrado às que precisem é o equivalente a determinar uma quantidade igual de comida a ser ingerida por todos à hora de almoço. Só que numa das situações morrem neurónios e não se processam aprendizagens e criam-se imagens negativas relativamente à escola e à sociabilização. 

As crianças, quando não dormem o suficiente, têm os mesmo problemas que os adultos: não funcionam, estão cansados, irritadiços, não conseguem gerir as suas emoções... Será isto importante no dia a dia de uma criança de 4 anos? Dormir o suficiente? A sua saúde? A sua felicidade? 

Sabemos que nesta idade (4 anos) há a necessidade (lá está, pegando nas generalizações que é também por onde as escolas se guiam para os prós de não fazerem sestas) de 12 a 14 horas de sono.

Para as fazer, levantando-se às 7h, a criança terá de se deitar às 19h para fazer as 12h. Para se levantar às 8h terá de se ter deitado às 20h.

E se for uma criança que precise das 14h?

Para se levantar às 7, teria que se deitar às 17h. A maior parte dos pais sai do trabalho entre as 17h e as 18h e terá ainda de contar com a deslocação até chegar à escola. Convém que as crianças jantem e até que estejam um pouco com a sua família, digo eu.

Isto de não haver sesta tem outra questão que não a logística?

Como mãe percebo que haja decisões que vamos tomando e que nem sempre são do interesse directo da criança, mas estamos a falar de uma rotina e ao longo de, pelo menos, um ano. Sendo que há crianças que continuam a precisar de sesta aos 5 anos também e outras até mais tarde.

A Irene tem muita sorte porque a escola dela tem aberto a excepção e está rodeada de pessoas que a tratam com muito carinho e atenção, mas nem quero imaginar a quantidade de crianças que andará privada de sono durante a semana noutras escolas, por não haver opção e cujos pais não conseguem passar tempo de qualidade com elas por terem que as por a dormir cedo, ou porque ainda têm que gerir as emoções de ambas as partes. E isto com o triplo da dificuldade só porque alguém algures achou que aos 4 anos a regra é não haver sesta. 

Escrevo isto para que mais pais saibam que estão certos quando sentem que os seus filhos precisam de uma sesta mesmo que já tenham 4 anos. Escrevo isto para que mais pais possam fincar pé junto das escolas dos filhos para abrirem excepções e quiçá até para criarem soluções que não tratem estes casos como excepções, mas como crianças sem regras aplicadas aos timings do seu desenvolvimento.

E se as crianças não quiserem ir dormir, mas tivermos a certeza que precisam, quem somos nós afinal? Os pais ou o quê? É ganharmos tempo a pensar numa forma criativa que faça com que a criança queira ir fazer a sesta. Hoje a Irene foi fazer a sesta porque expliquei que só assim daria para irmos jantar a casa de uma amiga, senão teria que a deitar muito mais cedo e não daria tempo. Isto é com a Irene, sei que não são todos assim.

Creio que o dever das escolas, as escolas que dizem tanto em tanto lado que se preocupam com o bem-estar geral da criança devem INCENTIVAR as sestas nas crianças que precisem, criando as condições IDEAIS para o fazerem. 

Talvez a escola ideal não exista, mas isso não quer dizer que não tentemos evoluir todos em conjunto. Como a escola onde está a Irene que ouve os pais e que vai encontrando soluções e vai melhorando o que vai sendo necessário. 




9.25.2018

O meu vestido de noiva está quase!

É das coisas que mais prazer dá preparar num casamento: o vestido de noiva. Pelo menos para mim. E construí-lo de raiz, ver a Margarida a desenhá-lo, a Milu a costurá-lo, a Catarina pedir ajustes... foi um processo muito emocionante. A escolha do tecido foi para mim decisiva. O corte também. Os pormenores, pensar no todo, no conforto também, nas várias hipóteses: pegar nas miúdas ao colo, dançar à vontade, estar ou não calor, ficar elegante mas romântica - tudo foi pensado. 
Estou em pulgas para vos mostrar, mas vá, vou ser crescidinha e esperar mais 10 dias. 10 dias?! Só? Esquizofrénico isto.

Fiquem com o ambiente da STOA (que também faz vestidos para as convidadas e tem imensos adereços, brincos, carteiras e toucados lindíssimos!) e com alguns pormenores que a Joana da The Love Project captou que podem ou não estar no meu casamento... Fica no ar, mas não se fiem bem no que vêem do meu vestido... pode não ser bem assim...].


















Um grande beijinho à Margarida da STOA que não está nas fotografias mas já está aqui no meu coração (que lamechas, vá, eu qualquer dia paro com isto ahah)
Fotografias - The Love Project 
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Eu não sabia que ia ser assim.

Não tenho grandes dramas na minha vida. Mesmo os que o possam ter sido, ultrapassei-os com rapidez. Tenho alguns fantasmas, mas quase nunca deixo que me assombrem. Sou uma pessoa feliz. Não sempre. Acho que isso não existe. Às vezes sinto-me uma mimada por exigir mais da vida, dos outros e por ir recuperando alguns sonhos, tendo novos. Já aqui o disse, aos 32 anos ainda não sei bem o que sou, o que quero ser nem o que serei. Acho que nunca o soube. Estou, no entanto, muito bem profissionalmente, sinto-me acarinhada e a desafiar-me (estou num trabalho totalmente novo, sou conselheira de comunicação de algumas marcas e nunca tinha experimentado nada parecido: sempre trabalhei em televisão. Sempre. E afinal também consigo fazer outras coisas).

Eu não sabia que ia ser assim. Não sabia que teria duas filhas e só depois me casaria. Não sabia que passaria por bastantes trabalhos, conheceria tantas pessoas, ficaria em casa quase dois anos, que faria biscates e locuções, que me convidariam para entrevistas ou para falar sobre educação em conferências ou sobre amamentação, que teria um blogue e que seria mais ou menos conhecida, que teria gente a acompanhar o que vou dizendo, a contrariar ou a apoiar as minhas opiniões e convicções e que ajudaria algumas pessoas em algumas situações da vida. Que ajudaria algumas marcas a venderem os seus produtos ou que iria escrever por prazer sobre a minha vida, sobre o que vejo e o que sinto.

Não fazia ideia. A vida foi-me trazendo até aqui. E sabem que mais? Estou a gostar. Estou a gostar de ser várias coisas ao mesmo tempo, estou a gostar de conciliar a minha vida profissional com a minha vida de mãe. E se há dias em que sinto que não chego a todo o lado, há outros em que confirmo que estou a fazer algumas coisas bem feitas. Já me chateei comigo por não ser apenas uma e uma coisa, por nunca saber bem o que me faz mais feliz, mas agora vejo que não tem de ser taxativo. Que posso ser muitas coisas e experimentar outras tantas: não estão bem a ver a minha felicidade em estar num ensaio com a banda da minha empresa e cantar, coisa que não fazia há que séculos. É bom ter muitos amores, muitas paixões. 

Se também são assim meio artistas de circo, se gostam de variedades e sentem que não encaixam a 100% numa só coisa, que estão algumas vezes insatisfeitas e precisam de hobbies, então sintam-se compreendidas. Eu sou assim. Não gosto só do amarelo.

Eu não sabia que ia ser assim. Mas eu sou assim. E ainda bem.

Fotografia Yellow Savages

Fotografia Yellow Savages

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