11.30.2017

Desculpem-me, amigos e amigas.

Com isto dos anos em cima e com a nossa história a ficar desejavelmente mais arrumada e ainda depois de termos sido mães, há coisas que fluem de outra maneira. 

Nunca admiti, sem ficar incrivelmente triste, que um amigo se esquecesse do meu dia de aniversário, ou que não fosse a uma festa minha ou que soubesse que os meus dias andassem a ser mais complicados e não me dissesse nada. 

Agora, aos 31, mãe de uma miúda, é diferente. 

Desculpem-me amigos e amigas. 
Muitos de vocês que ainda não são pais e mães e que julgam que me afastei.

Desculpem-me amigos e amigas.
Muitos de vocês que, na volta, já nem se lembram de me convidar para coisas.

Desculpem-me amigas. 
Vocês que sei que me adoram, mas que já não consigo ter tempos mortos para conversa.

Desculpem-me amigas. 
Vocês que querem jantar comigo, almoçar comigo, ir algures comigo e eu não pareço interessada.

Desculpem-me amigos. Amigos de longa data. 
Vocês que não entendem como funciono, como é a minha vida agora e que o tempo me aflige e o que me sobra é para nada. 

Desculpem-me, queridas amigas. 
Amigas que já partilhei tanto nos últimos anos em tantas conversas no telefone e em alguns encontros e agora parece que não quero saber.
Não é verdade. 
Eu quero saber, mas "ando a mil". 

Penso em vocês todos os dias e é um alfinete que me pica o coração, mas não consigo.
Não consigo sair do carrossel em que estou neste momento e parar um pouco para respirar convosco. 

Quando consigo respirar, não quero falar com ninguém, quero estar no sofá e adormecer no momento mais feliz do dia. 

Eu amo-vos. E, como vos disse, todos os dias me lembro de vocês, mas há sempre aquela sopa que precisa de ser feita, o detergente da máquina que acabou, aquele e-mail que falta enviar, aquela constipação, aquele fim-de-semana em que se tem de ir picar o ponto aos avós, aquele... 

Desculpem. Sei que parece ridículo.

Sei que corro o risco de, um dia, quando sair do carrossel, não ter nenhum de vocês à minha espera. 

Mas, também sei, que, com o tempo, começamos todos a encaixar melhor o tempo de distância e não o ver como uma separação, mas como um intervalo. 

O silêncio de uma batida do coração, apenas. 

Desculpem-me amigos e amigas, mas amo-vos. 

Ana, Eugénia, Inês, Elsa, Susana, Joana, Renata, Filipe, Pedro, Diogo, Rita, Bibi, Bruna, Vera, Cláudia, Zé Pedro... 

Também tenho saudades vossas. A sério. Acreditem em mim. 





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11.29.2017

Ligaram-lhe da escola a dizer que a filha não conseguia andar!

Tinha marcado ontem um encontro com uma amiga e a filha lá em casa. E, quando enviei mensagem a confirmar, ela respondeu-me (ofegante) que não poderia ser porque lhe ligaram da escola a dizer que a filha não conseguia andar e não tinha batido em nada nem se tinha magoado. 

Quando o meu telefone toca e é da escola já me apetece falecer, imagino se me dissessem uma coisa dessas. Não estamos equipadas para saber lidar com isto (ou estamos?). 

Falei com uma colega minha do trabalho (Catarina) que me explicou que, na família dela, tanto ela como a irmã já tinham tido esses sintomas: na irmã era porque algo ali estava inflamado e passou com gengibre (fazer uma boneca de pano) na coxa  mas, no caso dela, era um parasita que ainda tinha ficado alojado no corpo dias depois do antibiótico - algo do género que não somos médicas. 

Perguntei se precisava de alguma coisa e tentei acompanhar a história sem ser metediça ou sem obrigar uma mãe stressada e preocupada a responder a pessoas no whatsapp. E, ao que parece é uma Sinovite Transitória da Anca

"Na maioria das articulações do nosso corpo, para se poderem mover livremente, possuem líquido no interior, chamado líquido sinovial. Esse espaço contendo líquido é revestido por uma membrana, designada membrana sinovial. A palavra sinovite significa inflamação da membrana e líquido sinovial. Assim entende-se facilmente o que é a sinovite transitória da anca – uma inflamação transitória da articulação da anca."


