Odeio quando me mostras que a minha vida foi vivida à espera que chegasses. Antes de ti nada foi verdadeiramente importante.
Odeio quando me olhas com aqueles olhos grandes e brilhantes que me mostram que às vezes perco tempo com as coisas erradas.
Odeio quando me acordas cinco vezes durante a noite para te acalmares nos meus braços, mostrando-me que nada há de mais confortável que o meu colo e o som da minha voz.
Odeio quando me acordas cinco vezes durante a noite para te acalmares nos meus braços, mostrando-me que nada há de mais confortável que o meu colo e o som da minha voz.
Odeio quando choras e esperneias chateada e me mostras que manifestar as nossas frustrações não é motivo de vergonha. Vergonha, quando muito, só de sentir vergonha.
Odeio quando me dás um pontapé nas costelas durante a noite e me fazes recordar os tempos em que só a mim me pertencias, aninhada na minha barriga.
Odeio quando já constróis frases e me deixas saudades dos tempos em que pouco de ti sabia. O futuro começava ali.
Odeio quando puxas o teu cabelo para trás, quando dás comida e colo aos teus bebés e me mostras o que cresceste. O tempo não volta atrás.
Odeio quando me olho ao espelho, cansada, feia, mas o meu coração tem um sambódromo lá dentro.
Odeio quando não me sais da cabeça, de manhã, à tarde e à noite, onde quer que vá e com quem quer que esteja.
Odeio o modo como não te odeio, nem um pouco, nem por um segundo, nem por nada.*
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*Inspirado no "10 coisas que odeio em ti", o filme de 99 que me apresentou o Heath Ledger, o único ator pelo qual suspirei verdadeiramente. E chorei, quando morreu.