Tem sido uma aventura gigante. Ainda só passaram e já passaram 6 anos. Tenho perfeitamente a noção que todas vocês compreendem esta noção esquisita do tempo desde que passámos a ser mães. Passa tudo rapidamente devagar e o contrário também - não me apeteceu pensar.
Senti, tal como já vos contei, que o meu primeiro instinto era levantar a mão à minha filha. Ainda tinha ela meses. Estava(mos) cansada(s), frustrada(s), assustada(s) e não tinha nenhuma outra ferramenta em mim que me ajudasse a sentir mais segura ou que me permitisse acreditar que as coisas, um dia, iriam melhorar.
Com o passar do tempo, tenho vindo a desenvolver algumas técnicas que resultam cá em casa e connosco. Antes de lhe bater, faço o seguinte:
1) Vou avaliando ao longo do dia - por mim, por ser algo que me ajuda - como me vou sentido fisica e psicologicamente. Vou contextualizando esses sentimentos no período em que estou a viver, por exemplo: perdi um trabalho que me iria dar algum dinheiro recentemente, tenho reparado que ando mais irritadiça e ansiosa.
2) Quando tomo decisões que possam retirar conforto à minha sanidade mental, tomo-as de forma consciente. Isto é: se andar numa semana em que descuido a minha higiene de sono, sei que vai ser mais complicado para mim estar disponível para a Irene e que os dias serão mais difíceis no geral, percebendo que a paciência não se compra, constrói-se.
3) Quando tomo decisões a favor de outros elementos que não o sono ou a energia da Irene (irmos almoçar fora e alongar os planos para a tarde, privando-a de fazer sesta, fazer "dias de festa" vários dias seguidos, deitá-la mais tarde para quebrar a rotina), sei conscientemente que poderei ter que ser mais empática e tolerante nos dias seguintes por saber que isso lhe afecta a estabilidade emocional e fisiológica.
4) Estou a par da importância da qualidade da alimentação na vida dela. Caso tenha andado a descuidar recentemente a alimentação da Irene, caso ande a comer mais doces, por exemplo, é natural que a irritabilidade suba (é um vício), além de que os níveis pontuais de energia em demasia. Não posso culpá-la por a mãe lhe ter comprado e dar doces. Há que ser tolerante nestas alturas.
5) Olho para a vida da Irene no geral e observo se haverá coisas com as quais ela esteja a lidar que possam ser difíceis para ela. Fiz isso quando nos separámos, quando começou a escola, quando tem uma colega que lhe tem azucrinado a cabeça, quando tem aftas, ...
6) Caso ela esteja há demasiado tempo a ver televisão ou iPad, tenho de perceber que aquilo mexe (até connosco) com o funcionamento da nossa cabeça e que aumenta a nossa irritabilidade. Pelo que, pedir sensatez ao final do dia e depois de um kilo de iPad na cabeça não será algo fácil, muito menos para uma criança.
7) Se sou eu quem está irritada e, por isso, a Irene está a espelhar o meu comportamento. Ainda que me seja difícil, ausento-me do sítio onde ela está dizendo-lhe que preciso de ir respirar. E vou. Sem telemóvel. Vou mesmo tentar estabilizar a minha respiração. Quando volto, respondo às perguntas que ela tenha ou tento explicar de forma sucinta o que é que me fez ficar zangada.
8) Se for a Irene quem estiver a agir de forma incompreensível (há motivos, poderei é não saber quais), tento validar o que ela está a sentir. Pergunto-lhe de que forma posso ser útil e, mediante o assunto, ajo ou dou uma oportunidade para que ela se auto-regule e me procure para conversar. Ultimamente ela tem-se retirado do sítio onde estamos e vai respirar para o quarto dela, por exemplo.
9) E porque os problemas não devem ser sempre lidados em cima do momento, tenho feito terapia sempre que posso para que consiga estar no meu melhor em tudo aquilo que faça, especialmente ser mãe.
Tenho tido muita sorte. Todos estes passos têm feito com que, ainda que nos zanguemos, nunca seja necessário chegar ao ponto de haver violência física. O que fazem vocês?
Voltámos também aos podcasts, garotas!
Falámos, como não poderia deixar de ser, disto do isolamento e das coisas más e boas inerentes ao processo. Sentiram-se como nós? Foi pior ainda? Foi melhor? Queremos saber :)
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Se alguém andar à procura de leitura relacionada com isto, o livro que acabei hoje de ouvir - "No-Drama Discipline" é fabuloso. Não só ajuda com miúdos pequenos, como com adolescentes e também com adultos (que nem precisam de ser filhos). Sem me aperceber serviu-me de terapia e fez-me perceber os meus próprios mecanismos cerebrais e o que não foi feito (por falta de conhecimento) comigo durante o meu crescimento. Achei mesmo muito esclarecedor. Eu oiço tudo no Audible. Já leste/ouviste esse Joana?
ResponderEliminarespero que seja em vez de lhe bater, e não antes de lhe bater.... Por favor muda o título Joana...
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