1.15.2019

De uma vez por todas: não há colo a mais!!!

Este vai com exclamações até dizer chega: a sério que em 2019 (!!!) eu ainda leio comentários nas redes sociais, extremamente sábios, a aconselhar maior ponderação na hora de dar colo, não vá o bebé ficar mimado, viciado ou manhoso?!! Viram? Mais exclamações.

Vamos lá por partes.

- São... BEBÉS! Se não estivéssemos à espera de lhes dar colo, de os cheirar todos e de os querer engolir com beijos, teríamos adoptado um já com uns 18 anos. Ou comprado um tapete.

- Muito certo que agora nos vão cair aqui muitas histórias de bebés que não suportavam colo e que só queriam estar, no mínimo, a 12 km de distância dos pais e que a primeira palavra que aprenderam foi "larga-me", mas o mais comum é um bebé precisar do conforto do colo, uma vez que vem num estado de "prematuridade" chamada exterogestação. Há todo um trimestre cá fora de adaptação e essa adaptação não deverá ser à bruta: "chora para aí que é para não fazeres causa-efeito choro-colo que eu não nasci ontem, seu espertinho."

- O expectável é que um bebé precise de se sentir confortável, precise de colo, de embalo, da temperatura do nosso corpo e do nosso cheiro, do bater do coração. Afinal de contas esteve 9 meses todo enroladinho, embalado e quentinho e sai cá para fora, sente demasiado espaço à volta, sente frio, fome, tem cocó, cheiros estranhos, barulhos diferentes e adivinhem onde é que eles se sentem melhor, regra geral? Isso, ao colo.

Também a mim me disseram isso. Quando eu ia acudir ao choro da Isabel, tinha ela semanas, e me diziam para "deixar chorar" - porque ela não podia aprender que sempre que chorava eu estaria lá, que os bebés têm manhas -, eu ainda não tinha lido nada sobre o assunto, mas o meu instinto sempre me disse que essas teorias não fariam sentido. Primeiro porque eu a amava mais do que tudo no mundo e não conseguia estar confortável sabendo que ela não o estava; depois porque não percebia que ensinamento era esse que lhe iria passar: "a mãe não vai estar sempre que chores, faz-te mulher". Queria mesmo passar-lhe a ideia contrária, queria dar-lhe segurança: "sempre que chorares, a mãe vai fazer das tripas coração para minimizar isso. Conta comigo". E quem diz mãe, diz pai, que o David também nunca caiu nessa teoria. Claro que, se eu precisasse de tomar banho e ela estivesse ali na espreguiçadeira e tivesse de chorar um minuto, eu, a certa altura, já conseguia tirar o champô do cabelo, cantava e fazia palhaçadas, mas não saia a correr, como se o mundo fosse acabar. Ela esperava um minuto. Nas viagens de carro, igual. Mas, se eu pudesse, se eu tivesse bracinhos, saltava logo para o meu colo. 

Não acho que tenha uma filha mal-habituada, manhosa, e coisas que tais. Vejo-a uma criança querida, feliz, independente q.b. com as exigências próprias da idade. Desafiante. Curiosa. 

E se com a primeira filha dei colo o mais que pude, com a segunda filha não saiu dele, já que fiquei em casa um ano e meio com ela.* Não acredito que o amor estrague. O amor dá segurança, dá confiança, cria cumplicidade. O amor gera amor. 

Regras? Sempre.
Mas colo é amor. Não há regras para ele. Há regras para além dele.

Fotografia: Susana Cabaço
* muito babywearing: essencial.

