8.18.2016

Um dia isto acaba.

Não estou a falar do blogue, não se preocupem. Quer dizer, pelo menos, por mim, não acaba tão cedo. Acho que, pela Joana também não. Aliás, espero que não, porque se ela não escrever neste blog, ele vai mirrando e ficam só as 15 pessoas que gostam de mim. Sendo que 10 dessas ainda não perceberam que são duas a escrever. 

Quero dizer-vos que "um dia isto acaba". Um dia, a fase má, de falta de controlo, de privação de sono, de loucura ao extremo, de culpa sempre presente, de ansiedade extrema... um dia acaba. 

Tenho tentando ajudar amigas minhas que estão agora a passar pelos primeiros meses com um recém-nascido. Tenho tentado não meter muito o bedelho. Tento falar só quando me perguntam alguma coisa e deixar sempre muito claro que "eu faria assim, não quer dizer que tu faças" e tento, acima de tudo, passar confiança. 

Ainda ontem, uma delas (assim parece que tenho imensas amigas - o que é esquisito porque não tenho) me falou sobre a "alcofa ter picos" que, quando mete lá o miúdo, ele volta a chorar. Isso trouxe-me "tão atrás". Está entre aspas porque a Irene dois anos e meio, apesar de ter parecido que foi há 10 anos. 

Era horrível para mim adormecer a Irene, passá-la para a cama, sair do quarto de fininho, chegar à porta cheia de esperança e, depois, ela começar a chorar outra vez. Escrevi imenso sobre sono no blog (vejam aqui). 

Era terrível ela começar a chorar perfeitamente desnorteada e não parar com nada. Nem a maminha aceitava... o que fazer? Cantar? Tantos Hakuna Matatas que cantei pelo meio de soluços e de lágrimas, na esperança de que ela se acalmasse, que sentisse que a mãe estava calma, apesar de estar a reagir como se estivesse a família inteira sob fogo. 

Chorava, suava, ficava zangada, depois ficava zangada comigo por ter ficado zangada, ficava desesperada, chorava, enchia-me de esperança, ficava triste, ficava a sentir-me perdida, questionava-me se merecia ser mãe... 

Um dia isto acaba. 

Todo esse volume tão alto, um dia baixa. Se tudo correr bem - o normal é correr, baixa. Hoje, a Irene acordou às 6h da manhã e eu, cheia de pica, fui AO GINÁSIO a uma aula de BODYCOMBAT. Quando, alguma vez na minha vida, enquanto passava por tudo isso, alguma vez conseguiria imaginar que iria conseguir voltar a ter este espacinho na minha vida em que sinto que consigo fazer tudo e que amo viver? 

Por isso, vocês, mães, que agora se sentem perdidas, lutadoras, abandonadas por vocês mesmas, que parece que não conhecem esse ser que saiu fora de vocês e que quase vos parece, às vezes, ter sido um erro... 

UM DIA ISTO ACABA. 

Outras missões virão mas, até agora, nada tão complicado como tudo isso. É como um jogo de computador, mas em que parece que estão a começar pelo boss. 

Força. 


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8.17.2016

*Que péssima mãe, Carolina Patrocínio!

*Que péssima mãe, Carolina! Que irresponsável! Se não fosses figura pública já te tinham tirado os filhos! Não só te puseste com as manias do exercício físico na gravidez, pondo em causa a saúde das bebés, como agora pões em causa a integridade física da tua filha mais nova, com esse espírito radical e - repito - irresponsável? 


Assim não, Carolina. Não faço ideia se esse carrinho é seguro ou não. Não sei se estavas ou não só a experimentar. Não sei se estava mais alguém do outro lado da rua a garantir que não vinha um carro. Não sei se estás bastante à vontade com longboards, ski, skate ou macramé. Não sei se a rua até estava cortada ao trânsito pela polícia porque havia umas gravações do outro lado. Não sei nada sobre ti nem sobre as tuas circunstancias. Mas eu, que estou confortavelmente atrás de um computador, vou dizer-te umas coisinhas, minha menina, porque EU POSSO.

