Mais do que ter aqui um álbum de fotos - a que volto muitas vezes - de sorrisos e de viagens. Mais do que ser o meu diário, de desabafos, dúvidas existenciais e parvoíces.
Comecei a perceber que a minha visibilidade - mesmo que numa escala muito micro - vai ajudando (rrr não gosto muito desta palavra neste contexto, mas escrevo à uma da manhã) alguém. Mas não “ajuda” em nada muito estruturado/estrutural.
Não sou coach, não sou minimalista, não sou vegana, não tenho receitas, identifico-me com quase muito do que leio e pratico de disciplina positiva, mas não a domino, nem de perto nem de longe. No fundo, não sou especialista em NADA. Às vezes até me pergunto o que posso eu dar-vos que seja útil e que não seja só um exercício de autocontemplação, que às vezes se confunde muito com empoderamento, com segurança (na lógica “o espaço é meu, faço o que eu quiser”), mas que chega meio vazio? Ou meio cheio? Sei lá.
Vou percebendo que é nas pequenas coisas. No que não é muito pensado. No que vai fluindo. Mas principalmente quando assumo. Os meus amores, mas também as minhas imperfeições, os meus defeitos, a minha incompletude, a procura por paz interior ou felicidade. A vida a acontecer. Já pensei que me exponho demasiado, mas, sinceramente nada de mal adveio dessa exposição. Ainda, pelo menos. Que eu notasse.
Não vou usar a palavra “genuíno” nem “mulher real”, que já não se aguenta. Mas a “fórmula” para que este cantinho (rrrr outra) me dê prazer é 50% - não quero saber e 50% - isto faz-me bem e, não sei bem como, a algumas pessoas também.
Recebi agora mesmo uma mensagem a dizer que com uma coisa que eu disse “fez-se luz” (as palavras não são minhas) e iniciou psicoterapia em janeiro. Ou a do pai de um miúdo gago a agradecer o meu vídeo sobre o tema (sou gaga para quem tiver chegado aqui agora). Da que, quando assumi que o meu casamento esteve de mal a pior, se sentiu menos culpada ou fracassada. Da que consegui “ajudar” na amamentação. Ou da que descobriu finalmente uma dentista de quem a filha confia (e venceu o “trauma”). Chegariam lá provavelmente sem mim, não me dou essa importância toda. Mas não finjo que não encontro aqui mais uma razão para continuar a “expôr-me”. Houve alturas em que senti que não compensava, estava a acusar a pressão. Agora sinto-me mais livre para escrever o que quero, quando quero, quando posso. Não só para picar o ponto. Mas para me beliscar. Para me emocionar. E às vezes só para me sentir “normal”.
Para que fique aqui registado, para as minhas filhas e netos, se os houver, lerem: posso nunca vir a ser escritora, em páginas que se folheiam, nem jornalista, como um dia achei que viria a ser, ou até mesmo cantora, daquelas que, sem esforço, fazem com que os pelos dos braços se ericem. Mas as poucas palavras que escrevo e algumas das coisas que disse em voz alta significaram, um dia, alguma coisa para alguém.
Joaninha (desculpa o diminutivo, mas é instintivo depois de ler este texto), quem sabe um dia não serás escritora? O Saramago só o foi aos 40... 😀
ResponderEliminarIsto para dizer que este teu texto me deu vontade de levantar o braço, ei, estou aqui, não sei se há mais como eu, mas gosto cada vez mais de te ler. Já vos leio acho que há 4 anos, e vejo um nítido caminho evolutivo em vocês, diria até que mais nítido em ti, JPB. Isto dos blogues tem isto, não é, eu não vos conheço, mas tb vivo em Lisboa, trabalho, tenho uma casa arrendada, duas crianças Pré-Escolar e cada texto vosso é motivo para sorrir interiormente. Já me fizeram pensar, descobrir, rir. Entendo perfeitamente a tua questão, o que faço eu por aqui?, mas a resposta está na própria pergunta, o que fazes é questionar-te, com tudo o que isso traz de positivo para te encontrares. Agora já pareço uma daquelas da auto-ajuda lol, mas a verdade é que ir lendo o teu caminho, nos faz (a mim, pelo menos) sorrir enquanto estou no meu.
Eu acho que vocês são umas resistentes. Já não há blogues nenhuns de jeito. Só costumo ler também o IG de uma brasileira (do saudoso Um ano sem Zara) que tb acho muito giro o percurso dela. Para além de uns 2 ou 3 de pessoas que conheço pessoalmente, de resto mais nenhum.
Joana, o que eu leio nos teus textos é uma serenidade, uma 'sabedoria' alcançada. Se é a escrita que te traz isso, eu diria, continua!
Portanto, só para que saibam que têm aqui uma fã declarada. Só não sou vossa stalker porque ainda não calhou ser oportuno ir ver a outra Joana, mas um dia destes pode ser que calhe.
A mim, ajuda-me imenso ver a relação que mantém com o Renato. Sempre fui a menina no meio dos rapazes e apesar de também ter tido sempre amigas, ao longo da adolescência ouvia muito "e amigas? e não vão raparigas convosco a x?", mais tarde quando comecei a namorar mais a sério comecei a ouvir o "e o teu namorado não se chateia de andares sempre com os teus amigos? não tem ciumes?". Portanto é uma lufada de ar fresco ver uma relação de amizade tão bonita que por acaso é entre pessoas do sexo oposto e como isso não tem problema algum. Dá-me esperança para um futuro em que comece a ser cada vez mais normal e que eventualmente deixem de haver comentários desnecessários a este tipo de situações
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