2.11.2019

Namorar sem os filhos.

É possível namorar com os filhos por perto? Claro que é. Há quem nem queira outra coisa. Quem sinta que a família tem de ser sempre família e andar sempre junta. E que se pode namorar quando eles já dormem ou até enquanto estão acordados e que isso é suficiente.

Há quem gostasse de ter momentos a sós mas não possa. Quem não tenha com quem deixar os filhos e não tenha uma rede de apoio.

Mas acredito também que talvez haja quem não quer porque já não o sabe fazer. Porque tem medo. Já não sabe como se confrontar com uma intimidade sem interrupções ou até de lidar com o silêncio. Já perdeu o rasto do que era, do que eram, antes de terem filhos. "Há 10 anos que não vou ao cinema com o X", ouvi. E pus-me a pensar que, naquele caso, não seria por falta de opções nem por falta de disponibilidade da família, nem falta de dinheiro. Do que seria então? Acho que quando nos desabituamos de fazer algo, passamos a deixar de lhe sentir a falta.

Para mim, namorar é preciso. Mesmo que sem viajar, mesmo que sem sair do país ou até de casa. Claro que andamos, nos primeiros tempos, completamente às apalpadelas e às vezes nos esquecemos do resto. Claro que há outras prioridades. Mas, em pequenas coisas, é importante não deixar esmorecer a paixão. Ou não a deixar apagada durante muito tempo.

Para mim, (continuar a) viajar sem filhos sempre foi uma coisa que eu quis fazer, caso pudesse. Eu sou das que adora viajar com elas (apesar de ainda não nos termos aventurado para fora da Europa: ficámos por Dublin, Barcelona, Londres, Paris) e não entendo bem o argumento do "são tão pequeninos que não se vão lembrar de nada". Discordo com todas as minhas forças. Acho que eles absorvem a nossa felicidade, os cheiros, os sons e as diferenças. Fica lá sempre qualquer coisa.

Mas também gostei muito quando fomos os dois a Praga (apesar de depois, ter encontrado a Isabel doente e ter demorado uns três anos até conseguir ir para fora sem filhas de novo). Ou de quando fomos os dois a Madrid, já tinha a Luísa quase dois anos. Foram 3 dias que nos souberam divinalmente. Desta vez fomos até São Tomé. Ainda esta semana escreverei um post sobre estas férias que nos mudaram para sempre. E saí dali a pensar na próxima, desta vez com elas. Não sei quando será, que já estamos a esgotar as fichas para 2019. Por mim era já em março. Viciozinho bom! Não tenho com roupas nem sapatos nem perfumes nem malas nem cigarros... tenho com o mundo.

E havemos de fazer mais viagens sem filhos. Uma por ano, se pudermos. Namorar é preciso. Aqui ou em qualquer outro lugar. Naqueles minutos em que os pés se cruzam. Apesar de ele gostar de dormir com os pés de fora e eu, mesmo de meias, tenho-os sempre gelados. Apesar de ele gostar mais de filmes de super heróis e de ficção científica e eu de romances históricos. Apesar de eu ser mais de sonhos e ele de coisas palpáveis. Naquilo que é importante cruzamo-nos e caminhamos de mãos dadas. Prometi-lhe, estava ainda grávida da Isabel e ele dormia, que não me iria esquecer de nós os dois. Somos o início de tudo. Até ao fim.



O pior de ter dois filhos são as BRIGAS!

Antes da Luísa nascer, eu achava que o difícil iria ser dar atenção às duas. Tinha até receio de não amar tanto o segundo filho como o primeiro (como assim amar alguém como amava a Isabel? Parecia-me impossível, de tão arrebatador que era aquele amor). Ou então o pior de tudo seriam as doenças que andariam a passar entre elas, tipo batata quente. Ou as noites. Mas não.

Chego à conclusão que o que me desgasta mais de tudo é gerir a relação entre irmãos. Com idades próximas, a disputa pela atenção e pelos mesmos objectos e jogos é mais que muita. As vontades nem sempre coincidem. E quando eu achava que a Isabel já estava bem longe de morder, eis que aprende esse truque com a mais nova.

