9.24.2015

E os trabalhos de casa?

Compro sempre coisas para a Irene um bocadinho antes dela precisar, mas ela andava a fazer desenhos na mesa de café da sala e achei que devia ter uma mesa para ela. A cadeira já foi um investimento para o futuro. Porém, ela pediu para se sentar lá e aproveitei para tirar umas fotografias. 

Isto dá-me tanto que imaginar... Como vai ser quando ela tiver que pintar aqueles mapas parvos dos livros de apoio de história ou que fazer um vulcão para levar para a aula de Ciências da Natureza. Quando tiver que fazer exercícios de inglês ou, então, aprender a fazer aquilo das proporções e potências... 

Estou entusiasmada por tudo aquilo que ela vai aprender. E, confesso, que estou também entusiasmada por ir reviver isso tudo. Sempre adorei a escola, à excepção duma ou outra disciplina. Sinto que vou ter todo o prazer em ajudá-la (quando for preciso) nos trabalhos de casa, em rever as matérias com ela... 

Nunca pensei (nem que iria ser mãe, quanto mais) que até em fazer trabalhos manuais com ela iria ter gozo. Estou ansiosa (num bom sentido aqui haha) pelas parvoíces das cartolinas e recortes e folhas e colas de bisnaga.

Temos tanto pela frente, Irene. 



9.23.2015

A minha filha é mitra

Não é nada. Mas estes ténis ali ficam um bocado mal ou é impressão minha? Ficava melhor com uns sapatos mais boho-étnico-coiso, não era? Como aqueles Moleke? (Não sei se estão a perceber a dica, pessoas fofinhas da Moleke? Hahaha, que descaramento!)



À medida que ela vai crescendo gosto cada vez mais de a ver com estas roupas mais práticas, para variar um bocado. O David queixa-se de cada vez que lhe visto um fofo. Diz que ela fica ridícula e que já não tem idade para aquilo e que parece um saco de batatas. Chato, pá! Gostava tanto quando ele ficava caladito no que respeita ao guarda-roupa da pequena. Hehe 

Também há por aí pais opinativos? 


(Post em tempo real, estamos mesmo a jantar fora neste momento. Como se isto interessasse a alguém! Mas é só para justificar algum erro ortográfico, porque escrevi isto em três tempos).

Para as Mães perfeitas.

Já não é a primeira vez, nem a segunda, que leio comentários que vão no sentido do "pensasses antes" e do "agora lida com isso". Desta vez, uma pessoa diz que quer ir ao cinema e que não sabe bem com quem há-de deixar a filha e vem um anónimo dizer algo do género "não a deixo com ninguém", "eu pensei bem antes de ser mãe".

Sim, porque isto de se querer ter um bocadinho de vida para além da maternidade é coisa de alguém que não estava preparada para ser mãe. Sim, porque ser mãe é abdicar de tudo o resto, é viver só para os nossos filhos, não os deixar respirar nem respirarmos nós, é ser escrava da casa, dos jantares, das roupas e sempre de boa cara.

A minha filha é a coisa mais importante da minha vida, não duvidem. Abdiquei de muito por ela e é assim que sinto que faz sentido. No fundo, nem sinto que estou a abdicar de muitas coisas porque adoro a minha vida como ela é agora. Descobri que gosto muito mais de uma ida ao jardim do que de uma ida ao cabeleireiro. Descobri que é melhor fazer um piquenique com amigos do que ir a um restaurante da moda toda aperaltada.

Mas não me lixem. Querer ir ao cinema com o namorado, andar de mãos dadas, ainda para mais enquanto a filha está a dormir não é, de todo, ser egoísta. E mesmo que fosse, não haverá egoísmos que possam ser inofensivos para eles e preciosos para nós ou para as nossas relações?

"Estarmos em casa com a minha filha é o melhor do mundo!!!!", completava. Epa, estar com a minha filha também é o melhor do mundo. Mas ficar com ela, a partir das 20h30, nem por isso (bate na boca porque isto é capaz de ser um discurso anti-mãe-perfeita polémico). Até porque - pasmem-se! - não fala, não faz gracinhas, não reage, não dança, não pede colo, não canta, não chama "mamã", não pede ajuda, não dá gargalhadas, não vai buscar a bola para jogarmos, não fica deitada no meu colo a ver desenhos animados, não precisa de mim, não faz beicinho, não lhe conto uma história, porque - pasmem-se novamente - está a dormir!

Correcção: às vezes até é mesmo o melhor do mundo e sabe-me a pato porque consigo ter uma horinha para mim antes de ir dormir, depois do jantar e de arrumar a cozinha (Ooops! Mais uma declaração anti-mãe-perfeita).

A maternidade é o maior desafio e o mais gratificante mas, bolas!, as mães não podem ter uma folguinha sem se sentirem culpadas? Por que é que pomos todo este peso na maternidade? Por que é que achamos que temos de controlar tudo e que somos insubstituíveis a cada segundo? Por que é que temos de ser a Mãe perfeita? Ou melhor, porque é que a Mãe perfeita tem de ser a mãe abnegada, altruísta, que coloca sempre o mundo e os outros à frente de si própria?

Deixar os nossos filhos bem entregues, por umas horas, não é um abandono. É, muitas vezes, um reencontro connosco.

Pronto, já desabafei. Não quero entrar no pódio das melhores mães do mundo. Cá ficarei, bem longe da meta, a ser o melhor que consigo e a tentar não me esquecer de que, para eu funcionar bem e ser feliz, tem de haver mais mundo para além do Panda e os Caricas e das fraldas com cocó. Vou continuar a deixar-me levar pela cantiga do Demo.