Eu, que até já agarrei no telemóvel ao volante, com as minhas filhas no ovinho lá atrás, viradas no sentido da marcha, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que preferi estar, sem indicação médica, alapada ao sofá a comer donuts e croissants com nutela e beber coca-cola quando estava grávida, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que dou um tablet para as mãos do meu filho para que ele chateie menos às refeições, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que despacho a minha filha para os avós sempre que posso para poder ir à praia e estar com os meus amigos, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que compro os meus filhos com brinquedos e chocapic, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que não deixo a minha filha ir à praia com os colegas da escola, porque nunca se sabe o que lhe pode acontecer, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que dou uns açoites ao meu filho quando ele se põe com birras, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que nem pus protector solar à minha filha porque "era só um bocadinho e não valia a pena", digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca faria igual.
Eu, que não tenho filhos, mas sei muito bem já o que vou ou não fazer, digo-te já que és uma péssima mãe e que nunca farei igual.


Eu, que experimento, que me arrependo, que testo, que me engano, que escondo, que encolho os ombros, que às vezes nem quero saber, que digo "um dia não são dias", que arrisco, que complico, que erro e volto a errar... EU POSSO sobranceiramente dizer o que TU podes ou não fazer, o que és e o que merecias que te acontecesse.


*texto escrito com ironia e sarcasmo.


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10 coisas que uma recém-mamã não quer ouvir

Se és uma recém-mamã, parabéns. Se és uma recém-mamã e ainda não adormeceste a ler a segunda linha, parabéns outra vez (e diz-me já o que andas a tomar!). 
Parabéns e muita paciência, claro! E não estou a falar da dificuldade em voltar a ter noites calmas ou em conseguir ter tempo para lavar os dentes, paciência para todas as vozes que te cercam, até mesmo da senhora com quem te cruzas de raspão na rua. Se te vêem com um bebé no sling ou no carrinho, passas a saber o que é ser uma figura pública, abordada por todos! 

imagem weheartit.com

Deixo-te uma lista das coisinhas que nós não queremos ouvir (imprime e cola na testa ou publica-a discretamente no teu mural: pode ser que certas pessoas se toquem):

  • é menino, não é? 
A probabilidade de acertar é 50/50 mas se calhar não vale a pena arriscar (uma dica: "como se chama?" cai sempre melhor) e não, não é menino. "Ah como está de azul...". E eu a pensar que estávamos em 2016...

  • está só a leite materno? 
Caso respondas que sim, provavelmente vai perguntar-te se dorme bem. Ou se chega. Ou contar-te a história do enteado da prima que foi-se a ver e andava a passar fome ou da filha da vizinha que fazia da mama chucha e foi um problema tirar-lhe o vício. 
Caso respondas que não, vai dizer-te que é normal, que ela nunca teve leite e o filho bebeu logo leite de vaca e não morreu ou que não tarda nada habitua-se ao biberão e deixas de ter leite, mas é melhor assim porque ficas mais liberta.

  • para quando é? 
Nasceu há 3 meses. [Silêncio constrangedor]

  • já dorme a noite toda?
Não coloquem este nível de expectativas em ninguém, muito menos numa recém-mamã que provavelmente acorda 4 ou 5 vezes por noite e que nem sabe bem de que terra é. A seguir a esta pergunta vem normalmente o conselho de dar papa no leite à noite para aconchegar ou então a história do "ensinar a dormir" com técnicas de se lhe tirar o chapéu 

  • já dorme na caminha dele?
Mania de querer que um bebé que mal passou pelo estreito de Gibraltar, que estava até há tão pouco tempo no quentinho, protegido, aconchegado, vá já a correr para a universidade! Apetece responder: "Já, só que a caminha dele calha a ser a dos pais também."

  • é tão parecido com o pai!
Obrigadinha. Então andamos com eles 9 meses no bucho, salvo seja, temos de fazer o teste da glicose (bleccc), chichi a cada 5 minutos, os pés aumentam de número, ficamos a andar como pinguins e depois é isto? 

  • está sempre ao colo?
Está. Já tinha tapetes suficientes em casa, desta vez quis um bebé. 

  • quando lhe vais dar comida? Assim ainda enjoa.
[provavelmente dito pela mesma pessoa lá de cima, orgulhosa porque deu alheira ao filho logo com 1 mês e meio]

  • isso é fome/ sede (não lhe dás água?!)/ frio/ calor/ sono
 ... cólicas/ mimo/ manha/ vício/ chichi/ nenúfar/ alguidar.

  • não usa chucha? olha que depois põe o dedo e não lho consegues tirar. /e quando não tiver mama, como vai ser? / e na creche?

Inspira. Expira. Sorri e acena (ao fim de algum tempo já vais ter vontade de rir, garanto!)

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