1.26.2016

Sobre essa coisa de amamentar em público...


Confesso. Estou a perder a paciência para falsos moralismos.

Uma coisa é as mães que amamentam não se sentirem à vontade, gostarem de privacidade, acharem que o filho se distrai, gostarem de ter um momento resguardado. Como quer que as mães se sintam bem!

Outra coisa é apontarem o dedo, exigirem que as mães se resguardem, que vão para a casa de banho, para o carro. É terem comentários e atitudes discriminatórias. É sentirem repulsa por verem mulheres a amamentar. Onde se vê menos mama do que num decote pronunciado, do que num bikini na praia, do que numa sessão fotográfica espalhada pelas paragens de autocarro, do que no Carnaval. É só e apenas uma mulher a dar de mamar ao filho. A alimentá-lo. Uma mulher não tem de ficar em casa com o filho para o alimentar. Tem de fazer tudo o que quer e o que tem de fazer, onde quer que seja. 

Sempre dei mama onde quer que calhasse: restaurantes, jardins, centros comerciais, casas de amigos. Umas vezes com pano, outras com avental de amamentação, outras sem nada. Quando correu melhor? Sem nada. Criança sem calor, sem transpirar, sem querer brincar com a fralda. As vezes em que me tapei, fi-lo pelos outros, não por mim, porque eu sempre encarei este acto sem qualquer pudor. Porque me preocupei com os outros?... Nem eu sei explicar e, neste momento, já não faz qualquer sentido. Quero caminhar no sentido inverso, aliás. E não, não é por provocação. É para que a amamentação volte a ser uma coisa normal.

E não, nenhuma mulher o faz para chamar a atenção. Nem se levanta do lugar até ao balcão de mama de fora, depois de amamentar a criança. São breves segundos em que se volta a pôr o soutien ou a camisola no lugar, muitas vezes cronometrado, para não "chocar" ninguém. Enquanto o bebé mama, não se vê nada, não me lixem! Menos que num decote pronunciado.

É por nos termos desabituado de ver mães a amamentar bebés que este ato tão natural e desprovido de malícia se tornou neste bicho de sete cabeças!

Deixemo-nos de hipocrisias. Não sejamos mais papistas que o Papa (se até ele incentivou as mães a amamentar na missa...) Basta! Paremos de sexualizar as mulheres por dá cá aquela palha.

Mulheres, paremos de ser as primeiras a apontar o dedo a quem amamenta onde e quando o bebé pedir. Mais compreensão, mais tolerância. Tentemos mudar, devagarinho, mentalidades.

Não gostam de o fazer? Respeitemos.
Sentem-se à vontade para o fazer? Respeitemos.

Simples?

1.25.2016

O nome da bebé está escolhido!

Para as mais atentas, não vai ser uma surpresa. Andámos uns dias indecisos entre dois Ls (não necessariamente por começarem por L, mas por gostarmos de ambos), mas acabámos por decidir: Luísa

Cada vez faz mais sentido. Já o disse tantas vezes que é como se sempre assim se tivesse chamado. Foi um nome um bocado "controverso" na família. "Ah mas não preferes antes x ou y?" "Não, preferimos este. E já está escolhido." Queríamos um nome clássico, que casasse com Isabel, simples e que ficasse fofinho também com diminutivo, Luisinha.

Às 12 semanas, senti-a pela primeira vez. Achei que deviam ser coisas da minha cabeça, mas a obstetra disse que podia ser. Então aí tive a certeza. Mas no dia 19 de janeiro (20 semanas menos 1 dia) senti-a mesmo. Já como um bebé. A dar-me pancadinhas de amor. A responder aos meus apertanços (sou a única que dá apertões na barriga para se meter com o bebé?).

Esta semana tive um momento mágico. A Isabel a dormir a sesta, por cima da minha barriga e a Luísa a dar-me pontapés. Um encontro a três. Foi lindo, lindo. Inesquecível. E tenho a certeza de que foi só um de muitos segundos que vão ficar para sempre registados na minha cabeça. 

Isabel e Luísa, amores da minha vida. Continuidade. Isabe L uísa. Não foi propositado (sou mestre da piroseira, mas não chego a tanto). <3






Fotografias LoveLab

Quando comecei a perder a sanidade (ou a ganhá-la)

Apesar de ser a outra Joana que está grávida (a Joana Paixão Brás), estou eu a falar sobre isto, não se confundam. 

Com a gravidez da Joana, tenho tido inputs para me lembrar mais da minha gravidez (sinto que, desde que a Irene nasceu, que ainda não tinha tido tempo para isso). Uma das coisas que me lembro, além de ter sido, desde o início, extremamente idealista (queria que o Frederico me visse a tomar o Folifer porque era algo que devíamos fazer em família - sim, eu sei haha) é dos sonhos. Lembro-me dos sonhos esquisitos. 

Todos temos o nosso processo de integração de uma decisão importante na nossa vida. Sinto que decidi querer ser mãe com o coração mas que o meu cérebro precisou dos 9 meses para se preparar (e o meu corpo também, sim, apesar de não se ter preparado grande espingarda que dilatar não foi coisa para ele, filho da mãe).

Andei super feliz a tentar engravidar. Fazíamos amor todos os dias (wrong! - dicas para engravidar como gente grande aqui) e eu andava já com um brilho especial por saber que estava a cozinhá-las (não era sebo, não). Sempre que sabia que não estava grávida - porque passava todos os dias a convencer-me que já estava enjoada, inchada e que até já sentia pontapés - ficava triste, triste como se algo me dissesse que não merecia. 

Quando soube que sim, já estava, chorei de felicidade. Já estava. No dia seguinte, não. Entrei logo em pânico: o que fui fazer à minha vida? Não há volta a dar! Será que pensei bem nisto? Será que mereço ser mãe? Será que consigo fazer com que o meu bebé seja tão feliz quanto merece? E agora? 

Aos poucos a paranóia e a ansiedade foi dando lugar a uma calma de quem está naturalmente preparada para desempenhar esse papel. Mas! Mas, não sem antes, ter uns milhares de sonhos esquisitos. 

Sonhei com tudo aquilo que possa ser minimamente associado ao nascimento de uma criança: flores a desabrochar, amamentação, tudo. Bebés. Imensos bebés em todos os meus sonhos. Era o meu cérebro a aperceber-se do que aí vinha. Esses sonhos continuaram depois, todas as noites. Ela já nascida e o meu cérebro a trabalhar: tu tens uma bebé, agora és mãe. 

Acabou o processo. Já cá está tudo dentro. Sou mãe. Enquanto que dantes parecia que ela passava demasiado tempo acordada (parecia que não tinha tempo para mim), agora sinto que dorme muito. A nossa vida já está adaptada, já não custa, já não estou a fazer luto nenhum pela vida anterior e a actual. Já está. 



Tanto sonho, tanto sonho que tive. Agora voltei a ter alguns porque inscrevi a Irene no colégio e é uma nova fase de mentalização. 

Sou eu? Vocês também sonham muito?