8.05.2015

O primeiro Calippo da Isabel




Não se preocupem, não me passei da cabeça. Não dei gelado com corantes até mais não à Isabel. Fiz sumo de laranja, acrescentei um bocadinho de água e voilà. Já tinha estas formas de silicone lá em casa há anos e nunca lhes tinha dado uso. Confesso que não me lembro onde as comprei, mas sei que há no IKEA, na KASA e deve haver em mais mil sítios. 

Provei e gostei muito (acabei o gelado dela, claro). Ela adorou! 

Isto é mesmo uma maravilha, senão vejamos:

- são baratos (três laranjas deram para três gelados)

- fazemos os gelados em casa com sumo de fruta e escusamos de lhes estar a dar coisas processadas

- ao contrário dos outros de pauzinho, com estes eles não sujam as mãos (a não ser que decidam virá-los ao contrário e tomem um banho de sumo).

- tem tampinha, o que é mais um passatempo que eles adoram

- é bom para os dentinhos (a Isabel anda aflita e ficou toda contente)




Esta palmeirinha não é a coisa mais cómica e fofa que há? ;)



 


Um jardim novo?

A Irene e eu vamos sempre aos mesmos jardins. Até porque ela já tem uma amiga num deles: a Joana. A Joana vai todos os dias ao mesmo jardim com a mãe. A mãe fica no mesmo banco todos os dias a olhar para o Jardim, enquanto a Joana vai brincando com todos os bebés que aparecem, todas as crianças. A Joana é uma menina que merecia uma dúzia de irmãos. Não sei qual das duas fica mais derretida quando se vêem. A Irene grita "manaaaaa" e a Joana pega-lhe ao colo, toda orgulhosa e mostra à mãe: "Olha, mãe!!". Depois olha para mim e diz: "ela gosta mesmo de mim!". E gosta. 

Reparo agora que a Irene se lembra das pessoas. De tudo. Tem perguntado pela Inês, pela Mana, pelos avós, pelo Tio Pedro, pelo Tio Tiago, pelo Diogo (sim, o teu filho, Renata)... Gosto que ela pergunte. Sempre que saímos ela sugere que a gente vá ter com a Joana. Desta vez não fomos. Fomos com o Miguel - mais um nome do qual ela agora não para de falar - o meu "melhor amigo", aquele que conheço há mais tempo e que me conhece melhor. É um irmão. No fundo. 

O Miguel que é todo hippie e hipster e Cool Jazz e não sei quê, sugeriu que fôssemos a este jardim novo. Fomos. Lindo, lindo, lindo. Para bebés que já andem de triciclos e afins é perfeito (porque tem que se andar ainda um bocadinho até chegar ao anfiteatro propriamente dito). Um senhor disse que mais à frente até há baloiços, por isso que é de experimentar. A vista é lindíssima. E foi bom variar. 


Adoro o nosso conjuntinho. Sinto que é um quadro e que me deixa feliz. Tanto pormenor nesta fotografia que significa tanto, desde a minha tatuagem, à roupinha que visto à Irene por ser toda vaidosa, ao facto de ter ido de sandálias para um jardim por também ser vaidosa às vezes (não é meu costume). Sinto amizade nesta fotografia. Amor. Recíproco. Pronto. Eu paro.

É o problema de não posar para as fotografias. Parece que tenho mais 10 anos em cima, mas gosto da fotografia na mesma. Vinha aí um Jack Russel Terrier e estávamos as duas a olhar para ele. Entretanto, gostam dos meus calções? Estou apaixonadíssima, comprei a 10 euros na Ale Hop. Acreditam?

E pronto, fica a foto do esfolamento do outro joelho que aconteceu a caminho do Jardim. Ainda não disse qual jardim, pois não? Que bom post, sim senhora. Já digo ali em baixo em letras grandes que isto, para quem tenha problemas de vista, se não tiver os óculos, não os vê de certeza. Ah! Reparem que a menina está em cima dum tecido porque a relva lhe fazia comichão... esquisitinha ;) Repararam no copinho da Avent na minha mala? Era onde costumava guardar o leite que armazenava (rapidamente me arrependi e passei para sacos) e agora uso para guardar os kits de saída de casa (comidas variadas) para os lanches dela.

Só falta dizer uma coisa: o jardim é o do Anfiteatro Keil do Amaral no Monsanto. Depois digam se gostaram ou se já gostam. ;)

Os pais não têm que ajudar.

"Lá em casa o pai não ajuda". 

"O Manuel por acaso ajuda muito."

"Mudar a fralda, não muda, mas ajuda-me muito noutras coisas."

"Estou farta. Ele não me ajuda nada. Ando há três anos nisto sozinha."

Ouvimos isto vezes demais. Dizemos isto vezes sem conta. 



Contra mim falo. Já usei o verbo "ajudar". Mas pensemos bem: os pais não têm que ajudar. Os pais têm de ser pais. 
Se pensarmos mesmo no que isto encerra, vamos ver que estamos a alimentar uma coisa enraizada que tem de acabar (que já devia ter acabado). Muitas vezes são as próprias mulheres que perpetuam esta disparidade, como se estivesse bem assente que à mãe é que compete educar, cuidar do bebé e da casa. Há as que têm sorte, porque "eles até ajudam". Há as desafortunadas, porque eles "não ajudam nada". Aqui é que está o problema. Não é ajudar. É ser pai. É ser marido. É ser namorado. É ser companheiro. É dividir responsabilidades. É partilhar as coisas boas e más da vida. Não é um favor. Não é uma ajuda. É o papel deles.

Não é de um dia para o outro que esta mudança se dá. Nem é depois de se estar já habituado a chegar a casa e a ir para o sofá que de repente explodimos com um: "tu também vives nesta casa", "isto não é um hotel", "o filho também é teu". Acho que isto vem lá de trás e talvez parta muito da educação que damos aos nossos filhos, que terá de ser cada vez menos diferenciada da que damos às nossas filhas. Se calhar temos de acabar com os clichés da vassoura de brincar para as meninas, das cozinhas e dos nenucos. Se calhar os rapazes também podem e devem brincar com tudo isso. Também eles devem ser responsabilizados das tarefas domésticas de forma igual. Já são? Óptimo, talvez seja esse mesmo o caminho.

Além disso, acho que há muitas mães a não delegarem nada aos pais, umas por gostarem de ser elas a fazer as coisas, outras por acharem que só elas o fazem bem. Não os subestimem. Eles sabem fazer. Se não sabem, aprendem rápido. E gostam, vão ver. O pai é mãe, nós é que nem sempre os deixamos serem-no. Nem sempre os incentivamos. Nem sempre lhes damos espaço. Continuamos a perpetuar a ideia de que "a mãe é que sabe". O pai sabe, mães e futuras mães, o pai também sabe. Às vezes até com mais paciência e menos hormonas ao barulho. Temos de lhes dar espaço. Temos de deixá-los serem Pais. Com amor, com entrega, com algum sacrifício também, se for caso disso. Faz parte.

Pais que vieram cuscar este texto, não vou elogiar o facto de "ajudarem" em casa. Estão a ser pais. Estão a ser maridos. Estão a ser namorados.

Pais que tiveram de aprender a ser Pai e Mãe, tiro-vos o chapéu. Tal como tiro a todas as Mães que têm de ser Mãe e Pai.



Imagens *We Heart It



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a Mãe é que sabe Instagram