A Isabel e a Luísa foram dormir, no sábado, a casa da tia que, além de gatos mais adultos, tem dois gatos bebés. Da última vez que lá tínhamos ido, a Isabel fez todo um número dramático porque queria ficar com um. Eu percebo-a. Eles são irresistíveis. Expliquei-lhe que não ia dar. Que não tínhamos, neste momento, vida, espaço e tempo para animais de estimação. Foram lágrimas e mais lágrimas, umas de crocodilo e outras bem sentidas.
Mas neste fim-de-semana não houve lágrimas nem pedidos. Houve uns olhos maravilhosos de bambi de quem está absolutamente apaixonada e "mais vale é aproveitar cada segundo". Passou sábado à noite e domingo de manhã a dar-lhes colo. E nós, que até agora tínhamos sido irredutíveis, estremecemos um bocadinho das pernas. Ficaram bambas.
Este é o gato, mas ela escolheu a gata para adoptar |
Eu andei 16 anos da minha vida a pedir um cão. Chegou nessa altura e lembro-me bem da felicidade que foi. Lua. A nossa Lua. O meu pai foi buscá-la ainda estávamos no apartamento em Santarém, mas tinham comprado casa na aldeia, com terreno e espaço para ela correr à vontade. Aquele ano foi um "inferno", com destruições atrás de destruições, óculos e paredes roídas e o diabo na terra. O engraçado é que não a trocaríamos por nada. Foi nossa amiga durante tantos tantos anos. Deu-nos o Pipo, que ainda é vivo, já velhote. Quando a minha mãe me ligou a dizer que ela tinha morrido, envenenada, chorei tanto, mas tanto. Andei quase uma semana deprimida. Ainda me comovo a pensar nela.
Por isso, eu sei da importância de se ter um animal de estimação. Da relação e das memórias que se criam. Claro que queria dar essa experiência às minhas filhas, mas também - assumo - sou bastante comodista. Sou preguiçosa para limpar a casa. E só de pensar em ter ainda mais responsabilidades e mais um ser que depende de mim até estremeço. Por tudo isto, ponderámos bastante.
Ou então não, nem pensámos assim tanto, sentimos que poderia seria bom e pronto. Decidimos que vamos trazer a gata para casa. Que ela vai fazer parte da nossa família. Ainda estou um bocadinho em choque, tal como quando descobri que estava grávida (ahah não me gozem). Já desenterrei o aspirador robot que estava na despensa e que eu não usava há séculos - já sei, nem precisam de dizer: PÊLOS. Já sei que tenho de comprar um arranhador, uma caixa para ela deixar os seus presentes, uma caminha, mantinha; que vai levar vacinas agora em breve e todos os anos (é isso?); que tenho de a ensinar a não trepar para as bancadas da cozinha, etc, etc. Mas como é que isto se faz?
E é nesta parte que eu estremeço. Não percebo nada de gatos. A minha avó Rosel teve muitos gatos mas eu tentava não me afeiçoar muito a eles, ora porque morriam atropelados ora porque apanhavam doenças. Chorei tanto que deixei de sentir coisas fixes. Tenho até - não diria medo - respeito por eles. Fico assim sempre meio desconfiada quando um me vem parar ao colo. Não consigo relaxar. Não sou, pelo menos até agora, uma cat lover.
Mas adoro que as minhas filhas gostem de todos os animais com que se cruzam. Que tenham este amor todo para dar. E não vou ser eu a passar-lhes este pequeno arrepio que se me dá.
Por isso, aqui vamos nós para mais esta aventura (ainda está na minha cunhada até levar a vacina).
Deixem dicas, conselhos, lojas porreiras para comprar o material e comida, sosseguem-me, deixem histórias felizes que é para eu deixar de estar meio ansiosa com isto e passar a sentir só coisas boas.
Obrigada :)
Obrigada :)