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8 comentários:

  1. A minha filha esteve internada numa unidade de neonatologia quando nasceu. Foi lá que ouvi essa aberração pela primeira vez. O tempo que passava ao meu colo era quase cronometrado "óh mãe, ela depois habitua-se e nós não podemos andar sempre com os bebés aos colo quando as mães não estão". Foi lá que me perguntaram, em tom de crítica, se ia sempre acudir ao choro da minha filha com colo "e quando ela tiver 6, 9 meses? como vai fazer quando tiver de ir trabalhar?". True story!
    Cá permaneço, de pedra e cal, a dar colo à minha filha sempre e sempre que ela precisa... já lá vão quase 20 meses... que seja por muitos mais!! :)

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    1. estive numa unidade de neonatologia (como estudante) e era ao contrário: faziam questão de fazer canguru (pele-com-pele) sempre que possível, incluindo mesmo na sala de emergência neonatal (depois do bebé estar estável, claro) antes de subir para o internamento. e quando as mães/pais não estavam era também essencial, sobretudo para os prematuros, estarem aconchegadinhos com ninhos e mantas a fazerem uma sensação de pressão, porque no útero o bebé estava apertado e estar assim acalma-o :) só para dizer que felizmente (embora isto tenha sido fora de Portugal) há serviços de neonatalogia com abordagens muito diferentes da sua!

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  2. Muito verdade. A minha filha até aos 3 meses foi só colo, colo, colo. Também ouvíamos esses comentários do colo que estraga, que estava a ficar mal habituada, que deveria dormir na cama e não no colo, e por aí a fora. Hoje tem 3 anos e há muito que não precisa de colo para dormir. Mas o colo continua a existir. Existirá sempre. Porque colo é amor, é segurança, é o porto de abrigo aonde ela volta quando está cansada, quando chora, quando está bem mas quer um miminho. É uma das melhores sensações da vida: saber e sentir que o nosso corpo acalma e dá segurança aos nossos filhos.

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  3. A ciência parece que explica que até aos 6 meses nenhum bebé chora por manhã, choram por necessidade: ou precisam de trocar fralda, comer, arrotar, sono, tem cólicas ou sim, precisam de COLO e mimo como qualquer ser humano (digo parece que porque recebi esta informação de uma enfermeira no hospital e não confirmei os é estudos). A partir dos seus meses as interações começam a ser mais complexas, eles pedem colos por mais motivos: têm medo, têm saudades, querem que os leves a sítios, têm curiosidade, etc. É tão frustrante ver tantos pais que não lêem sobre maternidade/paternidade e não se informam na melhor forma de educar os seus filhos...

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  4. Boa Tarde,
    Uma Pequena Introdução:
    Tive o meu filho, hoje com 30 meses, e por circunstâncias da vida fui trabalhar ao fim de 4 semanas. Ou seja, quando estava em casa, estava sempre com ele no colo, fazia tudo com ele no colo... no meu ou no do Pai, quase até andar!! e o que mais recordo, quando ele chorava de noite, eu morta de cansaço ( muitas das vezes nem os olhos conseguia abrir) e pegar nele ao colo, o cheiro dele, o aninhar-se no conforto do meu colo e pensar: """mesmo que morra de cansaço, deixa-me aproveitar este colinho que daqui a nada não vai querer colo nenhum""
    Dito e Feito, quando começou a andar nunca mais quis aquele colinho bom de calmaria... hoje com 30 meses so me pede colo para chegar algum sitio que ainda não chega:):) Por isso COLO NUNCA É DEMAIS!! até nos os adultos precisamos de colinho ( no sentido figurado , claro!)

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  5. Concordo! A minha pequenina tem agora 32 meses e ainda agora diz “mamã quero colinho” e a mamã dá ☺️. Acho que é o melhor do mundo podermos dar o colinho que os nossos filhos precisam, é o nosso amor! Muitas vezes também ouvi comentários do género “habituar ao colo que era mau”! Sempre fiz o que o meu coração mandou! Colinho é bom para os nossos filhos!

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  6. E o feliz comentário: habituas mal te depois no infantário é que vai ser!! Olha que o vão deixar chorar!!! Não vão andar com ele ao colo!!! Isto não se diz a quem já tem coração nas mãos por deixar o bebé ao cuidado de desconhecidos... nao se diz! Para mim foi traumatizante deixar os meus filhos no infantário / berçário (o mais novo foi com 5meses)... felizmente nos dois descobri que afinal até dão colo e muito mimo... havia necessidade de ter passado por aquela angústia ?! De todo... muito colo e muito amor!!

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