1.21.2016

As mães preocupam-se demasiado?

No outro dia, uma mãe ficou impressionada com a quantidade de palavras que a Isabel dizia. Disse-me que a filha, de 19 meses, ainda só dizia quatro ou cinco palavras e que estava a pensar ir com ela a uma consulta de desenvolvimento, ou o que era. 
Não sou médica, mas falei-lhe da minha experiência. Já tinha estado ali. Não com a mesma preocupação, mas eu tive uma filha que dizia aquilo que eu achava serem poucas palavras para a idade. "Percebe tudo, tudo o que lhe dizemos, é uma esperta que só ela, mas falar nada." Idem idem, aspas, aspas. Era assim a Isabel. Mas...
Dei-lhe tempo. Sabia que a estimulávamos, que falávamos muito com ela, contávamos muitas histórias com entoações giras, brincávamos muito e que, mais tarde ou mais cedo, o dicionário que ela estava a registar na cabeça acabaria por passar para a língua. 
Assim foi. Em menos de um mês, passou a dizer muitas, muitas palavras. Agora, todas as semanas tem mais umas quantas novas. Já faz frases, pequeninas. "Anda cá, pai, dá a mão". Continua a fazer frases enormes, em que mistura a língua dela com o português, mas lá vamos percebendo mais ou menos o que ela quer. Termina muitas canções (diz a última palavra de cada verso).
É trapalhona, troca imensas sílabas e tivemos recentemente esta conversa:
- Pocu
- Copo
- Pocu
- Copo 
- Água.

Hahaha pronto. A atalhar caminho. Eles são mais espertos do que possamos imaginar. Uma esponja. Por isso, mães preocupadas antes de tempo, não o estejam. Dêem tempo ao tempo. Falem com pediatra, claro, mas não sofram por antecipação. Não podemos desejar que os nossos filhos sejam "os primeiros" em tudo. A Isabel começou a trepar cadeiras e sofás e a subir e a descer escadas cedo. Desenvolveu a linguagem mais tarde. E, de tudo isto, o que eu mais gostei de saber, na avaliação da escola, foi que é atenta, curiosa, gosta de aprender e de fazer trabalhos manuais. Eu já desconfiava, mas é giro saber que se comporta da mesma forma na escola. Bate nos meninos e a seguir dá-lhes beijos, mas isso é toda uma outra história. :) 



Vamos lá a confissões: preocupamo-nos demasiado, não é? Se não é com o peso, é com os olhos que parece que entortam, se não é com as pregas assimétricas é com o sono ou com o desenvolvimento da fala... Não temos descanso? Chiça! ;)

Acham que a inscreva no Ídolos?

Todas as crianças devem adorar dançar e cantar, digo eu. A Irene não é excepção. Até por estar numa aula de música por semana em que a professora faz imensos jogos e brincadeiras para os incentivar a cantar, perder vergonha, terem ritmo, tudo. 

Uma das prendas dos avós (acho que foi só porque sim - as melhores prendas) foi este microfone. Ela tem um pouco medo dele porque o volume dos sons dos botões está muito alto, mas isso não a impede de ir praticando. Uma das músicas que lhe mostrei (não faço a mínima ideia porquê) foi a Thorn in My Side dos Eurythmics  e para ela a letra é óptima para fingir que canta ao microfone. A parte do "run, run, run" passa a "muah muah", mas e então? E, para melhorar, a Annie Lennox passa o tempo todo a cantar ao microfone e a Irene gosta de a imitar - tem imensa graça! 




Final do dia, ninguém lhe tira o ar de quem tem de ir descansar, coitadinha da minha bebé.

Não fiquem a achar que a miúda anda há uma semana com o mesmo babygrow, ok? Ela tem um pijama por baixo que vou variando, vou usando este e o outro que veio no pack como "robes". ;) Eu sei como são as gajas, suas sacaninhas, sempre atentas

A casa sem horas.

Ontem contei-vos que a minha vida, aos poucos, se está a compor. Depois de controlar a minha ansiedade, parece que vi a luz e passei a ter noção do quanto me andava a fugir por estar focada em coisas sem interesse. Os dias têm mais horas, tenho o coração mais disponível, sou menos sôfrega e mais eu... enfim, só vantagens. 

Isso faz com que, sem ansiedade, agora ande um pouco à (re)descoberta de mim. O que é que é, afinal, importante? Que horários? Que prioridades? Que pressas? Toda a minha infância e adolescência foi muito rigorosa a nível de rotinas e ainda não tinha questionado realmente a pertinência dos costumes que me foram incutidos. Será que têm de ser sempre? Será que às vezes pode não se jantar ou não ser à hora certa? 

São coisas que, para as pessoas "normais", parecem imbecis e que nem entendem o propósito de me questionar sobre elas. Têm a resposta na ponta da língua, mas eu não. 

Conheci, como já vos contei, a Eugénia. Começou por ser minha hipnoterapeuta (minha salvadora da ansiedade e numa consulta apenas - em mim, mas noutras pessoas pode demorar mais - mudou-me por completo, limpando toda a ansiedade) e agora é minha amiga, família. 

Fui lá à casa e pude sentir mais uma vez como se vive num ritmo diferente. E isso sente-se. Sente-se dentro de nós (pessoas ansiosas) aquele relógio que está sempre presente a perder importância. A ocupar menos espaço dentro do nosso coração e, assim, deixando-nos disponíveis para brincarmos mais, rirmos mais e tudo mais naturalmente. 

Comeram morangos antes do jantar. Jantaram quando não eram para jantar (os nossos miúdos). Cheguei tarde quando não era suposto e saí tarde e deitei-a mais tarde... Comi panquecas (aveia e banana) quando não devia ter comido...

Adorei estar, mais uma vez, na casa sem horas e apercebi-me que a minha também pode ser essa a casa, sempre que eu quiser. Não ser como sempre não significa ser pior e é nas mudanças e nas experiências que nos damos conta de coisas melhores para por em prática... 


Mais uma vez, obrigada Eugénia.