3.23.2015

Era uma vez duas crianças na Disney que ficaram doentes...

Era uma vez um pai que tinha dois filhos. Naquelas que seriam umas férias em família inesquecíveis num parque de diversões na Disney, os dois filhos apanharam sarampo. As férias tornaram-se inesquecíveis, sim, pelas piores razões. Uma doença que se considerava eliminada naquele país no ano 2000, já atingiu mais de 100 pessoas desde dezembro do ano passado.

Esse pai escreveu aqui uma carta comovente e revoltante ao pai da criança não-vacinada, que expôs 195 crianças a esta doença. A filha desse homem tinha leucemia. O filho desse homem tinha 10 meses e, por isso, ainda não estava vacinado. Os dois filhos desse homem apanharam sarampo e ficaram assim hipotecadas 3 semanas em que estariam de "férias" das sessões de quimioterapia e que poderiam ir ver neve, ficando em quarentena... e a Maggie queria tanto ir ver a neve...


Esta história mexeu comigo. Pôs-me a pensar, mais uma vez, no perigo desta (nova?) "moda" antivacinação que se espalha que nem cogumelos nos Estados Unidos e também na Europa. Ainda hoje saiu este artigo no Observador, em que um médico chega mesmo a dizer que "não vacinar é um ato de negligência". Não queria chegar tão longe, mas será que o pai da tal criança não-vacinada já se apercebeu do transtorno que causou a mais de 190 famílias, dos riscos a que expôs tantas crianças e do perigo para a sociedade que essa decisão pode acarretar?

Como estará o coração do pai da Maggie e do Eli, que viu os seus filhotes a levarem doses de cavalo de injecções, a sofrerem desnecessariamente, quando já tem tanto com que se preocupar?

Não percebo. Não consigo perceber muito bem os argumentos da antivacinação, mas estou disposta a ouvi-los. Máfia das farmacêuticas? Componentes químicos nas vacinas? Ligação a casos de autismo? Mas já há estudos concretos que comprovem isso mesmo ou são tudo crendices e modas?

Expliquem-me como se eu fosse muito burra.

Afinal havia Outra (#16) - Não é difícil ter um filho...



Não é difícil ter um filho. Dar-lhe colo, alimentá-lo, ensinar-lhe a fazer o símbolo do rock com os dedos. Adormecê-lo, levá-lo a passear, dar-lhe banho e ter a certeza que tem as orelhas limpas.

Difícil é transformarmo-nos numa família. Uma família a sério, que come à mesa toda junta, que vai a sítios, que passa férias, que vai às compras ao supermercado. Porque no início despacha-se a criança, dá-se o banho, o jantar na cadeirinha alta e cama. Só depois é que tratamos de nós. Faço o jantar, ele põe a mesa e passeia o cão. Sentamo-nos a comer, a ver televisão e a conversar.

Tudo gira em torno dela, fazemos o possível para que ela esteja satisfeita, para que durma as horas que é suposto, para que coma sempre a horas. Não almoçamos fora ao fim-de-semana como gostaríamos porque ela tem de almoçar e dormir a sesta. Não a maçamos com idas ao supermercado, a menos que seja coisa rápida, tratamos a nossa filha como se fosse uma visita de cerimónia e parece que estamos sempre desejosos que a visita vá dormir para que possamos estar descansados. Mas por outro lado é uma chatice quando a visita dorme porque depois temos de esperar que acorde para podermos sair de casa. Só que a visita veio para ficar e a vida em família nem sempre cumpre horários nem regras. E a família é constituída por três pessoas e não duas. E essa dinâmica é, para mim, o mais difícil. Vê-la como parte da família em vez de um ser planeta cujos satélites somos nós. Encontrar-me no meio desta confusão que é ter uma criança em casa, de ser mãe, de ter de dizer que não, de ter de dançar em vez de andar porque a minha filha acha que vive num musical da Broadway e que eu sou uma jukebox.

De repente, comer ao mesmo tempo que ela – ou ela ao mesmo tempo que nós, à mesa – tornou-se num dos maiores desafios da nossa vida familiar. Tão grande que ainda não conseguimos atingir o objectivo. Também ainda não dominamos a mestria de estarmos juntos também quando estamos com ela – normalmente está um com ela e o outro a tratar de assuntos, ou estamos os dois virados só para ela porque a menina precisa de atenção a todo o instante e eu não quero que ela cresça com falta de confiança.

