12.15.2019

Marriage Story, o filme que todos os casais deveriam ver.

ALERTA - SPOILER

Estreou há pouco mais de uma semana, na Netflix, o filme "Marriage Story". Uma história agridoce (mais agre do que doce) sobre o fim de um casamento. O filme é do Noah Baumback (autor e realizador do "The Squid and the Whale" e do "Margot at the Wedding", entre outros - só vi estes e gostei muito), com a Scarlett Johansson, o Adam Driver (conheci-o na série Girls há uns anos e é fenomenal) e a Laura Dern.

Interpretações soberbas, diálogos que de tão naturais poderiam ser os nossos, lágrimas e olhos inchados, silêncios, canções em take único, olhares que dispensam falas, raiva, desilusão... cabe tudo naqueles minutos. Não é um filme de acção, não é um drama, não é uma comédia... nem sei bem  ainda como termina (termina como quisermos que termine e eu ainda não decidi), mas foi seguramente das melhores coisas que eu vi nos últimos tempos.

Eu não preciso que um filme me vire as tripas, que me faça sonhar, que me deixe fantasiar. Eu gosto de histórias que pudessem ser as nossas. Em que nos revejamos. Que nos façam pensar em quem está certo. Em quem falhou. Em quem deveria ter cedido. Em quem deveria ter apoiado mais o outro. Aonde se perdeu o amor? Não terão ido longe demais no divórcio? E o filho?... Não deveriam ter parado pelo caminho? Aonde deveriam viver então? E aquela advogada, era mesmo necessária?

E é nesta densidade de uma vida que poderia ser a nossa que vemos que as relações não são fáceis. (Quase) nenhumas. Sinto que aprendi alguma coisa com a dor daquele casal. Que aprendi a ver os dois lados de uma história. Que cresci. E sim, chorei. Tive momentos em que quis dar um estalo à Nicole, momentos em que quis abanar o Charlie e dar-lhes colo e falar-lhes das coisas boas que tiveram e... ai (emoji coração partido aqui, sem dúvida 💔).



E que grande regresso da Scarlett. O Amor é um Lugar Estranho é um dos meus filmes preferidos de sempre e acho que, desde então, ela praticamente não tem estado à altura. Rapariga do Brinco de Pérola e Vicky Cristina Barcelona talvez (tirando isso, nada "de jeito", acho). E agora... rapariga! Que maravilha de interpretação. Voltei a ser fã.

Digam-me coisas. Querem discutir alguma parte? O que mais vos fez pensar? 



7 comentários:

  1. Adorei o filme! Achei tão real. As discussões são reais, os temas ou não temas são reais, a angústia, a solidão, o desespero, o medo, o amor... Tudo muito real.

    Espero não ter que passar pelo divórcio, muito menos dessa maneira.

    É um filme de reflexão... É preciso aquele momento para assimilar tudo, aprender e voltar a assimilar!

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  2. Esta fala da Laura Dern é tudo: «People don't accept mothers who drink too much wine and yell at their child and call him an a...hole. I get it. I do it too. We can accept an imperfect dad. Let's face it, the idea of a good father was only invented like 30 years ago. Before that, fathers were expected to be silent and absent and unreliable and selfish, and can all say we want them to be different. But on some basic level, we accept them. We love them for their fallibilities, but people absolutely don't accept those same failings in mothers. We don't accept it structurally and we don't accept it spiritually. Because the basis of our Judeo-Christian whatever is Mary, Mother of Jesus, and she's perfect. She's a virgin who gives birth, unwaveringly supports her child and holds his dead body when he's gone. And the dad isn't there. He didn't even do the f...ing. God is in heaven. God is the father and God didn't show up. So, you have to be perfect, and Charlie can be a f..k up and it doesn't matter. You will always be held to a different, higher standard. And it's f...d up, but that's the way it is.»

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  3. Pensar que passei por aquilo... que disse as coisas que ele disse... que tentamos começar pelo “peace and love”, “nos somos capazes”.. que passamos a seguir pela parte da raiva e desejar a morte ao outro (fartei me de chorar) e que no fim.... tudo fica bem, o amor provavelmente ficou, de ambas as partes e que ambos seguiram caminhos diferentes...
    Sabia que era sobre divórcio, mas nunca pensei que fosse tão real.... ♥️

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  4. Gostei do filme é cativante e prendeu-me do inicio ao fim… faz pensar muito, nas relações, nos filhos, nos maridos... mas não seria tudo aquilo desnecessário? Pareceu-me demais! Acho que ambos viveram momentos delicados porque me pareceu mais uma disputa de advogados do que do próprio casal! Das duas uma ou sou eterna apaixonada ou até vi que eles tinham uma certa ligação e que se tratavam com uma certa ternura… mesmo não compreendendo a traíção (da parte dele) este processo poderia nao ter passado de um mau momento e poderiam até ter ficado juntos. Mas mesmo que não tivesse acontecido, a exposição, os advogados os tribunais foram tudo cenas fortes e marcantes, enquanto casal, ex-casal e enquanto pais não mereciam e não precisavam de passer por isto! O filme é bom para nos colocarmos neste lugar e para sabermos como nao devemos agir.

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  5. Eu acho que o filme não é sobre divórcio. Nem sobre família. Ou melhor, isso é o pano de fundo.
    Eu acho que o filme é sobre o tema da moda. A eterna guerra dos sexos, vista sob o prisma das actuais tendências. Do pensamento feminista.
    A mim lembrou-me muito o kramer contra kramer. Esse clássico do séc XX sobre divórcio, consequências para o casal, questão do filho.
    Neste marriage story acho que o foco está mesmo no discurso da Laura dern citado ali em cima.
    No fundo, a tese sobre as consequências (para o casal, para o filho, para a instituição casamento) de uma mulher querer separar-se do marido. Separar-se do marido que é também seu 'mentor profissional' ou seu 'patrão'.
    Fica a pairar a dúvida se era verdade ou imaginação que ela estava subjugada à vontade do marido.
    Se afinal a vida deles era ditada só pelas vontades do marido e sua carreira (artística e profissional). Ou não.
    Se por trás desse grande homem, estava ela, a grande mulher. Ou não.
    Para mim, retrata as consequências de uma mulher ousar pensar que pode ser independente e ter uma vida melhor depois de separada.
    O circo dos advogados faz parte desse cenário de consequências. Na América.

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  6. Sobre os actores. Gosto de ambos.
    A Laura dern muito bem.
    Acho que provavelmente é um filme com boa direcção de actores.
    A scarlet nitidamente apanhou o vício de falar à woody Allen. Aqueles braços sempre a mexer.

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