11.11.2015

A hora de ir dormir

Está cada vez melhor. Depois de uns dias de birras na hora de ir para a cama, está tudo a voltar à normalidade. Sem dúvida que a cama no chão, de que vos falei aqui, foi a melhor coisinha que fizemos cá em casa. Depois do banho, lavar os dentes e secar o cabelo, a Isabel já sabe que tem de se dirigir até à cama, não sem antes escolher dois ou três livros. É o nosso momento antes de ir dormir. Conto-lhe duas histórias, ela conta-me uma ou duas a mim "cjali nha nha pato", "udinhatu áua", "patipato mãe" e digo "última história, qual queres?". Escolhe e já sabe que nessa bem pode ir buscar o óó porque está a aproximar-se a hora. "Já está". Aponta para a luz e já sabe que a vou desligar. Deitamo-nos as duas, puxa-me a mão para lhe fazer festas na cabeça, diz duas ou três vezes "óó", "pai, mãe", digo-lhe em voz meiguinha que os meninos do mundo estão todos a fazer óó, o panda também já está e só falta a Isabel. Digo-lhe que pode dormir descansada, que a mãe fica até ela adormecer e que depois está ali no quarto ao lado e, se tiver medo, pode chamar pela mãe, que a mãe vem. 

Cinco minutos depois, está a dormir. Depois de uma fase tramada, em que não se queria ir deitar por nada deste mundo, sinto que neste momento tudo flui. Já percebi que com eles não podemos festejar muito, porque tudo pode mudar e voltar a mudar, mas há 15 dias que está tudo melhor. Não digo perfeito, porque ainda chama por mim várias vezes de noite, às vezes readormece (não vou lá logo), outras vezes percebo que precisa de mim e acabo por dormitar (e às vezes dormir mesmo) com ela. Já aconteceu acordar ao lado dela de manhã. É uma festa de boa-disposição para as duas. Por um lado, estou a passar-lhe a mensagem de que a mãe afinal pode dormir ali com ela e talvez a deixá-la confusa nos dias em que não estou lá. Por outro lado, que se lixe.







Painel "Love you more each day" e
luz de presença em forma de gelado - BabyTime


11.10.2015

O que mudou em nós?




Num ano, o que é que mudou? Tudo e nada. O que nos levou a criar o blogue mantém-se. O prazer de escrever, de partilhar, de comover através das palavras, de fazer rir é enorme. Sem fugirmos à nossa essência. Parvas. Lamechas. Dedicadas. Mães. Parvas, outra vez. Não nos levamos muito a sério e às vezes levamo-nos demasiado a sério. Como na vida. Há dias sim e dias não. 

Num ano, muitas coisas aconteceram:

- a Joana Paixão Brás deixou de ser incontinente.
- a Joana Paixão Brás perdeu peso e passou a sentir-se melhor com o seu corpo.
- a Joana Gama aprendeu a relaxar mais.
- a Joana Paixão Brás aprendeu a ser mais organizada (e ainda continua a tentar...).
- a Joana Gama cortou-se à festa de anos das Is por uma alegada varicela que não existiu.
- a Joana Paixão Brás passou uma semana com a Isabel internada com pneumonia.
- a Joana Gama decorou a casa para o Natal com dois meses de antecedência.
- a Joana Paixão Brás lamentou as saudades da filha.
- a Joana Gama chegou ao quarto da Necas e viu cocó por todo o lado (e até nas paredes).
- a Joana Paixão Brás ganhou coragem e falou do sexo no pós-parto, de mamas descaídas e de período.
- a Joana Paixão Brás defendeu os beijos nos lábios dos filhos e a Joana Gama ia vomitando.
- e por aí fora...

As nossas filhas começaram a falar, a andar, nadaram pela primeira vez, comeram sozinhas, cantaram, dançaram, deram os primeiros abraços, fizeram as primeiras birras, cresceram e, esperamos, apaixonaram-se mais e mais pelas mães delas. E pelos pais. Num ano, muito aconteceu. Venham os próximos, convosco desse lado!


Fotografias Love Lab

Reparei nos olhos dela.

Já voltei a trabalhar depois de 19 meses em casa com a Irene.

Ontem, quando fui ao bar da minha empresa, encontrei uma colega minha que foi mãe há um mês e meio. Revi-me nela. Vi nela aquele olhar perdido e desorientado. Decidi dar-lhe mais atenção que um olá. Afinal "ela é uma de nós".



Perguntei como é que ela estava, ela disse que muito feliz mas atrapalhada porque não conseguia parar de fazer chorar o miúdo, que ele "sofria muito da barriga". E que dá colo, imenso colo, mas que pessoas lhe dizem para ela não fazer e ela tem medo de estar errada.

Pensei: "vamos a isto, ninguém merece sofrer assim". Disse aquilo tudo que já li e compreendi e que, acima de tudo, está no livro da Constança Ferreira que é um óptimo resumo e imprescindível para quem esteja agora a iniciar-se disto da maternidade:

"

Só tu sabes amar bem o teu filho. 

O quer que se meta entre ti e a tua maneira de manifestar amor por ele está errado. 

Tu sentes o que ele precisa. 

Estão ligados e estarão para sempre. 

É aflitivo que ele chore com cólicas, mas é natural. 

Muito mimo, muita maminha.

Ele precisa de ti. 

A maior parte das vezes nem são cólicas, é o desconforto compreensível de um recém nascido que, durante os primeiros três meses, ainda deveria estar dentro da barriga da mãe. 

Choram muito, engolem muito ar, ficam com ar na barriga e, ao final do dia, com o cansaço acumulado (de ambas as partes) e de muita estimulação, é a maneira que ele tem de exigir a tua presença, ele precisa de ti.

Toma banho na banheira com ele.

Dá-lhe maminha com os dois mais despidos, sem horas.

Usa-o para te acalmares e não vejas só como se tivesses que o acalmar. Sente-o. É o teu filho. 

Tudo o que parece horrível agora vai desaparecer. Outras vão parecer que desapareceram. E o bom, com o tempo, será cada vez mais forte. Agora estás perdida, mas não estás. Tens só medo. 

Ele que ande sempre pertinho de ti. A sentir o teu cheiro e calor.

Um bebé precisa de amor. E uma mãe também. 

Ouve-o. Sente-o.

Ninguém sabe melhor que tu o que ele precisa e só tu o poderás dar tão bem. 

"




Não fui tão inspiradora quando disse, mas fez a diferença. Ela ficou mais aliviada e trocamos mensagens e, com todo o prazer, estarei cá para o que ela precisar e mandarei os meus bitaites não porque "acho que sei", mas porque SEI o que ELA precisa. É o mesmo que todas precisámos.

Nunca a frase "temos de ser umas para as outras" me fez tanto sentido.

Ter ajudado um bocadinho esta minha colega, fez-me sentir como se me tivesse abraçado quando precisei desta conversa, que alguém mo dissesse. E é isto que sinto sempre que escrevo coisas que vos tocam, que vos ajudam de alguma maneira.

Há um ano que sinto este amor por vocês, mães. Por nós, mães.