12.04.2014

Conversa de mães (#02)

- O meu Pedro está constipadito, o pobrezinho.

- O Martim também, está com tosse, com expecturação...
 
- Pois, uma chatice. Esta altura é terrível. Andam p'raí as viroses.

- E este tempo, que ora chove, ora faz sol, ninguém se entende.

- É que nem houve outono, passou-se do verão para o inverno.

- E na creche, já se sabe, apanham tudo.

- É o infect...

-...ário!!!

(passados 5 minutos)

- Tenho feito aeros...

-...sóis. Pois, eu também. Mas o Pedrinho tem ranho assim amarelo p'ró esverdeado e sai depois no cocó, sabes?

- Então não sei! Vem o cocó com bocadinhos de ranho. Sei tão bem. Antes assim do que infectar ou ficar com uma otite, sofrem tanto, coitadinhos.

(passados 5 minutos)

- E o Martim tem feito bem cocó?

- Tem dias. Às vezes parece uma fábrica de petites gâteaux, outros dias fica mais preso. Ele não pode comer banana.

- Olha o Pedrinho andou assim, cortei na cenoura na sopa. O cocó começou a sair logo mais molinho. Mas o cheiro, nem imaginas! Parece que está podre!

Regra nº. 2 - conseguir passar 30 minutos seguidinhos a falar das maleitas, do ranho verde e do cocó mole dos filhos

Chupeta, será chuperto ou chúpido?

E não é que os nossos miúdos andam o "dia inteiro" a mamar um pedaço de silicone

Não estou a insinuar que as nossas leitoras têm maminhas "novas" mas, se tiverem, não quero ver porque morro de inveja. Já o meu marido não se deve importar de ver, peçam o mail no comentário. Não se ponham é com muitas conversas: enviem, ele agradece e pronto.  

A sério que adorava ter maminhas dessas sem ter de passar pelo processo e, ainda por cima, estes soutiens manhosos de amamentação, só fazem com que olhe para elas e sinta que deveriam estar no corpo da já falecida há algumas dezenas de anos, duquesa de Alba. 

Pensando melhor, não enviem nada para o meu marido. Deixem-no estar cá em casa que me parece feliz. 

Dei por mim a pensar nisto da chupeta. Achamos, sem dúvidas, bizarros alguns actos praticados nas gerações anteriores à nossa: "como é que é possível terem posto açúcar nas chuchas?", "e darem-lhes leite de vaca nos primeiros meses de vida?", "e comerem um pacote inteiro de ovos moles com apenas 3 dias de vida?".  O que será que dirão de nós, mães de 20xx, daqui a uns anos?

Isto da chucha será para durar? Sabemos que não é natural, porque não imagino que os bebés andassem aflitos a chuchar em machados de pedra, em pequenos pedaços de anta ou na barba da mãe. Mamariam sim, onde? No Magoito? No olho esquerdo do Poiares Maduro? Não, nos valentes tetos, sempre disponíveis (calculo que, na altura, não só para os filhos) da sua mãe (ou se calhar até de outras mães que tivessem por perto). 

Qual é o propósito da chucha? Li algures (sei onde foi, mas não me apetece estrilhos, especialmente com o Dr. Mário Cordeiro que admiro) que a chupeta, muitas vezes, serve para calarmos os miúdos e que os pais é que deveriam usar chupeta. Quando li isto, grávida de oito meses, pensei "granda moral que tem o senhorzinho para dizer estas tretas" (não consigo mesmo dizer mal do Dr., ainda para mais cruzei-me já com ele num programa de televisão e tem um ar adorável) e depois, claro, pensei "tenho de ir urinar". 

Muitas mães poderão ter problemas na estabilização da amamentação pelos bebés anularem ou se distraírem dos desejos de chuchar, sede e fome com a porcaria do plástico. Descansem, não estou aqui novamente para falar de amamentação dando as minhas opiniões aos berros, mas a verdade é que, se mantivéssemos tudo no registo mais natural possível, tudo aconteceria naturalmente, certo?

