4.15.2015

Truque infalível.

Pelo menos cá em casa. 

A Irene passa o dia inteiro com ambos os pais em casa. Acho que é óptimo para ela. Às vezes, para nós, nem tanto. É difícil conciliar os timings de cada um de fazer as coisas e, acima de tudo, as crenças. 

Ironicamente, quando um de nós sai, a miúda come melhor e dorme a horas melhores. Enfim, mas estou em negação em relação a isso.

Sempre que um de nós saía, sempre que ela nos via calçados ou vestidos sem ser com os habituais pijamas (sim, não me visto para andar por casa, acho parvo ficar mais desconfortável só porque sim), ficava nervosa e a antecipar a nossa saída. A tal ansiedade da separação.

É mesmo a Irene, tirada pelo Pai.
Tirada, a fotografia, não tirada de dentro de mim que ele não é parteiro.


Claro que as mães e os pais que têm de deixar os bebés na creche têm muita mais experiência nisto da separação que nós, mas o meu marido, teve mais uma sugestão das boas (às vezes sai-lhe ;)). 

Estava eu a calçar-me para sair, a vestir-me e isso. A Irene já estava a perceber que me ia embora. Eu estava na sala a olhar para ela à espera de a apanhar distraída para sair de casa sem ela dar conta. No fundo, ia fazer como sempre. Sair e, quando ela reparasse, ia começar a chorar. 

O Frederico disse: "por que é que não vou com ela até à porta e ela te vê sair?". Assim fizemos e nem chorou.

As mães como eu vão perceber que fiquei um bocadinho triste por ela não ter chorado, do género "é assim tão fácil esquecer-se do amor da sua vida?". Por outro lado (eheh e agora a sério), ainda bem. Agora fazemos isso para tudo. Mesmo quando estou a adormecê-la à noite, tento não sair à socapa e digo "boa noite". 

Para quem não se quer separar de nós é, provavelmente, pior irmos de fininho sem dizer nada do que agir naturalmente. 

Com a Irene é assim.

Como é que vocês fazem? 

4.14.2015

Tenho um fraquinho pela minha ginecologista

Era agarrar nela e enchê-la de beijos. Tem um íman qualquer, uma aura, sinto uma empatia com ela que nunca senti com nenhum médico. E não é por conhecer o meu pipi melhor que ninguém, cruzes credo.

Gosto tanto dela que me vieram as lágrimas aos olhos quando a vi na consulta de ontem, quase um ano depois da última vez.

Ela é a maior, senão vejamos:

- foi ela a primeira pessoa que soube que eu estava grávida e se emocionou comigo 

- disse-me, já mais do que uma vez, que eu tenho um colo do útero lindo (1-0 para o meu marido que nunca se saiu com este elogio)

- foi ela que veio no dia do meu internamento da Alemanha e mesmo assim me fez o parto às tantas da manhã 

- fez parte do dia mais importante da minha vida 

- ao contrário do que se diz (que as enfermeiras é que fazem tudo), ela esteve lá sempre a puxar por mim, a passar-me boa energia e foi ela que me fez o parto, o corta e cose e me fez sentir especial, dizendo que aquele papel me assentava muito bem 

- sempre foi super cuidadosa e delicada comigo 

- elogiou-me duas vezes ontem a minha aparência física e reparou que eu estava mais elegante do que quando engravidei

- tem uma paciência enorme para mim, explica-me tudo muito, muito bem 

- fez-me sentir normal com os meus saquinhos de chá e ainda nos rimos à conta disso 

- é gira e tem um sorriso bonito e afável 

- toca saxofone

- é vegetariana

Não é nada vegetariana nem toca saxofone. Pelo menos que eu saiba.