Não é difícil pôr um ser humano no mundo, difícil é deixá-lo fazer parte da família. Isso e conseguir que tenha as unhas limpas.

20 maneiras de ter um pequeno AVC

"Mãe sofre". 

É um clássico. É verdade que se sofre um bocadinho, mas tudo depende da perspectiva e, acima de tudo, da falta de calma. 

Às vezes parece que queremos efectivamente ter um pequenino AVC. Fica aqui, então, uma lista para esses momentos, para os termos o mais depressa possível. 

1 - não querer que o bebé se suje

Não será irrealista visto que estão ali as canetas e que lhe estamos a dar uma papa viscosa à boca? 


2 - não querer que o bebé suje a casa

É continuar-lhe a dar bolachas e pão enquanto se arrasta de um lado para o outro e esperar que ele vá buscar uma tacinha e coma para cima dela. 


3 - querer chegar a horas a algum lado sem ter tudo em ordem com uma hora de antecedência

O bebé é que tem de cooperar para chegarmos a horas ao compromisso.  Não, os pais é que têm de precaver todos os atrasos.


4 - querer que o bebé coma sempre o mesmo a todas as refeições

Porque nós também comemos sempre o mesmo. E adoramos estar sempre a repetir a mesma comida. Adoraríamos comer o mesmo todos os dias durante uma semana.




5 - querer que o bebé durma sem o acalmar primeiro

Nós também não precisamos disso. Só de ver televisão para ficar com sono ou ver o instagram todo no telemóvel ou ler um livro qualquer do top da FNAC.


6 - querer que o bebé fique com as meias calçadas o dia inteiro

É algo super natural. Os bebés já nascem de meias e tudo. São mais os bebés que andam à procura de meias para calçar do que para tirar. Not.


7 - querer que o bebé fique completamente quieto quando se lhe muda a fralda

Ele vai pensar que vai encher o trocador do IKEA de cocó e vai ter imenso respeito. É assim que é.


8 - querer que o bebé durma por nós termos sono

É só fazer-nos um favorzinho, qual é o problema dele?


9 - querer que o bebé pare de fazer barulho com os brinquedos

Até lhe demos só brinquedos de pano. Como é que ele consegue fazer aquele barulho todo? Especialmente aquele que conta até 10 como se tivesse um maracujá no rabo?


10 - querer ir almoçar fora com o bebé e que tudo corra bem

É só ir e vir. Qual é o problema de ele ficar quieto sem nada de interessante para fazer, preso numa cadeira ou carrinho, durante uma hora e meia? 

11 - deixar o bebé sozinho na banheira

Não nascem a saber nadar? É aplicar isso. Quando voltarmos está a nadar mariposa. Só que não.


12 - embuchar um bebé de ben-u-ron durante dias a fio e depois descobrir que afinal não era só dor de dentes

É tudo dentes. Nunca poderá ser outro tipo de dor. O melhor é embuchar durante imenso tempo. São baratos e tudo. 


13 - querer cortar todas as unhas de uma só vez ao bebé

Nós também arranjamos as unhas todas de uma só vez, por que é que eles têm de ser diferentes? Só por terem menos de 20 anos que nós?


14 - querer que o bebé pare de atirar as coisas da cadeira da papa para o chão

Parece que está a gozar connosco. Gosta de nos ver a apanhar as coisas por ele. Tem uma mentalidade dominadora e é muita mau. Adora subjugar a mãe. Ou então é só um bebé e está a ver o efeito da gravidade e a ouvir o som que as coisas fazem. 


15 - não conseguir dizer que não ao bebé sempre que ele pede que lhe leiamos o mesmo livro


Esta é lixada. Não consigo e às vezes não me apetece. Às vezes um livro de 10 páginas passa a ter só a parte do pinguim e do leão.


16 - querer lavar-lhe os dentes pormenorizadamente

Como se estivesse no higienista.


17 - querer que o bebé aceite a chucha quando está num ataque de choro

Porque nós também adoraríamos que nos espetassem um rabanete pela boca a dentro quando estivéssemos a expressar a nossa frustração


18 - querer que o bebé fique feliz no colo de uma velhota qualquer que nunca viu na vida

Nós também adoramos dar beijinhos e abraços às pessoas que vemos a passar por aí. 


19 - querer que ele volte a adormecer depois da hora normal de acordar

Se estamos cansadas, eles é que deviam dormir.

20 - ir fazer análises ao sangue do bebé e querer sair de lá menos que traumatizada
Pior. coisa. de. sempre.