11.26.2014

Estou à espera da cabeça partida

Oh. Meu. Deus.
Já sofro por antecipação, para depois o golpe não ser tão forte... Não sei como vai ser daqui para a frente.
Mães que têm filhos terroristas, como aguentam? Como aguentam estar constantemente com o coração nas mãos? Saber que o "não" não chega. Ou o castigo ou a palmada no rabo...
O Lucas ainda só tem 9 meses e eu já consigo antecipar o futuro dele... Cabeça, braço ou queixo partido, em algum ponto da sua infância. Ou as três hipóteses e mais algumas. Quando digo que ele é terrorista se calhar estou a exagerar um bocadinho. Ele é aventureiro, curioso, destemido e todo despachado. E eu tenho imenso orgulho nisso! E é assim que ele é feliz: a explorar, a testar o limite, a observar com as mãos tudo muito detalhadamente. Quer ir, vai. Quer mexer, mexe. Quer meter na boca, mete.
Mas isso vem com um preço. Eu sei. O pai dele era assim... Metia-se em cada alhada. Chegava a casa todo esfolado, ou com sangue em alguma parte do corpo. Chegou a ser atropelado! Compreendem o meu pânico, não compreendem? Eu não era assim. Eu era sossegada. Tinha medo. Gostava de ficar a brincar no mesmo sítio, horas e horas à volta de um brinquedo. Eu era feliz assim. Mas fora a parte da segurança, não quero que o meu filho cresça à minha imagem. Quero que seja ele próprio, igual a si, com a sua identidade e personalidade.

Só queria saber como fazem, mães de miúdos terroristas. Porque isto me assusta.

Quando ligar ao pediatra?

É dos maiores dilemas de uma mãe de um bebé a seguir a quando é que se deve "fazer um bebegel".

Não queremos incomodar os pediatras porque temos medo do rótulo que passamos a ter junto deles.

Não queremos ser as mães com falta de confiança, as mães dependentes dos médicos, as mães chatas. Não queremos parecer freaks, enviando um sms ao pediatra por dia ou por mês.

Então, como fazemos?

O que é que é digno de fazer com que enviemos um sms ao pediatra ou não?

Acho que uma das frases da minha pediatra pode ajudar-nos nisso: "enquanto os bebés são pequeninos, não se preocupem que terão toda a minha atenção".

Quanto mais pequeninos forem, maior o nosso nervosismo e também mais graves as repercussões dos problemas que possam ter. Está a chorar muito? É enviar uma mensagem ao pediatra. Antes isso do que pormos Camilo Alves na chucha a conselho de alguém ou que o abanemos "de fininho" com algum desespero.

Acho que, acima de tudo, temos que nos lembrar de duas coisas:

- Receber um sms não é incómodo nenhum. Ler quatro linhas de texto ou ignorá-las não é muito complicado. Responder é que pode ser e isso fica do outro lado.

- Às vezes não custa nada abrir um livrinho credível para as dúvidas mais normais e menos preocupantes. "Quando é que é febre?" Podemos ler aqui ou acolá e a informação não varia muito.

- Averiguar a disponibilidade do médico fora das consultas deve ser discutida logo no início e deve ser um dos critérios na escolha do médico: está disponível para lhe fazer perguntas por sms?

Afinal passaram a ser três coisas que temos que nos lembrar.

Eu perguntei: "Se for muito chata, diz-me?". E assim ficámos. Até hoje.



11.25.2014

Bebé doente é para estar em casa.

Escrevo no dia em que a Irene ficou doente pela primeira vez. Algum dia teria que acontecer e foi hoje. Passadas algumas horas de negação, lá me apercebi que aconteceu. Olhos congestionados, a senhora da farmácia a dizer que a "miúda está a arder em febre", dois dias em que esteve esquisita, foi o que foi preciso para entender que, passados sete meses e meio, a minha filha ficou doente.

Sempre tentei protegê-la ao máximo. Evitei sair com ela quando estava frio, nunca estive com ninguém doente ou com crianças doentes, nada. Afinal, fui eu a ficar e a passar para ela e para o pai. Quem me mandou tirar a camisola para lhe dar de mamar todas as noites só por gostar de sentir as mãos dela no meu peito?

Escrevo para dizer que é impossível protegermos os nossos filhos de tudo tal como idealizámos, porém creio que o nosso papel é tentar e a sério. Tenho a consciência tranquila e sei que fiz tudo o que podia. Mesmo. A Irene nem está na creche muito também por causa disso.  Claro que não devemos enfiá-los num tupperware, nem devemos privá-los de lamber o chão, mas ter o máximo de cuidado com mudanças de temperaturas e afins é o papel dos pais. Protegê-los. Tapá-los à noite. Vestir casacos. Não sair com eles à rua quando estão engripados ou constipados. Arranjar maneira de estarem no seu máximo conforto e não "no nosso".

Não desejo isto a ninguém. A nenhuns pais, nem a nenhum bebé. No que depender de mim, a Irene não terá contacto com outros bebés até estar completamente curada. É verdade que tenho a vida facilitada por estarmos ambos em casa (marido freelancer e eu com licença sem vencimento), mas todos os trabalhadores a contrato têm direito a um mês de assistência à doença do filho e os outros, espero que consigam ter compreensão dos patrões. Infelizmente sei que o mundo não é justo. Refiro-me aos que podem.

Confesso que não consigo estar de acordo com os pais que, por opção, com os miúdos doentes, vão para sítios (para mim, entupidos e ranhosos, já é estarem doentes e não um "estado normal", senão iríamos com eles ao médico quando estivessem a respirar bem e não quando têm dificuldade em respirar e tosse, aí estávamos felizes da vida). Não só acho que o bebé deveria ficar no sítio mais confortável possível e resguardado (principalmente no caso de constipações e afins) como também nunca me sentiria bem ao pensar que poderia pegar algo a alguém. Esse alguém pode ser um bebé ou a um pai que pega a um bebé...

Se toda a gente fosse assim, não haveria menos doenças para todos os bebés? Doentes vão sempre estar, mas não deveríamos tratar da saúde dos filhos dos outros como se fossem os nossos? Qualquer doença é de evitar. É sempre triste um bebé não estar no seu melhor. É sempre lamentável ter que fazer aerossóis, vapores, supositórios...

Não há pressa de sair. A Irene só sairá quando estiver bem. Pelo bem dela e pelo dos vossos filhotes.

PS - A Irene já está bem, obrigada.