12.08.2014

Tenho uma sogra fixe

Juro que não estou a cruzar os dedos atrás das costas, qual criança no pátio da escola. E muito menos estou a dizer isto para receber uma prenda porreira no Natal (mas sogrinha, aproveito a ocasião para, de forma totalmente desinteressada, lhe dizer que ando meeeeesmo a precisar de uma massagem). Tenho uma sogra fixe.

A mãe do pai da criança é fixe. Mais do que isso, é querida. Mais do que isso, é boa avó. Uma avó babada, como se quer. Assim que cheguei a casa dela, dei com isto.




Cada boneca com o nome de cada uma das netas. Alice. Laura. Isabel. E o quarto então parece um altar, cheio de fotos das princesas. 

A avó da Isabel vive longe, em Évora, por isso, sempre que lá vamos deixo-a curtir a netinha (e aproveito para tirar uma soneca, também). Confio nela. Pronto, por enquanto. Todos sabemos que as avós estão prontinhas a fazer coisas pela calada para agradarem as netas, a mimá-las, contrariando-nos. Faz bem. Faz parte. Mas só um bocadinho, Isabel! (sim, a avó também se chama Isabel, aliás as duas avós.)
Tenho uma sogra fixe, enérgica, boa cozinheira, boa conversadora, interessante, interessada,  nova de espírito. E a avaliar pelo trabalho que tem feito com a minha sobrinha Laura, que a adora, é uma óptima avó.
A minha filha tem sorte. Muita.

Vá, mas vamos ao que interessa: venha de lá essa massagem, sogrinha!



Fotos dos filhos na internet.

Acho que é normal sentir-se que não se deve publicar fotografias dos filhos na Internet. Acho que o mais normal é mesmo sentir que é tudo demasiado íntimo para estarmos a expor a tudo e a todos. Foi o que senti. Ainda na maternidade, no primeiro dia de internamento, queria fazer um post na minha página de facebook "profissional" (é esta, daí eu por o profissional entre aspas) a dizer que estava bem, que a Irene era magnífica, que estava tudo maravilhoso (apesar de, claro, não estar). Não achei que devesse publicar uma fotografia dela. Que nojo ter essa vontade de quebrar as barreiras de intimidade de um ser que nem um dia tem e publicar uma fotografia dele para todo o público ver. Ganhei uns tomatinhos (coagida por mim própria, que estupidez) e lá publiquei esta maravilha: 


A minha cara não é assim e não me refiro ao filtro. Pelo meu ar, parece que fui eu a ser parida e não a minha filha.  Ainda tinha eu a boca a saber a sangue (não sei porquê, mas é verdade) e ainda a miúda estava por ser lavada à séria. Velhos tempos. 

Já agora, um à parte (vou tentar que não seja tão longo como os da Teresa Guilherme), tive a Irene num hospital público e foi tudo espectacular à excepção da falta de apoio à amamentação - forte encorajamento do leite artificial, não tendo tempo para se dedicarem a mim e à Irene também-  e a questão do meu marido não poder ficar comigo. Sentimo-nos ambos muito, muito sozinhos (claro que me estava a borrifar para o que ele sentia na altura ou deixava de sentir). 

Como vêem na fotografia, a Irene está protegida. Foi isso que senti, além de não saber o que é que o Frederico queria fazer com essas questões das fotografias. Eu já estava numa luta interna enorme, porque sempre fui de partilhar tudo o que fazia (e a Irene é algo que eu fiz, certo?). Sou daquelas que tira fotografias aos ténis novos, à comida, às amigas (era menos uma e já não era verdadeiro usar o plural hehe), etc. Como é que agora, com a coisa mais preciosa do mundo, a mais bonita de se ver, iria conseguir restringir-me? Durante quanto tempo conseguiria ser criativa ao ponto de lhe tirar fotografias sem que se percebesse como é que ela era? 

Depois pensei. Sim, pensei. Aconteceu. Pensei e não consegui perceber o porquê de não se publicar as fotografias dos nossos bebés na internet. O meu caso é um pouco diferente porque, numa das minhas páginas, tenho mais de 20 mil pessoas, por isso estou mesmo a torná-la pública, mas e então?

É suposto que nos nossos perfis normais só tenhamos gente conhecida, gente em quem confiemos, certo? Mesmo que assim não seja, há maneira de restringir quem vê as nossas publicações através das listas ou mesmo escrevendo o nome das excepções. 

... mas e mesmo que vejam as fotografias dos nossos bebés?

Não consigo perceber. Os pedófilos poder-se-ão rebarbar com eles? Verdade, mas e então? Vão fazer-lhes mal? Não consigo publicar fotografias sugestivas da Irene, mas também não é meu hábito tirá-las.

Se publicar fotografias da minha filha, ela vai ser raptada? Por quem? Por terem visto fotografias dela na Internet? Como assim? Os miúdos que fazem publicidade nos catálogos de roupa são os que estão mais em perigo?

Cuidado com os emblemas das creches e isso. Porquê? Vão lá buscá-los e as educadoras de infância dão os bebés a quem apareça?

Não estou a ridicularizar os medos, também os tive, mas não os soube explicar a mim própria e a minha vontade de estar à vontade foi maior. 

Nem eu, nem o meu marido conseguimos materializar os nossos medos no que toque a essa questão. 

Alguém consegue? Sem ser só com os argumentos "eles andam aí", "e os pedófilos?"? 

Uma coisa mais concreta, por favor, em que efectivamente, publicar fotos da minha filha tivesse o efeito que alguém lhe pudesse fazer mal. 

Adorava que me fizessem mudar de ideias.

Há sempre uma parte de nós que não tem certeza, não é? 


12.07.2014

A minha filha ver televisão? Nunca!

Confesso. Eu era daquelas. Cheia de "nuncas".
"A minha filha vai ouvir música clássica. BabyTvs da vida nem pensar."
"A minha filha vai comer sempre comidinha fresca e biológica. Nada de boiões nem comida processada."
"A minha filha vai ter de saber esperar quando eu estiver no WC. Não vou interromper um cocó nem deixar um banho a meio."
"Nunca vou ser capaz de deixar a minha filha sozinha um dia inteiro."

Esta sou eu agora. 
"Se for só um bocadinho de televisão enquanto eu tomo banho, também não lhe há-de fazer mal." 
"Uma vez por outra para desenrascar, não há de ser o boião de fruta que a vai matar." 
(Com o cabelo por enxaguar e toda molhada) "O que tens filha? Vem cá à mamã!" 
(Com a filha ao colo enquanto se acaba o nr. 1 ou o nr. 2) "Pronto, pequenina!"
"Amor, quando fazemos o tal fim-de-semana a dois?"
Nunca digas nunca. 
É ir ao sabor do vento. 
É adaptarmo-nos às circunstâncias. 
É irmos gerindo as excepções à regra. 
E não nos sentirmos culpadas. São isso mesmo, excepções.