4.23.2015

O maior acidente até agora.

Ontem tive um almoço de "trabalho" em Lisboa. Está entre "" porque ainda é um projecto, por isso ainda está naquele limbo da diversão e do trabalho.  Correu bem, obrigada por perguntarem. Como são mulheres, sei que perguntariam. Agora, quando cheguei a casa, o meu marido nem me perguntou nada. 

Abriu-me a porta com um ar de quem tinha sido acarinhado violentamente por um urso, com a miúda com um ar desorientado e só de fralda, ao colo. 

- O que se passou, amor?
- Nem imaginas.

Claro que aqui pensei o pior. Que ele a tivesse posto em cima do balcão da cozinha, que ela tivesse caído de cabeça e tivesse sujado a roupa toda de sangue, que temos de ir rápido para o hospital. Não que o meu marido seja parvo, mas todas fazemos coisas estúpidas. Ele também. 

- Então? Por que é que ela está só de fralda?
- Fez o maior cocó de todos os tempos.

De repente não consegui ser minimamente solidária. Só me apetecia rir, mas sabia que não era o momento. Reparei que aquilo estava a ser mesmo bastante complicado para ele e dei o meu melhor. Se ele tivesse olhado bem para mim, teria reparado, mas acho que ainda estava muito traumatizado de ter visto tanto da filha cá fora. 

Nunca lhe tinha acontecido. Ele só muda uma fralda por dia e desde há uns meses. Eu sou quem lhe muda as fraldas desde sempre (à Irene, não ao meu marido - apesar desse dia estar para breve que ele é bem mais velho que eu). E, por isso, ele não sabia o que tinha de fazer primeiro. Ela estava toda pintada, parecia um conguito (a concorrência dos smarties). Ele diz que, durante um minuto, ficou com ela nas mãos, afastada do corpo dele, no meio do quarto, a tentar decidir o que ia fazer primeiro. Claro que assim que a deitou no trocador, desencadeou uma grande onda de merd* pelas costas acima. Coitadinhos. Mais ele que ela. Ela estava só apardalada. 

E não é que, quando cheguei, a roupa já estava de molho, a miúda já estava de banho tomado, o trocador já não tinha a capa, já estava praticamente tudo em ordem?

Na altura deu-me vontade de rir. Agora dá-me vontade de sorrir. Eu sou muito fuça com as coisas da Irene (porque gosto muito de ser eu a fazê-las - tirando os dias em que não gosto hehe) e, por isso, fiquei toda comovida por ter visto o pai a tratar de tudo. 

Nota: adorei, principalmente, que as toalhitas que tivessem acabado no momento deste cocó. Afinal não é só comigo. 


a Mãe dá (#18) O livro que vai salvar o mundo. (Vencedores)

Juro que até muda, se todas o lermos. Há muitas mães (principalmente as que já o são há muito tempo) que não são a favor dos livros. Há quem diga que muita informação confunde. Sempre será melhor alguma confusão do que uma certeza ignorante, digo eu. Mas sim, há demasiados livros a dizer coisas que não ajudam, escritos por pessoas que falam de coisas que não sabem. Pediatras que dão dicas educacionais que nada têm que ver com a sua formação. E não sei até que ponto é que o problema é de quem as dá [as dicas]. Nós é que queremos acreditar muito nalguma coisa, em algo que nos faça sentir seguras, principalmente nesta fase tão importante. Iria eu alguma vez perguntar ao meu cabeleireiro que comprimidos devo tomar para as minhas enxaquecas, só porque também está na área da "cabeça"? Temos de saber quem ouvir e, sim, neste caso, este livro vem mudar o mundo.