Palavra que me apeteceu dizer que gostava muito dela, que vou falar dela à Isabel, que lhe estou muito grata e que ela é óptima naquilo que faz. Que confio nela a 100% e que vamos estar juntas nos dias mais felizes da minha vida. Faltou-me a coragem, não quis ser groupie. Mas no fundo, acho que ela sabe. Espero que sim.

a Mãe desbronca-se (#01) - Quanto peso.

Olá suas cuscas de meia-leca!

Então isto é pergunta que se faça, Célia? Grande lata!


É exactamente disto que falávamos: podem perguntar o que quiserem. Podemos é não responder hehe :)


Não vejo problema nenhum em dizer quanto peso. Peso 70 kg (e meço 1m64). Não acho que seja gorda, claro, mas o problema é que tenho tudo aceitável, menos a barriga que parece aquelas velas das igrejas, a derreter. Cai tudo para os lados, o efeito queque. Não posso usar t-shirts justas - até posso, mas fico a parecer um polícia em que a esquadra não tem número da farda para ele. 

Agora, a Joana Paixão Brás chamar-se a si de cheiita é nojento. É cavalona? É. Mede para aí 1,75m. Gorda? Nada. Até é daquelas que tem a barriga lisa. Quanto muito será flácida, mas não deve ser muito porque não me lembro e já fui com ela à piscina. E sabes como nós somos, Célia. Se aquilo fosse preocupante ou esquisito, eu lembrar-me-ia. Ela deve pesar perto daquilo que eu peso, sendo que é alta e grande. Ela, há uns tempos, até ouviu a mãe dizer uma coisa que eu nunca ouvi (até porque acho que nunca emagreci na vida): "filha, estás mais magra, temos de ir comprar roupa, está bem?". 

Sempre tive coxões, nunca tive aquele buraquinho que as tipas boas têm entre as pernas (e claro que não me refiro ao pipi, senão a minha filha teria saído por um sítio um pouco bizarro), nunca fiquei bem de roupas justas. Parece que não perdi aquela barriga de criança, inchada. E até meio da minha adolescência sempre culpei o facto de gostar de dar arrotos e de engolir ar. Achava que era assim porque havia muito ar que eu engolia e que depois não saía. 

Depois comecei a ignorar e a vestir-me tipo tenda da Quechua. Roupas quanto mais largas, melhor. As calças até podiam ser justas (porque tenho um rabo engraçado - não de fazer rir, mas não desgosto), mas a parte de cima tinha de ser à boca de sino, para conseguir respirar sem toda a gente perceber que sou uma bola de pilates. 

Não deixo que isso governe os meus dias. Como o que me apetece. Às vezes deixo de comer o que me apetece. Às vezes sinto-me gorda, mas depois borrifo-me para isso. Entendo que nem toda a gente tem de conseguir vestir tudo e de ficar bem.

Vejo-me como um todo na maior parte dos dias. Na maioria do tempo não me vejo como um corpo. Às vezes sim e odeio-me e "não tenho nada para vestir" e "estou-me a cagar e vou assim à rua", mas é raro. 

Acho que o segredo está em termos roupas que usemos e não que gostássemos de vestir. 

A verdade é que nem sempre fui assim. E até vos conto um segredo algo esquisito (venham daí ofertas para psicoterapia):  lembro-me de atar, com muita força, um cinto à cintura para dormir, para me lembrar de encolher a barriga durante a noite, para ver se ficava uma menina normal. 

Obviamente que não podia continuar com este peso na consciência o resto da vida. Não sou pessoa de ginásio durante muito tempo (tinha fases de 3 meses muito intensos) mas, acima de tudo, assumi que não sou pessoa de ter uma barriga impecável. 

Que se lixe.

Eu não sou a minha barriga. Eu sou a minha cabeça, o meu sorriso, as minhas opiniões, o meu sentido de humor, o meu humor. 


(já estava grávida nesta)


(sei que isto é conversa "de gorda", mas hoje acredito mesmo nisto)



A Célia fez uma pergunta ali no sítio da nossa rubrica. Querem fazer o mesmo?