Estou num misto de emoções. Gosto de mudar. Mas não gosto de despedidas.
Este é o último mês em que estaremos na casa onde a Isabel viveu dois anos. Os dois anos mais felizes da minha vida. Aquelas paredes guardam as melhores histórias, os maiores sentimentos. Gargalhadas, choro, amor, muito amor.
Bem sei que os tijolos e o cimento pouco são, que a nossa Casa é onde está o nosso coração... mas eu sou muito visual e sensorial. Consigo fechar os olhos e rever os primeiros dias ali. Dois namorados apaixonados - como até hoje, mas com mais olheiras - cheios de projectos e sonhos. Ali namorámos, vimos filmes, rimos até cair para o lado, fizemos promessas, cumprimos. Dali saí para o hospital e sabia que, ao entrar novamente naquela porta, seríamos três. Aproveitámos bem todos os segundos por ali. A Isabel conhece tão bem a casa ao ponto de conseguir andar nela às escuras. Ainda hoje nos apareceu no quarto às duas da manhã e dormiu connosco. Seremos felizes, juntos, os quatro, onde quer que estejamos. É o que o meu coração diz. Mas... vou ter saudades. Vou.