1.12.2016

Cada vez mais fartinha de Mães.

Calma, não me entendam mal. Gosto de vocês, gosto de nós. Somos umas leoas, queremos o melhor para os nossos filhos, adoramos este mundo e queremos partilhá-lo com todos, mas convenhamos: somos muito chatinhas. E mázinhas. Temos poucos filtros, como se nos pudéssemos escudar no nosso papel e na nossa experiência para dizer o que os outros devem fazer, sem pensar nas consequências.

Faço parte de alguns grupos no Facebook de Mães. Adoro, super úteis, com pessoas impecáveis, gente que se dá ao trabalho de responder a dezenas de publicações só para ajudar outras mães. É ali que se vê o espírito de entreajuda que nos une. As Mães têm um coração grande.
Mas é ali que se vê também muito cinismo. Muitos comentários desajustados, a armar ao pingarelho. Há temas que, regra geral, dão cocó: amamentação/leite adaptado, o sono do bebé e o "deixar chorar", o cosleeping, ir ou não para a praia com bebés...  Numa publicação em que a mãe pede conselhos para alhos (alho x ou alho y?), respondem "mas olha que bugalhos é muito melhor". Se fazem uma pergunta sobre leites de fórmula para o bebé, surgem sempre comentários que visam a opção da mãe em não amamentar, pouco inteligentes na forma de abordagem e muitas vezes despropositados. Partimos do princípio que a pessoa não está informada, podendo estar a mexer na ferida de uma opção difícil, mas a dela. Depois, já vi pessoas a pedir ajuda para as assaduras dos bebés e é o "Ai jesus, um rabo, não há noção nenhuma, publica-se tudo." Ou "não devia ter deixado chegar a esse estado." Julgamos demasiado. Às vezes queremos ajudar, com a nossa experiência, mas não temos tacto. Calçamos muito pouco os sapatos dos outros. 

Às vezes receio que o façamos por aqui, no nosso cantinho. A casa é nossa, verdade, só cá vem quem quiser entrar, as portas estão escancaradas, não temos tabus, somos genuínas, temos opiniões, mas corremos o risco de magoar alguém com elas. Têm o direito a chatearem-se, claro. A dizer que não concordam. Temos muitas coisas em comum, mas temos sensibilidades diferentes, gostos diferentes, vidas e experiências diferentes. Acho que é com essa pluralidade que saímos todas a ganhar. Mas... é sempre um risco. Não se deixem magoar: são só palavras. Faço esse exercício, quando nos dizem coisas feias, aqui no blogue. São só palavras. E às vezes não lemos o que lá está, lemos o que a nossa lente quer ler ou consegue alcançar. Às vezes também levamos tudo demasiado a sério e perdemos o sentido de humor. Arrrr... hormonas.


Mães, mães: esses seres fantásticos e tão "especiais", em todos os sentidos! 

E não, não estou fartinha de Mães. Só dos filtros que vamos perdendo e que, às vezes, nos ajudam a conviver com sanidade. Sejam bem-vindas, mães que dormem com os filhos até aos 30 anos, mães que põem os filhos nos quartos ao terceiro dia, mães que amamentam, mães que não o fazem, mães que não gostam, mães que gostariam, mas não conseguiram, mães que amamentam em público, mães que não o fazem, mães que beijam os filhos nos lábios, mães que vão de férias sem os filhos, mães que levam os filhos para todo o lado, mães que tomam banho com os filhos, mães que nem pensar!, mães que lhes dão comida aos 4 meses, mães que esperam pelos 6, mães que trabalham fora de casa, mães que se dedicam a 100% aos filhos, mães que são todas fit, mães que pesam mais 20 kgs do que gostariam, mães que põem os filhos na creche, mães que os deixam com as avós ou com amas... E por aí fora. São as opções de cada uma. Somos todas Mães. Exercício: tentar compreender mais. Julgar menos.

A mãe é que sabe. 



#vamosjulgarmenos #vamossermaisunidas #vamosrespeitarmaisasoutras #saossopalavras #muitacalmanessahora #amaeequesabe #japaravacomesteshashtagsirritantes

Como é que isto é possível?!


Isto sou eu a ser lerda provavelmente, mas alguém me explique como é que estas duas imagens são em dias seguidos (p'raí há duas semanas): a da esquerda de dia, a da direita à noite, na noite anterior. São tudo gases?! Não, não comi como uma lontra.

Não estou a encolher a barriga.


Também revivem a vossa infância com eles?

*Com a Irene dou  por mim a reviver imensas coisas da minha infância, a deparar-me com situações que antes não compreendia e, agora que sou mãe, já as compreendo. Gosto de vê-la em ponto pequeno e ver como me viam as pessoas. Gosto de ver que depois da Irene ser deitada, continuamos a falar sobre ela, a elogiá-la e chegamos a ter saudades dela a meio da noite, que faz muita falta. Está ela a brincar na sala, mais isolada de nós e, pelo canto do olho, todos vaidosos, vamos vendo o que ela está a fazer. Ela nem imagina que estamos a olhar para ela, a pensar nela, que falamos dela mesmo quando ela já está a dormir... 

É bom ver o resultado do amor em mini-pessoa. A Irene nunca existiria se o Frederico e eu não nos tivéssemos apaixonado e não seria tão feliz se não nos amassemos tanto os três. Bem, já estou a desconversar. Não era disto que queria falar, mas o nosso coração fica tão grande quando somos mães que facilmente doma qualquer conversa ou sentimento. 

Como estava a dizer, dou por mim a reviver imensas coisas de quando era mais pequena e uma delas era o desespero de quando estava doente. A minha mãe tratava muito bem de mim (até demais, acordava-me para me dar de comer - coisa que eu não gostava), sempre a perguntar o que podia fazer mais por mim, meticulosa com os medicamentos, horários, médicos, tudo. Nunca falhou. Porém, quando estava constipada era horrível. Virava-me para um lado da cama e não conseguia respirar e sentia o ranho todo a entupir-me o outro lado. Virava-me para o outro e a mesma coisa. Cabeça para cima, bem... vocês sabem como é. Houve uma altura (eheheh nem acredito que vou contar isto) que estava tão desesperada durante a noite que ia à gaveta das meias (na mesinha de cabeceira) e assoava-me a uma só para conseguir dormir melhor. Sim, é verdade. O pior? Já contei isto a algumas pessoas e não sou a única a ter feito isto! eheh

Eu não quero que a Irene passe por este desespero. À data da escrita deste post, a Irene está doente, com febres altas e ontem manifestaram-se os primeiros sintomas de gripe. Estava a demorar imenso tempo a adormecer não só pelo desconforto, mas também porque sempre que a deitava não sabia lidar com o nariz entupido e acordava. Infelizmente ainda não comprei as tais gotas de que já falámos aqui (Neo Sinefrina Criança), eu sei que até os pediatras as recomendam e tudo mas, sinceramente, quando ela não está doente, não penso nisso e acabei por me esquecer da última vez. Não quero que a Irene passe pelo desespero de ter que se assoar a meias ou acabe por acordar com ranhinho na testa (haha), vou sempre tentar ajudá-la ao máximo até porque o sono de qualidade é ainda mais importante quando se está doente, para a recuperação.

Mais pessoas que, em criança, tenham pedido socorro a meias? 


Não costumo estar maquilhada de pijama, seria só parvo. Ainda não me tinha desmaquilhado para andar toda vaidosa em casa ;)
*post escrito em parceria com a agência de comunicação.