Nem sempre o "não se morde", "não se bate", "as mãos não são para bater" resultam. Às vezes temos mesmo de as separar. Às vezes zangamo-nos. Ou temos de mostrar que não ficamos felizes com a forma como resolvem as situações. Tentamos dar exemplos. Explicar que se só há um copo vermelho e ambas querem esse copo, temos de decidir quem fica com o copo nesse dia e no outro será a outra a ficar com ele. Ou a partilharem. A brincarem juntas. Ou a saber esperar.
Não é fácil.


Coisas que percebi que vão resultando. Querem saber?

Cortar com tudo o que é TV, tablet e telemóveis durante a semana
Na semana antes de ir com o David de férias, fi-lo e achei-as muito menos conflituosas, mais amigas e mais calmas. Confesso que o tablet ou a TV com desenhos animados ou com as músicas da Disney que elas adoram) me dão muito jeito para quando estou a dar banho à mais velha (para que a outra não se arme em Picasso a pintar-me as paredes todas, já aconteceu...), mas arranjei outras alternativas. Pode ser mais desgastante nesses momentos, mas compensa. Fomos mais felizes. Vamos repetir já hoje: ponho as músicas que elas gostam no Spotify e pronto.

Criar momentos de "filho único"
Ainda ontem o David foi com a Isabel ao estádio da Luz e a Luísa ficou em casa comigo. Foi bom para todos! A Isabel estava radiante e a Luísa dormiu a sesta no meu colo, na sala. Ambas tiveram atenção especial e tenho a certeza de que lhes soube pela vida. Somos uma família os quatro, mas cada um de nós tem ritmos e gostos diferentes. Se alimentarmos as relações entre cada parelha, pode ser bom, mais calmo e pode dar espaço para todos criarem cumplicidades.

Não fazer comparações e alimentar despiques entre elas
É das coisas mais difíceis de se conseguir. Parece que já nos está na ponta da língua um "a tua irmã já está pronta", "a Luísa já acabou de comer, anda lá". Ou um "o primeiro a chegar é não sei o quê". Até parece dar jeito na altura, mas só alimenta a rivalidade entre elas. Noto que quando reforço a empatia entre ambas e a entreajuda funciona muito melhor: "Isabel, como já te calçaste, podes ajudar a tua irmã?"; "Luísa, vamos ajudar a mana a comer o que falta? Para quem é a próxima garfada?"

Respirar fundo e não perder a calma
Ui. Bem sei que custa. Mas se elas nos vêem agressivas e chateadas constantemente é muito provável que o reproduzam. Alimentar o clima de tensão em casa não ajuda em nada. Uma comunicação positiva, com regras firmes, mas sem violência, chantagens e castigos (mas assente em consequências que façam sentido para cada acção), ajuda e muito. Ajuda a que tenhamos todos uma relação baseada na confiança e na cooperação e que elas sejam as primeiras a sentirem à-vontade para expressar as suas frustrações e necessidades e a serem empáticas uma com a outra. Não há nada que me deixe o coração mais cheio do que ver a forma como brincam com os bonecos delas e as expressões que usam com eles (e até uma com a outra): uma réplica do que usamos. É algo a melhorar, todos os dias.

Querem deixar algumas dicas?

2.10.2019

Como é ser freelancer?

2019 começou de forma diferente para as vossas duas autoras  preferidas deste blog (são as únicas). Ambas são agora freelancers ou lá o que é. Da experiência que temos tido, muitas das pessoas que nos seguem têm curiosidade em saber não só como é que é, mas também o que temos andado a fazer. Este vídeo pode ajudar.
Claro que nem toda a gente de todas as áreas poderá ou quererá dar este passo e se calhar também estamos naquela fase inicial da paixão em que o coração bate descompassado e em que quase não vemos os contras. Nem tudo serão rosas.
Mas cá vai. Esperamos que gostem!



Quais os próximos temas que gostavam de ver explorados? Os vossos desejos são ordens. Trabalhamos para vocês. 


Subscrevam o canal, activem as notificações, comentem e partilhem, se gostarem. <3