Esta expressão deve ter sido inventada por uma mãe. Ou por um pai. Quando estamos longe do ar que se respira, da força que bombeia o sangue pelo nosso corpo, do sorriso que nos alimenta a alma... parece que o amor pelos nossos filhos ainda se entranha mais no nosso coração. Ainda cresce mais. Como se isso fosse possível. A garganta fica seca, os olhos enchem-se de água salgada com mais facilidade e o coração bate mais acelerado. A palavra saudade tem poucas letras para um sentimento tão grande.
Não tenho sido uma mãe presente. Não nas últimas semanas. Deitei a minha filha uma única vez numa semana. Fui sempre espreitá-la ao quarto, em pezinhos de lã, mas desejosa, ao mesmo tempo, que me sentisse. Que soubesse que eu estava ali e que podia dormir profundamente. Que a mãe já ali estava, pronta a afastar os lobos dos sonhos. Chamou por mim todas as noites e eu, ao contrário do habitual, levantei-me prontamente e com um misto de felicidade por termos aquele encontro nocturno. Senti-la nos meus braços. Ver um sorriso - ou imaginá-lo - depois de balbuciar a palavra "mamã" e de se entregar ao calor do meu abraço. Senti-la a respirar fundo, com as festas que lhe fazia no cabelo e nas costas. Vê-la voltar a adormecer, descansada, ao chegar ao porto de abrigo. Ela tem sentido a minha falta. E eu a dela. Tanta, tanta, que me caem lágrimas ao escrever estas palavras.
É assim a vida. São assim os dias que correm e que escapam, como areia, por entre os dedos. Não foi sempre assim, não há-de ser sempre assim. A normalidade vai ser reposta.
Hoje, pai e filha rumaram a Évora. Já que eu ia estar a trabalhar, foram visitar os avós. Cheguei agora a casa e estou sentada no sofá, com o portátil no colo. Encomendei uma Pizza. Vou passar a noite sozinha, mas pedi-lhes que voltassem logo de manhãzinha. Vou aproveitar para descansar, dormir a noite toda, repôr energias e amanhã, amanhã será o dia mais feliz das nossas vidas. Vou fazer por isso. Todos os dias deviam ser os dias mais felizes das nossas vidas, alguns não o são, apesar dos nossos filhos merecerem.
Hoje o meu coração é da minha filha, mas está também com todos os pais que, pelos mais variados motivos, estão longe dos filhos. Nem consigo imaginar as saudades que para aí vão e tão mais dolorosas que as minhas. Estamos juntos.
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Às cavalitas do avô, que levou a neta, pela primeira vez, ao Cromeleque dos Almendres (devia estar felicíssimo!) |
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Coisa mais fofa da sua mãe <3 |
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Batatinha da mãe. |
* Obrigada David, por teres teres tirado estas fotos tão bonitas da nossa filha. Senti que estava aí, perto dela. Perto de vocês.