10.14.2017

As Mães também podem amuar? Hoje amuei.

As mães também podem amuar. Também podem chorar baixinho. E alto. E ficarem zangadas. E ralharem. E desejarem que algumas coisas fossem diferentes. E queixarem-se. 

As mães podem tudo isso. Não têm de ser sempre adultas, sempre ponderadas, sempre equilibradas, sempre fortes. 

Hoje estou zangada, amuada, frustrada. Uma coisa pequenina, talvez sem importância, de que amanhã provavelmente me irei rir. Talvez. Mas hoje teve e deixou-me com um nó na garganta. Desejei que fosse mais fácil, que fosse diferente.

Hoje ia ao cinema com o David. A condição era deixar a Luísa já a dormir. Não consegui, não a consegui adormecer a tempo de ir ao cinema. E eu queria tanto ir ao cinema com o David. Chamem-me infantil, chamem-me fútil. Venham dizer-me que se tivesse problemas a sério é que queriam ver. Estejam à vontade para não sentir empatia. Hoje não aceito sentir culpa.

Hoje amuei. Desejei ter uma filha diferente, que me desse uma folga, que não fosse tão exigente para dormir. Que não dependesse tanto de mim [como se isso não fosse o esperado de uma bebé, eu sei, eu sei tudo isso, conheço a teoria toda.] Na prática, gostava que, de vez em quando, fosse diferente. Que hoje tivesse sido diferente. Que me surpreendesse. 

É pedir muito? Pedir que não demore uma eternidade a adormecer, que não acorde de novo passada uma hora, que não acorde de hora a hora durante a noite? É ser muito exigente? É queixar-me de barriga cheia porque há quem esteja pior? Não quero saber. Hoje não aceito a culpa de me estar a queixar. Hoje quero desabafar, quero amuar, quero sofrer acompanhada. 

[Já tenho consulta marcada para tentarmos melhorar a nossa vida. Recuso-me a aceitar isto como algo "natural" porque já não me está a fazer bem].

Amuem, amuem à vontade. Desabafem. É libertador.

[Obrigada por me ouvirem].





 Fotografia - The Love Project
Cabelo e maquilhagem - Cut by Kate

 
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10.13.2017

Quando és Mãe...

... ficas inebriada com o cheiro dos teus filhos

... aprendes a ser melhor com eles

... não tens vergonha de dançar no meio da rua

... não te levas demasiado a sério e brincas ao que calhar

... ficas ali a noite toda ao lado e mal pregas olho quando estão com febre

... não te chateias se se sujam porque sabes que faz parte (e é importante)

... derretes-te com coisas mínimas que eles façam ou digam, que são tudo

... dás um passeio sem eles e ficas cheia de saudades

... dás um passeio sem eles e queres repetir

... não dás nenhum passeio sem eles porque queres tê-lo(s) sempre contigo

... baixas-te para ouvir e tentas ir à velocidade deles

... não mexes no telemóvel e ficas só a ver as gracinhas que te querem mostrar

... vais às compras para ti e sais de lá com (mais/só) coisas para eles

... dás por ti a fazer o prato preferido dele(s) só para os ver surpreendidos

... dás por ti a fazer coisas que não fazias antes, mas que afinal descobres que até gostas

... não dormes grande coisa mas sobrevives (e nunca pensaste que isso fosse possível, tu que dormias até ao meio dia de sábado e ainda era pouco)

... tocas em cocó sem que isso te provoque um vómito, nem te faça grande confusão

... tentas memorizar todas as expressões e refegos e sons dos teus bebés

... nunca amaste ninguém como os amas e, por mais que o dissessem, nunca sonhaste que fosse tão incrível

... queres construir uma relação de confiança e de empatia com os teus filhos, que eles te vejam como um porto de abrigo, te respeitem e que não tenham medo de ti

... revês os filmes da Disney com nostalgia e cheia de alegria

... choras muito mais vezes e tens muitos mais medos

... ficas mais forte

... apesar de não teres férias-férias, não trocavas a confusão por nada deste mundo

... tens conversas com outras mães no parque sobre os filhos (e juraste que não o farias!)

... sofres quando eles caem, quando um menino no parque não quer brincar com eles, quando os vês sofrer

... dás um valor imenso aos teus pais e passas a admirá-los ainda mais

... desejas que sejam as pessoas mais felizes deste mundo.


Também vos aconteceu desde que foram mães?




 Fotografia - The Love Project
(se querem ter "aquelas" fotografias em família, 
é chamar a Joana Sepulveda Bandeira!)



 
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Se houver tipos de mães, eu quero ser este.

Cada vez sou menos apologista - não que alguma vez tenha sido, mas vocês entendem o que quero dizer - de separar mães e tipos de mães. Porém, estes tipos parecem-me fazer sentido: a mãe que faz e a mãe que fica a ver.

A Irene gosta muito de ir ao Bounce (um sítio onde há muitos trampolins e gente querida para tomar conta dela e ensinar), foi algo que o pai descobriu e que a começou a levar e que ela adora. 

No outro dia tive oportunidade de também ir saltar nos trampolins ao mesmo tempo que experimentava o melhor soutien de desporto do mundo: o Triaction da Triumph. E não digo isto de ser o melhor do mundo só porque sim. Foram mesmo testados todos os soutiens de desporto do mundo e este é definitivamente o melhor: com melhor sustentação e respeito pelas nossas mamas. As minhas gostaram, honestamente. Parecia uma espécie de babywearing para as mamas e que elas puderam dormir enquanto me esfrangalhava toda a saltar. 

Mas, para além disso e além de ter conhecido a Catarina do Ties (que sempre gostei muito do trabalho e agora também gosto dela e queremos ir almoçar), saltei.


Saltei imenso. Brinquei. Deixei-me cair. Ouvi música enquanto fiz a aula e o meu corpo experimentou sensações novas. 

Da próxima vez que for ao Bounce com a Irene, vou ser a mãe que vai saltar com ela e não a que vai ficar a vê-la saltar. Nem sempre apetece, é verdade, mas faz uma diferença enorme (às duas). 

Queria só convidar-vos a fazerem. A estarem. A saltarem também. É sempre mais divertido fazer do que ficar a ver. 

Fotografias: Hugo Macedo


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