7.24.2015

Os tios mais novos.

Aqueles com quem ralhámos tantas vezes e para os quais raras vezes tínhamos paciência.

Aqueles a quem exigíamos que fossem mais crescidos e que chegaram a levar calduços por não se concentrarem nos trabalhos de casa.

Aqueles com quem, quase todos os dias, armávamos confusão, quais índios e cowboys, mas que se fosse preciso adormeciam de mãos dadas connosco.

Aqueles com quem fazíamos os maiores disparates, como deixar cair uma televisão ao chão ou mandar uma vassoura de um sexto andar.

Aqueles a quem, a muito a custo, emprestámos o carro. E correu mal, nós sabíamos...

Aqueles que vimos crescer, tornarem-se homens e mulheres. Tornarem-se adultos dos quais nos orgulhamos muito.

Aqueles que agora fazem parte daquela espécie babada que não se cansa de dizer que os sobrinhos são a melhor coisa do mundo. Pelo menos enquanto não são pais.

Aqueles a quem os olhos brilham de tanto amor pelos sobrinhos.

Aqueles que, não sendo avós, volta e meia também os "estragam" um bocado. E ainda bem.

Aqueles com quem discutimos tantas vezes, mas que agora se orgulham tanto de nós.

Aqueles em quem, agora, confiamos tanto que, quando vão lá a casa, até nos sentimos à-vontade para adormecer no sofá, enquanto tomam conta deles.

Aqueles a quem vamos confiar os nossos filhos para passearem no Zoo, comerem um gelado ou irem ao cinema.

Aqueles de quem sentimos falta, todos os dias.

Tio Frederico com a Isabel, com menos de uma semana.

Obrigada por seres o tio da Isabel.

Há por aí tios mais novos que mereçam umas palavras destas?

Parecida com quem?

Acho que é o caso de toda a gente: quem conhece o pai diz que ela é cara do pai e quem conhece a mãe diz o contrário.

Mas, vocês que "não conhecem" nenhum dos dois (apesar de já saberem mais da minha vida do que mais de metade da minha família), o que acham? 








7.23.2015

Como é que os pais da Irene se conheceram.

Não nos conhecemos numa noite de stand-up. Era uma noite de stand-up só de mulheres, em Lisboa, a convite da Luísa Barbosa (ex apresentadora MTV/5 para a Meia Noite e agora Fama Show). Fui uma das comediantes. Já não actuava há muito tempo e estava só a "fazer texto novo" estava, portanto, muito insegura, mas a treinar o meu "estou-me a borrifar para isto" para não morrer com um AVC. 

A Rita Camareneiro (ex tudo, até psicóloga, mas actual apresentadora do Curto Circuito), depois de olhar para o público, disse-me: "Sabes quem está ali? É o Frederico Pombares!". Eu, para não me fazer de inculta disse: "Ah, 'tá bem, boa!". Ela depois disse: "não vais lá dizer nada?". Eu: "não sei quem é!". Ela: "é um dos que fez o Último a Sair, rubricas do É Como Diz o Outro para o 5, etc, etc, etc". Eu: "Ah, sim, ouvi falar do Último a Sair, mas não tenho nada para lhe dizer". 

Lá foi ela dizer qualquer coisa. Que o admirava, provavelmente. Eu não fui, porque não tinha mesmo nada para lhe dizer e, também, porque sou falsa tímida. Estava sozinho numa das mesas do bar com um copo raso à frente. Mais tarde vim a saber que estava à espera de alguém. Que, por acaso, também conhecia. Era um colega meu comediante (ele continua a ser comediante eu é que acho que já não) e que também já me tinha dado umas dicas de improv (teatro de improviso).

Antes de actuar, pensei em adicionar esse tal Frederico no Facebook porque gostava de ter contactos do meio para saber o que andavam a fazer. Adicionei-o. Mais tarde vim a saber que ele recebeu imediatamente o invite no iphone, ele que estava ali sentado e eu tão perto e que achou isso muito infantil. 

Estava muito nervosa, há vários meses que não fazia stand-up e, naquela altura, estava mais virada para improv já que actuava semanalmente na Comuna. Levei até as folhas comigo para não me esquecer de nada e ia apalhaçando por cima. Não sem antes andar a ir lá para fora e voltar para fumar 5 cigarros dizendo sempre em voz alta (era muito barulhenta e sem classe, hão de reparar pelos "gajos e gajas e putos" no vídeo mais abaixo hehe) que estava muito nervosa. 

Actuei. Diverti-me. Depois fui sair com toda a gente que me tinha ido apoiar. 

              

Pronto. Fica aqui o vídeo de texto que nunca tinha experimentado antes e de todo o meu nervosismo. Podia dizer que sempre fui melhor do que isto, mas nem por isso. Já agora, este era o meu aspecto antes de ser mãe. 

Pronto. Fui sair. E já não me lembro quanto tempo depois, recebo uma mensagem do grande Frederico Pombares a dizer que eu tinha graça, que tinha uns "pensamentos" engraçados e que tinha pena que eu tivesse levado folhas. Fiquei histérica e lá me dei ao trabalho de ir ver o currículo do homem à net para ver se me iria arranjar trabalho. Depois lá percebi que não. Que ele trabalha com malta que ja anda nisto há anos e a única coisa na qual eu ando há anos é nuns All Star pretos. 

Conversamos. Daquelas conversas que duravam muito tempo e depois não se falava durante mais tempo ainda. As coisas foram-se arrastando, tranquilamente, ambos fazíamos a nossa vida. 

Apresentei o Rock in Rio desse ano com a SIC Radical e, deixem-me dizer, que houve dias em que eu estava fabulosa. O Frederico tem por hábito ver os concertos na televisão dos festivais e apanhou-me por lá. Decidiu mandar umas bocas. Ele dava-me feedback nos meus directos e eu desabafava com ele e ria-me com ele e tentava fazê-lo rir nos directos. Retomamos a conversa. 

(tão giro estar a relembrar-me de tudo isto e ele agora estar ali na cozinha a fazer o jantar...)

(se tiverem curiosidade em ver os directos  que fazia com ele a ver, estão todos aqui)


                             

Este é um dos vídeo de que as pessoas mais me falam (como se me falassem muito disto), que é "eishh e aquilo dos óculos!".  Depois lá trocava mensagens com ele sobre o que ele tinha achado.

O resto não preciso de vos contar. Obriguei-o a pedir-me em namoro tal e tal. Começamos rapidamente a morar juntos (ambos sabíamos que era a sério). Sete meses depois pediu-me em casamento. E casámos em Las Vegas. Essa história já vos tinha contado aqui no post "Até que a morte nos separe". Claro que quis um casamento válido em todo o lado e obriguei-o a casar/transcrever  em/para Portugal também. Não, brincas!

Agora somos pais. A filha do humor: Irene Pombares. 

(depois conto-vos o resto da história, se vos interessar - interessa? - que ele voltou com o jantar e agora tenho mesmo de ir comer).