8.27.2015

Diário das Férias (#01)

Minhas caras leitoras, é daqui que vos escrevo.



Mentira. Era suposto ser, mas não deu. O intercomunicador perdeu bateria e não conseguia ver nada com o sol e, então, vim cá para dentro. Menos charmoso. Imaginem-me ali. Com menos quilos, com as unhas dos pés arranjadas. E já agora com o cabelo pintado que isto está uma vergonha.

Pretendo, então, por-vos a par do que se passa por aqui. Talvez não seja do interesse de todos mas, também, o que é? 

Ontem foi uma desgraça para por a Irene a dormir à hora que era suposto (e que adormece em casa) porque o quarto dela não tem blackouts e estava ainda muita luz, acabou por adormecer a uma boa hora na mesma e já quando estava escuro. 

Acordou às 6h da manhã e fiz uma coisa que nunca tinha feito e que a-do-rei: dormi com ela. Esta casa tem uma cama de casal no quarto dela e, portanto, enquanto lhe dava de mamar, deitei-me ao lado dela (coisas boas de ter mamas descaídas) e acabei por dormitar um bocadinho. Percebo tão bem os pais do co-sleeping. É uma sensação dos diabos (só que dá a volta) ter ali um bezerrinho a ressonar com metade da nossa mama na boca. Está prometido que o próximo filho irá ter boas doses de co-sleeping! Habitua-se? Desabitua-se quando for "preciso", é o que tenho aprendido. A mesma coisa com as teorias do adormecer ao colo. Sim, adormece-se ao colo e ficamos com vontade de adormecer sempre porque sabemos que resulta, mas um dia, se não nos apetecer, adormecemos doutra maneira. Simples. 

Somos mais nós quem somos menos flexíveis que eles nessas coisas. Ou, pelo menos, eu.

Fomos tomar o pequeno-almoço. Não temos toalhas boho-chic e coisas giras, temos de nos desenrascar com o que há na casa para os hóspedes mas, também, isto não é um catálogo é um blogue. A Joana Paixão Brás, com o seu bom-gosto brinda-nos com um talento imenso para a perfeição. Esta foi a nossa mesa de pequeno almoço.





A Necas (a nossa alcunha para ela) toda contente por ter acordado numa casa nova e ter tanta gente para bater palminhas quando faz piadas. A última é cantar a música do Hakuna Matata mas, no final, em vez de dizer Pumba, diz Tó. Fica toda contente por nos fazer rir. Tem dois pais palerminhas, dá nisto. 




Fica o apontamento de que não pude tomar o pequeno almoço descansada porque a Irene também quis reforçar o dela. Comer pão com manteiga sem cairem migalhas para a cabeça dela enquanto mama é uma skill que deveria valer um cinturão negro no Karaté. 



Já agora, nunca tinha bebido disto e sou fã de leites com chocolate e afins. A minha sogra diz que se vende em todo o lado, já experimentaram? Vale a pena. Só ainda não embuchei todos os que estão no frigorífico por cerimónia.








Nesta foto está a aprender a esperar que ainda não estava bom tempo para ir molhar os "pés" - que é como ela se refere à piscina.



Isto é mesmo tapete para ser outra pessoa a aspirar que não eu haha.



E pronto. Como a sogra entrou primeiro na piscina e avisou-me de que estava demasiado fria, pu-la na dela. Delirou claro.

Depois muita birra para comer, desisti, não consegui adormecê-la no quarto dela por causa da luz e tivemos de transportar a cama para o quarto dos avós, lá em baixo onde é melhor.

Agora, até acordar é comer o churrasquinho que o marido e o sogro estão a fazer em tronco nu (ahhh que tugas) e apanhar... não é bem sol, mas é quase.


Almofada Estrelinhas - Caia

Vamos andar de avião!!!

Ainda falta um século mas eu já estou num excitex tremendo. "Excitex" ainda se usa ou as miúdas histéricas hoje em dia já não dizem nada disto?

Vamos os três a Londres e eu estou que nem posso. Adoro aquela cidade. Foi a primeira cidade para onde viajámos os dois juntos. A primeira vez em que o David andou de avião. Tenho tudo tão presente, fomos tão, mas tão felizes por ali, mesmo com todos os esquecimentos do meu mais velho. 

- Perdeu, logo no primeiro dia, um mapa onde eu tinha assinalado tudinho e com dados importantes e o telemóvel, acabadinho de comprar, um Nokia qualquer coisa. Achamos que foi roubado no metro, logo na primeira viagem, mas não podemos dar a certeza. 

- Perdeu, passado um ou dois dias, o passe daqueles XPTO de autocarro e metro que dão para não sei quantos dias e só se deu conta no próprio do autocarro, com o motorista a achar que estávamos a dar tanga. Vai de expulsar-nos. Saímos do autocarro e íamos comprar outro passe, quando olhei para ele. "David, os sacos das compras?" "David, os sacos das compras que fizemos hoje em Camdon Town?!!!" "Ficaram no autocarro. Pousei-os no chão para procurar o passe e, na confusão, devem ter ficado lá." Não estou a falar de batatas, estou a falar de roupita, senhoras!!! Imaginam o drama na vida de uma mulher? Pronto, já passou. 

