A propósito do cansaço dos pais e das divisões domésticas (post aqui), recebemos um comentário que me fez pensar (apesar de o querer rebater): obrigada por isso.
Neste momento, o David está numa fase em que precisa de trabalhar mais horas (sem que isso tenha a ver com o facto de eu agora trabalhar como freelancer e não ter um ordenado fixo, só para que conste), tenho de ser eu a estar. A ser mais mãe. Com todo o lado maravilhoso que isso tem (adoro ter agora mais tempo para elas, estar com elas, conversar, abraçá-las e amá-las), também recai sobre mim gerir mais. Gerir as refeições, as compras, as guerras entre elas, as birras e até algumas decisões, que às vezes têm de ser imediatas e em que nem o whatsapp nos safa. E isto cansa, às vezes. Na minha visão hipotética das coisas o preferível seria "ambos fazem tudo" - cuidar da casa, cuidar dos filhos. Mas nem sempre isso é o melhor para a família no seu todo, ou nem sempre isso é possível: há fases e nem todos os trabalhos são iguais e têm a mesma flexibilidade, exigências, horários, turnos, etc. Não tem de ser tudo medido a régua e esquadro e as cedências também deviam fazer parte do "contrato".
O comentário:
O comentário:
"Todas as tarefas e despesas devem ser logo divididas como se o casal estivesse separado. Quer esteja ...ou não. A criança deve ter dois progenitores que são os dois cuidadores e adultos de referência para a criança.
Não precisam, nem devem cuidar deles em conjunto. Devem é fazer as atividades de lazer juntos. É suposto tirarem muito prazer disso. Ora, tal não vai acontecer se estão ambos exaustos.
Ou pior ...se há uma/a claramente muito mais sobrecarregado.
Por exemplo, as mães que amamentam não deviam fazer mais nada se não cuidar de si e fazer só as tarefas leves e gratificantes com os seus filhos. O que amamentam e os outros, se os têm.
2 Uma empregada doméstica é fundamental.
As tarefas domesticas basicas não podem ser asseguradas a 100% por um pai e uma mãe sob pena de destruirem a sua relação como casal e pior...destruirem a sua relação com os filhos.
Se é para arranjarem uma vida estúpida e de má qualidade para as crianças e para as mães/ pais, mais vale não os terem".
Ou pior ...se há uma/a claramente muito mais sobrecarregado.
Por exemplo, as mães que amamentam não deviam fazer mais nada se não cuidar de si e fazer só as tarefas leves e gratificantes com os seus filhos. O que amamentam e os outros, se os têm.
2 Uma empregada doméstica é fundamental.
As tarefas domesticas basicas não podem ser asseguradas a 100% por um pai e uma mãe sob pena de destruirem a sua relação como casal e pior...destruirem a sua relação com os filhos.
Se é para arranjarem uma vida estúpida e de má qualidade para as crianças e para as mães/ pais, mais vale não os terem".
Concordo com parte da premissa, acho importante e preferencial que a criança tenha os dois cuidadores de referência a educá-la e também em momentos de lazer; não vejo que este modelo funcione com todas as famílias, há vários tipos de famílias, vários tipos de trabalhos e acho redutor que sintamos que toda a gente se deverá moldar a esta forma de pensar, que já parte do ponto de vista "privilegiado". Há uma coisa chamada "desemprego" que afecta muitas famílias em Portugal. A maior parte das pessoas, dos casais, não têm dinheiro para ter uma empregada doméstica. Só com esse critério podem ter filhos? Não. As crianças também ficam a saber, desta forma, que os pais (ou a mãe ou o pai) sabem fazer tudo, são autónomos, e que na vida há lazer e descanso mas também há responsabilidades e deveres. Que organizar, cozinhar e gerir uma casa pode ser gratificante. "Bullshit" pensam vocês. Sim, sim. Eu adorava ter alguém que todos os dias estivesse lá em casa a limpar, arrumar e a fazer as refeições, mas, nem nos tempos em que eu e o David talvez tivéssemos conseguido, antes de sermos pais, isso aconteceu. Claro que se eu tivesse alguém que me assegurasse o trabalho "de sapa", para que eu pudesse só dar banho, jantar, brincar e contar histórias, seria menos cansativo; mas também gosto que as minhas filhas saibam - a sério que sim - que podemos transformar momentos de responsabilidade em momentos felizes e de entreajuda. Ponho-as a limpar, a ajudar, a aspirar, a separar a roupa escura da clara, a cozinhar comigo (ainda hoje de manhã fizemos waffles juntas)... e consigo transformar obrigações em brincadeiras e em momentos em família! Às vezes até cantamos e dançamos pelo meio. Gosto e até acho que lhes estou a dar ferramentas importantes.
Posto isto, já aprendi que não há fórmulas únicas e taxativas e que não devemos definir o que os outros devem fazer com os nossos olhos. E muito menos sou pessoa para dizer "então não os tenham". Cada um faz o que consegue e pode, cada família luta para ser melhor e, na minha opinião, não temos de estar à espera de ter uma empregada em casa ou nem sequer um contrato de trabalho das 9h às 5h para decidirmos ter um filho.
E sim, podemos queixarmo-nos e desabafar depois, quando estivermos cansados.
Posto isto, já aprendi que não há fórmulas únicas e taxativas e que não devemos definir o que os outros devem fazer com os nossos olhos. E muito menos sou pessoa para dizer "então não os tenham". Cada um faz o que consegue e pode, cada família luta para ser melhor e, na minha opinião, não temos de estar à espera de ter uma empregada em casa ou nem sequer um contrato de trabalho das 9h às 5h para decidirmos ter um filho.
E sim, podemos queixarmo-nos e desabafar depois, quando estivermos cansados.