Confesso que isto da maternidade anda a fazer-me pensar a priori. Nunca foi grande característica minha, mas agora as responsabilidades são outras. Porém, há coisas que não costumamos questionar por serem "normais" ou "tradicionais". O "normal" muda com o tempo, com as modas, com os conhecimentos, com os interesses... 

A minha filha usa chupeta. Usa, para aí, desde o segundo mês de vida (durante o primeiro mês é provável que cause nipple confusion, o que não é nada bom). E, confesso que, quando lhe espetei a chucha na boca, senti tristeza e ciúmes (sou maluquinha, eu sei). Primeiro, porque tinha parido o leitãozinho há pouco tempo e tudo me dava tristeza, até o rodapé da sala. Depois porque achei que a chucha estava a substituir-me. Senti isso e, como tantas outras coisas, borrifei-me para isso: "todos os bebés usam chuchas, deixa-te de merd*s". 

Não é isso que faz das nossas decisões as mais correctas, não é? Aquele argumento infantil, mas que não deixa de ter alguma pertinência "e se todos as mães atirassem os bebés da janela de um Ford Fiesta, atiravas?". Não. Até porque nunca teria um Ford Fiesta.

O que vai na minha cabeça:

  • pode deformar os dentes
  • ajuda a adormecer
  • prejudica o bebé em conseguir arranjar mecanismos para se "acalmar sozinho"
  • afasta o bebé da mãe (porque, se não houvesse chucha, provavelmente a mãe teria que o acalmar com contacto físico)
  • tenho que ir comer qualquer coisa (sim, isto de ser anafadinha dá trabalho: tenho que me levantar e ir à despensa imensas vezes ao dia)
  • há chuchas muito, muito giras e adoro combinar as chuchas com as roupas
  • às vezes é só pôr a chucha e a miúda fica calada (o que dá tanto jeito)
  • pode dificultar o processo de amamentação
  • é uma carga de trabalhos (acho que não é mito) fazer o funeral da chucha (parece ser parecido com o deixar de fumar, não é?)
  • atrasa o nosso processo de reconhecimento de quando estão prontos para ir fazer a sesta (sorry, mas não consigo explicar esta melhor do que isto)

Se a Irene usa chucha? Usa. É muito gira. A chucha e a Irene. Dei por mim a pensar nisto. Não vou mudar nada porque, por causa daquelas coisas que senti, ela praticamente só a usa na cama, para adormecer. 

Deixo aqui, porém, a reflexão à maneira do "homenzinho que achou que tinha muita moralzinha": 

Será que eles pedem mesmo chucha? Ou pedem outra coisa qualquer mas calam-se por ficarem de boca cheia?




Bebegel a torto e a direito?

É das coisas que mais pode fazer os pais entrar em desespero: o bebé não fazer cocó.

Ele é massagens ele é trinta por uma linha, mas quando o bebé não consegue fazer, não faz... E fica com dores, tadinho!

Felizmente para todos, mas principalmente para os bebés, existem umas bisnagazinhas cor de rosa muito porreiras, a que damos o nome de Bebegel. É remédio santo! Acaba-se quase ali na hora o sofrimento! Do bebé, que depois vem o dos pais de ir limpar cocó de três dias (não é bonito).

Mas isso é mil vezes preferível a ter um bebé com dores! À conta disso, até ao dia em que o meu filho começou a comer sopa, fazia um Bebegel de dois em dois dias. Foi só ouvir as palavras mágicas da pediatra a dizer que não havia mal nenhum, que com a introdução das sopas ia deixar de ser preciso, e siga! Não quis saber se mais opiniões nenhumas! Se a pediatra dizia que não fazia mal, não ia esperar mais tempo para que ele conseguisse fazer sozinho, pois até lá ia estar cheio de dores e ia ter imensa dificuldade em fazer à mesma. Pois, bem dito bem feito. No dia em que o Lucas comeu sopa pela primeira vez fez cocó sozinho, e até hoje (já lá vão quase 6 meses) nunca mais teve dificuldade.

Por isso já sabem, o Bebegel é vosso amigo! E dos vossos bebés também!

(se precisarem da técnica perfeita para aplicar digam que eu explico) :) - Quem é amiga, quem é?