Decidi contar-vos isto porque da mesma maneira que falar das convulsões da Irene já ajudou uma amiga minha a lidar melhor com a primeira convulsão febril da Irene, também este post poderá acalmar o vosso coração se vos acontecer algo do género ou alguém que conheçam. 

Já esta diagnosticada a pequenita e agora ficará boa num instante (mais ou menos que pode ser um mês  a ser levada ao colo de um lado para o outro, sem poder ir à escola). Força meninas! 


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11.27.2017

Chorou que se fartou, mas recomendo o espectáculo.

Nunca pensei vir a escrever um post sobre um espectáculo onde tivesse ido com a Irene e onde ela tivesse chorado imenso no final. E, pior, recomendando que fossem.

Não que seja uma expert em espectáculos, mas já vi tanto os meus e de amigos com 14 pessoas, como o Cirque du Soleil em Las Vegas. Sinto que há aqui um espectro que poderá ser interessante para vos recomendar alguma coisa - tendo em conta os meus gostos, claro. Eu gosto de comer massa crua, por exemplo (até ter partido um dente), vale o que vale.

Fomos ao Bela e Monstro no Gelo no Alegro de Alfragide e gostei. Gostei por ser tudo tão diferente de alguma coisa que já tivesse visto. Nem na Disney me lembro de ter visto algo tão compostinho. A escala é diferente, bem sei, mas deixa-me feliz saber que há algo tão giro e bem feito, tão pertinho de nossa casa - ainda por cima. 

Eles cantam - e cantam bem - os fatos são fantásticos, a história está bem contada, patinam todos no gelo (há espaço ainda para uma coreografia fantástica de um patinador profissional que faz magia num pista tão pequena), ficamos envolvidos com as personagens, às vezes a acção muda de palco... 

Como a Irene tem três anos apenas, fui preparada para explicar a parte em que o Monstro é apunhalado pelo marido prometido da Bela. Expliquei que tinha sido um susto e que o Monstro estava a recuperar. Quando apareceu em modo príncipe, disse-lhe que o Monstro tinha ido ao cabeleireiro e que, agora, com o pêlo cortadinho a Bela já não tinha nenhum medo dele. 

E foi aqui. No fim. No fim que a Irene desatou a chorar. Chorou. Chorou porque queria que o Monstro ficasse Monstro para sempre. Com algum cansaço acumulado do dia (fomos à sessão das 18h), também se tornou mais difícil que não entrasse em loop, mas é curiosa a reacção.



A Irene não queria que o Monstro deixasse de ser Monstro. 

Giro. Ou foi porque gostou do Monstro e assim o "Monstro" foi embora com tudo o que representava para ela - hoje em dia há muitos livros e desenhos animados que fazem com que os monstros não metam medo. 

Outra interpretação - com psicologia em cima - terá que ver com a tendência com que todos tempos para catalogar coisas. O Monstro para ela poderia ter a representação do mal e o mal transformando-se em bem implica um raciocínio bem mais complexo do que uma mera separação ou até uma mera dicotomia da realidade: bom e mau, benfica e sporting, direita e esquerda...  

Assim que houve oportunidade foi-lhe explicado novamente - como já vos tinha dito aqui que faz parte dos meus planos - que o bom e o mau fazem parte da mesma pessoa. Que todos somos tudo. Que não há Irene má, há a Irene. Que a mãe, quando parece má, continua a ser a mãe que ela adora. 

Que as pessoas que parecem só más também têm coisas boas, que as pessoas que parecem só boas também têm coisas más. Que nem é tudo estanque. Que nem tudo é comentável rapidamente num blog cuspindo a sensação mais imediata que se tenha no coração por dor ou cansaço. 

Somos tudo. 




A história da Bela e do Monstro com tudo o que as histórias de princesas têm de bom e de mau (lá está), ajudou a dar e a materializar um óptimo exemplo para ensinamento da Irene. É para isso que somos uma equipa, certo? :) Para ir ensinando, descondificando...

Recomendo o espectáculo. Vivamente. Gostámos muito de ir. :) Agora brincamos muito à peça, a fingir que patinamos. 



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