8.25.2016

A Irene vai pela primeira vez à creche na quinta-feira.

Tenho perfeita consciência de que estou numa situação muito mais fácil que a maior parte de vocês. Penso sempre no exemplo da Joana Paixão Brás que foi obrigada a ir trabalhar ainda tinha a Isabelinha 3 meses - que desumano, que falta de direitos incrível! A Joana falará sobre isso, mas acho que ela pairou por essa dificuldade sem se afundar, entrou em modo de sobrevivência, porque "tinha que ser". 

A minha história é muito diferente. Aliás, foi uma das coisas que também me fez sentir confortável em ter "já" a Irene: o pai é freelancer e poderia ficar com ela até ela ter uma idade em que ficássemos ambos mais confortáveis que ela fosse para a creche. Acabei por tirar um ano sem vencimento da rádio e fiquei um ano e meio com ela em casa. O pai ficou, faz esta quarta-feira, praticamente um ano. com ela desde as 9 da manhã até à hora do lanche. 

Ela vai aos dois anos e meio para a creche. Poderia ir mais tarde, mas a verdade é que noto que a Irene vai beneficiar e muito de ter alguém constantemente interessada na sua aprendizagem e desenvolvimento, além de já notar nela uma vontade de socialização e de consciência do outro. Não apenas numa de "olha um bebé, mãe", mas está a aprender regras e limites, a aprender a lidar com as pessoas, com o mundo. 

Estou muito feliz. Sei que os meus problemas são "não problemas" porque, mais uma vez, tenho consciência do quanto tantas vocês têm de largar filhos em berçários e de ir trabalhar a seguir. Para umas é libertador e pacífico, para outras é de uma agressividade extrema, como se lhes estivessem a dar pontapés no coração. Lamento que tenhamos que passar por isto. Lamento que não haja mais empresas que tenham condições para podermos levar as nossas crianças para o trabalho e para podermos continuar a fazer parte do dia delas como quando estamos em casa ou parecido. Lamento, lamento, lamento. 

Prometo que se um dia for dona de alguma coisa ou patroa de alguém que tentarei facilitar tudo no que puder até porque sei que uma mulher e mãe equilibrada é melhor do que alguém desfeito em frente a um computador (ou o que for). 



Sinto-me em paz com a ida para a creche. Estou feliz por ela estar afastada do iPad. Agora, enquanto estiver no trabalho, sei que está a sentir-se incluída num grupo que terá os mesmos gostos e que andará a fazer experiências novas todos os dias com os novos amigos e com a professora. Creio que a culpa de ter que a passear sempre que chegava a casa do trabalho vai acabar. Ela vai ter dias variados e repletos de novidades. É isto que quero para ela. Menos um peso para mim, mais felicidade para ela. 

O pai diz que ela não vai chorar quando formos embora. Eu acho que é provável que sim mas que, mesmo que chore, sabe que voltamos. É a sorte dela já ir "crescida" e a falar. Já lhe expliquei que a vamos deixar na escola e que depois "vamos trabalhar" e que depois da sesta a iríamos buscar. Ela parece entusiasmada. Também já lhe expliquei que será outra pessoa a mudar-lhe a fralda, que irá um dia experimentar a sanita como os amigos, que vai comer sozinha... Ela parece-me feliz com a ideia!

Que privilégio poder explicar-lhe que eu depois volto. Lembro-me do meu regresso ao trabalho ao final do tal ano e meio em que me ia embora e ela chorava muito. Porém, parava minutos depois, envia-me o Frederico numa mensagem. Choram porque não querem que nos ausentemos, mas não porque não querem ficar no sítio onde estão.

Sonho com o dia em que a Irene chore porque não quer sair da escola. É isso que pretendo. É esse o meu objectivo. 

Uma curiosidade engraçada? Uma leitora do blogue tem-me ajudado muito a tirar monstros da cabeça. Quando fui à reunião com a educadora, ela estava a ir buscar a filha e reconheceu-me. Já tenho uma bff na creche que muito irei estimar e que, além disso, tem uma filha muuuito querida e que irá fazer as delícias da Irene. 

A Irene já me pode contar tudo o que fizer na creche. Acho que isso também contribui para que eu ande a conseguir dormir, apesar de já ter tido um pesadelo ou outro em que obviamente é o meu cérebro a processar esta "separação". 

Para vocês, mães, que estão tão assustadas que nem conseguem ver uma maneira das coisas correrem bem... Não consigo dizer-vos nada que vos ajude. Só que imensas já passaram por isso e ainda cá estão e que estão bem agora. Adorava poder abraçar-vos uma a uma porque... as mães também precisam de colo...

Força!

Já faz umas micro-sestas!

Confesso, andava céptica. Tudo o que fosse deixá-la deitada na cama nas sestas não iria resultar. No primeiro mês funcionou, no segundo nunca. Até parecia já estar no sono mais profundo, mas assim que a afastava do meu corpo "a cama tinha picos", como se costuma dizer. Agora, de vez em quando, já consigo que durma umas sestas pequeninas sem ser no colinho. Até aconteceu uma coisa inesperada: adormeceu sozinha, no sofá. Estava tão fora de mim que resolvi tirar uma fotografia com o telemóvel para enviar ao David. Resultado: acordou com o click (única vez em meses que tinha posto o telemóvel com som rrrrrr). 

Descrente como andava, tinha a minha To be touch ainda na caixa, feita parva (não a almofada, entenda-se), e só hoje lhe dei uso. Consegui almoçar em paz, assim que a Luisinha ferrou, lá fui eu alambazar-me (sou só eu que como em modo turbo, cheia de medo que a miúda acorde?). Amanhã repito a dose!


Já viram bem a coxa do bicho? <3 Meu leitãozinho.
E sim, as bordas da fralda estão para dentro, não admira que haja depois festivais de cocó...


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8.24.2016

Sim, visto calções!

Provavelmente vai parecer a coisa mais estúpida que já ouviram, mas quem teve complexos em miúda (ou ainda tem), vai perceber. Já odiei os meus joelhos. As minhas pernas, no geral, mas principalmente os joelhos. Não deixei de me importar totalmente, não deixei de ver, mas passei a assumir como parte de mim e a deixar de me importar com o que os outros possam pensar.

Quando tinha uns 14 anos e a minha mãe me ofereceu uns calções da Agatha Ruiz de la Prada, todos coloridos, tive um ataque de nervos. No meio da parvoíce da idade do armário e dos complexos, senti aquilo como um afronta. Chorei, berrei e - agora dá-me para rir, claro - chamei à minha mãe "assassina" (a lógica devia ser "queres que me mate?"). Descontroladíssima, claro, estão a ver o nível de falta de amor próprio que para ali ia. Foi uma vitória começar a vestir calções curtos, saias, vestidos que deixassem ver os joelhos e a coxa. Uma vitória ainda maior seria deixar mesmo de me importar com, mas duvido que consiga. Até lá, vou gozando o facto de não ter vergonha, de não querer saber, de me sentir confortável com roupas curtas no verão. Who cares? "Dar importância ou que a tem, Joana", converso muitas vezes comigo, para me convencer. E foi com umas jardineiras muita' giras que fomos até ao Jardim da Liberdade, em Santarém, para a Isabel se divertir. O resto... o resto são só uns joelhos.





A Isabel quis imitar uma miúda que lá andava e descalçar-se e eu deixei. Foi libertador!





Luísa com a sua mais recente paixão: as mãos. Só falta aprender a chuchar nelas.

Jardineiras - Pura

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