Para as leitoras mais sensíveis, aquelas que ficam enervadas por eu ter a mania de escrutinar tudo e analisar tudo, fica já aqui o aviso que, para continuarem com o seu dia tranquilamente, podem dar ali um saltinho ao Facebook ou então pôr na SIC para verem qualquer coisa que entretenha e mais leve - a não ser que esteja na hora da crónica criminal (aquilo sim, stressa-me).
A Irene não gosta dos meus abraços. E, no outro dia, ao falar disso com a minha psicóloga (podem conhecer o trabalho dela aqui), ela disse-me que "temos de trabalhar nisso". Pus-me a pensar (uau, que novidade), se o "não se querer abraços" não será algo que também possa ser um traço de personalidade.
Por não se querer abraços, haverá algum problema? Vá, não é só comigo. Daí eu estar a por esta hipótese. Se fosse só comigo, já teria percebido que a nossa relação iria ser tão saudável como a do Afonso Henriques com a sua progenitora, mas não.
Só se deixa ser abraçada quando vai dormir. Pede a minha mão para lhe cobrir a cintura e gosta de tocar com os pézinhos nas minhas pernas. Gosta... quer dizer, gosta agora no Inverno, porque no Verão não se inibia de dizer várias vezes que tinha de fazer a depilação. Chatice!
Mesmo quando era mais bebé, reparava que ela ficava mais nervosa ao meu colo e, que quando ia para o colo do pai, acalmava. Ainda assim, nunca foi muito disso. De todo. O colo servia só para dar mama (no meu caso) ou, no caso do pai, para algumas brincadeiras.
Terei uma filha que não é muito dada ao toque?
Ou... será... que existem outras razões por detrás disto?
Foto: Diogo Ventura para a P3. |
Além de ter voltado a fumar (6 anos depois de ter parado, quando engravidei) e ser um cheiro que lhe desagrada ("mãe, cheiras mal" - pelo menos espero que seja disso, do tabaco), ponho-me a pensar se não será também por eu viver com um grau grande de ansiedade normalmente. "Eles sentem tudo". Quando estou mais calma, noto realmente - ou tenho capacidade para notar - que ela me toca mais e que está mais receptiva.
Por outro lado, será que ela herdou e ou adquiriu essa ansiedade? Até recentemente também rejeitava o toque quando estava ansiosa. Encarava como uma invasão do meu espaço pessoal e, por estar nervosa, não sabia reciprocar (nem me apetecia) e toda a situação era muito constrangedora para mim.
Querem ver até onde mais vai a minha cabeça? No outro dia desenhou bonecos sem braços e há uns anos (quando eu também desenhei, sem pensar nisso) uma amiga disse que seria sintomático de ter tido pouco afecto. Pelo menos físico.
A questão é: temos todos de gostar? Será sempre sintomático? Não pode ser só mais timidez?
A minha cabeça responde com: "epá, 'tá bem... mas da mãe?".
Como são os vossos com os mimos? Vou tentar ficar contente por vocês caso tenham miúdos que não vos larguem a pedir festinhas.