É o primeiro livro (de todos os que já li e, atenção, que comecei, obviamente, por ir aos mais comprados) que faz um trabalho de raiz. Que  diz que (é mais ou menos isto que a autora do livro que vamos dar diz - não me apetece ir à procura da citação :)) os bebés não são todos iguais, claro que ela venderia muitos mais livros se tivesse um título que prometesse mudanças rápidas ou que aparentasse ser um livro de instruções, mas é esse o problema. Andamos à procura de algo que não existe. Os nossos filhos não são robots. E, acima de tudo, sabem que mais? Somos mamíferas. Não, não vou abordar a questão da amamentação de maneira pouco elegante, até porque a própria autora, apesar de ser Conselheira de Aleitamento Materno pela OMS/UNICEF, não o fez. 

A Constança (depois de ler o livro, sinto que a posso tratar assim), para mim, veio reunir as principais evidências cientificas sobre os primeiros meses de vida dos bebés e fez uma óptima papa com a sua experiência de terapeuta de bebés. A Constança ajuda-nos a ser as mães que deveríamos ser antes de estarmos cheias de "tretas". Por "tretas" refiro-me a opções artificiais, teorias de quem não deveria falar do que não sabe, opiniões de outras mães bem intencionadas mas que, ao aconselharem também procuram validação... 

Se tivesse começado por ler este livro da Constança não precisaria de ler uns 5 outros (não estou a exagerar) e com um afinado sentido crítico para retirar só o que "interessa". 

A Constança fala sobre o facto dos recém nascidos chorarem tanto. Explica-nos por que é que nem sempre a dinâmica entre mãe e filho corre bem nos primeiros dias (e até nos seguintes). É um cupido da maternidade. Não que não amemos os nossos filhos, mas seria sempre melhor não haver tantos momentos de frustração (expectativas surreais e soluções contraproducentes) e de tristeza. 

Ler este livro da Constança é o sonho de qualquer mulher que esteja grávida ou que tenha sido mãe há pouco tempo (não que aí vá ter muita paciência para ler). É como se a nossa melhor amiga se tivesse tornado uma especialista em bebés, fosse filha de um pediatra e de uma doula, tivesse filhos, percebesse de amamentação e soubesse transmitir tudo isto de maneira a não julgar ninguém e a ajudar toda a gente. 

Aconselho vivamente a leitura deste livro a TODAS as mães. Mesmo aquelas que,  como eu,  já tenham passado os "primeiros meses". Este livro ajuda a enquadrar não só um segundo filho, mas também a repensar ou "resentir"  algumas das nossas atitudes enquanto mães. Ao pensarmos desde o início de forma útil e pessoal (sem automatismos apreendidos e não inatos) conseguiremos mais facilmente crescer com eles e não apenas vê-los a crescer. 

Creio que é um óptimo início a quem queira optar por um estilo educacional do género da Disciplina Positiva ou Parentalidade Positiva que agora tanto se fala e AINDA BEM.


Só para que tenham uma noção: não conheço a Constança, a editora enviou um press com livro, enviei e-mail a perguntar se me podiam dar um livro (à la Marcelo Rebelo de Sousa), enviaram e ainda hoje liguei para lá a perguntar se não podia sortear uns exemplares. Apesar do livro não ser minimamente meu, também quero ajudar a mudar o mundo.

Acima de tudo. Obrigada, Constança. Lamento não ter pago pelo livro, mas agora já está. ;) :)


Aqui estão as vencedoras!!

Parabéns: 

Sandra Ribeiro e Ana Romão (ambas de Lisboa)!!

Leiam o livro, não o deixem a apanhar pó na estante, sff!

Por mim era sempre fim-de-semana

A parte melhor da nossa semana passa depressa. São dois dias. Dois dias apenas para estarmos juntos, coladinhos, a desfrutar de todos os momentos, a sermos ainda mais uma família.
Por mim, era sempre fim-de-semana. E de preferência sem ter de me preocupar com nada. Comidinha caseira feita pela avó, não ter de fazer as camas, passear, fazer o avião, tocar na terra e nas plantas, fazer festas ao Baltasar, ver os cavalos, bater palminhas, andar no balancé com toda a genica. 

Somos felizes assim, no campo, no meio do nada, mas com tudo.