Já passaram uns belos anos. Faz todo o sentido irmos os três agora. Sem que ele perca nada, pelo amor da Santa. Quero saber tudo, mães que já viajaram com os filhos. Levaram carrinho tipo bengala? Andaram de transportes por lá (é fácil andar com carrinhos de bebé no metro e isso?) Dicas para a viagem? E sítios familiares a não perder? Coisas a tratar antes de ir? Algum seguro?

Conheço bem a cidade, já lá vivi uns meses, mas na altura estava longe de pensar em bebés e não reparava nesses pormenores. Adoro aquela cidade, já vos tinha dito há umas frases atrás. Mas adoro principalmente vivendo cá, à distância. Não me dou muito bem com aquele frio e chuva e passei três meses sem ver o sol, deprimida, deprimida. Aproveito para vos contar que trabalhei 5 meses num restaurante chinês dos bons chamado Princess Garden of Mayfair, que era uma pequena maravilha [às vezes conseguíamos comer a comida dos clientes - calma, eram as sobras das travessas e não dos pratos, não se armem em esquisitinhas], tinha um gelado de canela que não consegui encontrar igual em mais lado nenhum, e aprendi a dizer coisas como "Uo ce putau yaren" ou "Uo damindze tciau Joana" - se houver alguém que perceba mandarim por aí que me diga se eu estava mesmo a dizer "Eu sou portuguesa" e "Chamo-me Joana" ou se me andaram a tramar aquele tempo todo e andei a dizer que sou "putau"...  Bem me pareceu estranho "putau": Portugal ou... rameira?

Bem, estou a pensar voltar lá com a minha filhota. Ver se o Ming ainda trabalha por lá. Era o meu chefe do bar, a pessoa mais delicada e meiga possível e tinha toda a paciência do mundo para me ensinar a fazer os Blody Marys e os cocktails todos que possam imaginar. Estava em Londres há anos a juntar dinheiro para poder comprar um terreno pequenino na China e construir uma casinha para a família. Dividia a casa com muitos outros. Andava de autocarro (metro? nem pensar! muito caro, daling!). Falava assim: "daling, gi'mi the pate" (darling, give me the plate). E dava-me abracinhos, brincava a fingir que era o meu pai (e que saudades eu tinha da minha família por lá!). Belos tempos.

Ou não, que vivia a contar os trocos, mas lá arranjava sempre para um chocolate para afogar a tristeza. Foi lá que descobri que eu não sou feita para ser emigrante. Passei a achá-los uns corajosos (e são mesmo). Passei a dar tanto valor a dias de sol. Percebi que longe dos meus, não sou nada. Talvez não tivesse estado lá tempo suficiente para ganhar calo. Acho que quando me vim embora, foi quando estava a começar a gostar mais. Era Junho e já não chovia todos os dias. Já tinha feito amigos. Londres tinha jardins lindos onde podíamos fazer piqueniques com copos de plástico, mas de pé alto, nos dias de folga. E dezenas de museus gratuitos.

Bem, ficava aqui mais uma boa meia hora a escrever sobre as minhas experiências em Londres, mas nem eu nem vocês temos esse tempo todo. Se é que ainda aí estão. Obrigada às resistentes!

Espero que alguém tenha lido pelo menos 5 parágrafos para me dar uma ajudinha. Hehe

8.26.2015

Chegámos!

Vocês não estão bem a ver a felicidade que se apoderou de mim. Nunca gostei muito de férias. A sério que não. Nunca senti tanta vontade de ter férias como agora. Assim que entrei na nossa casa (alugada em Sesimbra) só me deu vontade de chorar. É esta a casa do nossos sonhos. É mesmo isto que um dia queremos ter. Senti toda a sorte que tenho. Fui completamente violentada dos pés à cabeça pela gratidão que sinto por tudo o que tenho: filha, marido, sogros, eu, a casa, etc. 

Estou tão feliz que sinto que hoje foi um ponto de viragem. Sair da casa onde estamos todos os dias com as nossas rotinas faz-me sentir que somos uma família, daquelas que se une noutros lados (não sei explicar melhor). 

A satisfação da Irene de estar rodeada pelos avós, de ter tanta coisa para explorar, de receber tanto mimo é inequívoca. Estava louca para sair de casa já antes de ir trabalhar (quando acabou a licença de maternidade) durante aquele mês em que fui. Nunca chegámos a ir, mas isto vale por tudo. TUDO. 

Não era preciso que a casa fosse tão boa, mas não digo que não. Os sogros foram uns amores e achámos a equação certa para passarmos umas férias tranquilos. Daquelas férias sem stresses para correr tudo para conhecer coisas, sem termos que estacionar em praias cheias, etc. Vamos descansar. Vamos conhecer-nos melhor ainda uns aos outros. 

Estou ainda mais contente porque é uma óptima transição para a Irene e os Avós se habituarem a estar juntos. Vou trabalhar em Novembro e quero muito que ela tenha o máximo de proximidade possível com eles. Não quero ser essencial. Quero que ela passe a ser Irene sem mãe a tempo inteiro (tem de ser). 


Há uma coisa que me está a deixar de "rastos": a minha máquina boa está para arranjar, vou ter que me cingir a fotografias do telemóvel e a três rolos da analógica.

Queria só deixar um agradecimento público à minha amiga Renata que está a manter os nossos gatos vivos. <3