É cedo, claro. Até porque não estou a trabalhar e não teria dinheiro para lhe pagar a conta do telefone. Quer um telefone, tem de ir trabalhar.
Lembro-me que tive um telemóvel bastante cedo, pelo menos para o que seria desejável para a minha mãe. Os meus pais divorciaram-se quando eu tinha 6 anos, nunca mais se falaram decentemente desde aí e, portanto, o meu pai para evitar intermediários e falar directamente comigo quando me ligasse (ao contrário do que aconteceria se ligasse para o fixo), deu-me um telemóvel. Tive de o esconder. Escondia-o no armário por baixo das almofadas extra. Ainda consegui escondê-lo um bom tempo. Não sei como achamos que iria ser possível que eu falasse ao telefone sem que alguém notasse algo esquisito lá em casa, especialmente porque ainda não se usavam os sms, mas pronto. Houve uma explicação.
Levava-o para a escola, escondia-o dentro de umas capas enormes que havia tipo ursinho de peluche. Depois continuei a ter telemóvel mas tinha de entregá-lo lá em baixo (vivia num duplex com a minha mãe, padrasto e irmão Pedro) às 21h. Houve um aniversário em que fiz muita questão (ou seja... uma birra enorme ou armei grande discussão) porque queria ver quem se lembraria de mim à meia-noite e a minha mãe não deixou.
Ainda é cedo para pensar sobre estas coisas, mas lembrei-me disto. Se todas as amigas da Irene já tiverem telemóvel não vou privá-la de ter também. Quero que ela faça parte da cusquice de toda a gente e não tenham que a por a par no dia seguinte sobre o que foi dito na noite anterior. Se ela puder passar imenso tempo a falar com o namorado, melhor.
O meu problema é que não sei em que idades é que isto acontece.
Não vejo motivo para a minha filha não ter telemóvel...
Ai, esperem! E a internet?!
Os telemóveis agora têm internet... A primeira frase que me veio à cabeça foi: "só se vê o que se procura". Por isso, se a Irene se puser a procurar coisas malandras, o problema não está na internet, certo? E deve haver boas aplicações para bloquear isso. Senão de certeza que até há telefones todos castradores desse tipo de actividades e "próprios" para crianças, certo?
Eu sofro de ansiedade e só de pensar nisto tudo... caramba! Que decisões difíceis vou ter que enfrentar.
Vou tentar manter a minha promessa: nunca farei nada que não seja devidamente justificável. Nunca será "porque sim". Isso cria raiva, ódio e distanciamento. É o contrário do que quero para nós.
O que pensam vocês de tudo isto?